terça-feira, março 27, 2007

Vital Moreira


Este homem, Vital Moreira, veio ao Porto a convite de Renato Sampaio, o Presidente da Federação do Porto do Partido Socialista, para uma conferencia/debate sobre a esquerda e a direita. Das muitas e interessantes coisas que disse houve uma de especial relevância, que continua a zunir nos meus ouvidos e à qual a federação do PS deveria prestar a devida atenção. Por alturas da apreciação do desempenho do Governo e do seu pendor esquerdista (ou não, para alguns), lembrou-se do Norte. Fez pausa, suspirou, e disse: Ah!, …o Norte está com um problema (leia-se crise), efectivo, resultado de…., e de…., e não pode esperar que seja Lisboa a resolve-lo.
Bom, para convidado desta federação, cuja confiança no executivo é bem conhecida, não está mal, pois não?
Pergunto-me mesmo quem terá razão, se o anfitrião ou o convidado. O anfitrião, como se sabe, aposta na atenção que o governo Socrates dará à região para uma recuperação no sentido da prosperidade. O convidado diz à boca cheia que a gente bem pode tirar o cavalinho da chuva e que mais vale esperar sentado, porque os dias mais risonhos só voltarão quando tomarmos o destino pelas próprias mãos.

Grandes Portugueses



O Público de hoje reconfortou-me bastante; por revelar que nas duas sondagens efectuadas sobre “Os Grandes Portugueses” os resultados são bastante proximos do que seriam as minhas escolhas, caso tivesse sido inquirido. Afonso Henriques e Camões nos primeiros lugares. O primeiro pelos motivos obvios, o segundo pela matriz do imaginário da portugalidade em que constituiu.
Não, não é apenas aquele confortozinho que resulta do encontro de opiniões semelhantes à nossa e portanto de uma espécie de sintonia. É principalmente o conforto que resulta da compreensão. Por mais explicações que se dêem, a opção dos portugueses por qualquer dos três vencedores do concurso da RTP não seria por mim compreensível nem aceitável.
Aliás, alinhar pela generalidade da opinião publicada é, quanto a mim, um enorme erro.
A opinião publicada tendeu a desvalorizar os resultados do concurso da RTP, alegando que se trata de um concurso e nada mais do que isso. Que não representa nada e que portanto não tem quaisquer consequências. Mais, nalguns casos chegou-se ao ponto de culpabilizar o actual estado das coisas, nomeadamente da educação, pelos resultados da votação.
Eu diria que é um erro crasso. Pelos números que foram sendo anunciados, feitas algumas contas, descontando votos de protesto e provocações, haverá pelo menos uns 100.000 portugueses a votar em Salazar e aproximadamente metade a votar em Cunhal.
Os votos em Cunhal são absolutamente reveladores; “Assim se vê a força do PC”, nada mais.
Já os votos em Salazar são deveras incomodativos, porque traduzem uma força de, pelo menos 100.000 apoiantes mobilizados e activos, à espera de uma oportunidade para se fazerem ouvir e eventualmente à espera de uma liderança. Note-se que não se trata de uma escolha desinteressada, nem de resultado de persuasão eleitoral, nem coisa que o valha. Não, trata-se de pessoas que conheceram bem o Estado Novo e vivem à trinta anos em democracia. Conhecem o autoritarismo e a liberdade, e estão disponíveis para prescindir de uma parte desta ultima em prol das “virtudes” que viviam sob o fascismo.
Além disso estão mobilizados para se manifestarem, eventualmente para agir. O que, para quem anda na rua, não pode constituir surpresa.

domingo, fevereiro 18, 2007

a "Ajuda do Código Penal"

Isto daqui para a frente vai ser complicado.
Não estou muito bem a ver como é que a sociedade portuguesa vai resolver certas questões, de natureza moral, ética, criminal, sem a AJUDA DO CÓDIGO PENAL. Falo de coisas como a violação, o roubo, a excisão geneital feminina, etc., etc.

sábado, fevereiro 17, 2007

Bingo!

A DIA D, revista que acompanha o jornal Público, aparece às vezes com umas coisas interessantes. Desta vez o director, João Cândido da Silva foi directo ao que interessa em época que continua de contenção, embora o ruído provocado pelo referendo nos tenha distraído um pouco; o binómio trabalho/capital e a desvalorização que o primeiro tem sofrido com o fenómeno da globalização. Vai directo ao que interessa porque? Porque constata a evidencia e questiona sobre os mecanismos de controlo à disposição dos governos? Porque pergunta se as políticas de contenção salarial serão a arma certa para as nações desenvolvidas enfrentarem as economias emergentes. Porque questiona a distribuição dos ganhos de produtividade, decorrentes de reestruturações empresariais e dos avanços tecnológicos, sempre no sentido da remuneração dos accionistas, do capital, portanto. É certo que se refere aos países desenvolvidos em geral, e não a Portugal, onde o problema é ainda mais agudo, devido a uma iniciativa privada pouco empreendedora e a um Estado que pesa demasiado na economia. Mas também é certo que é em Portugal que o sector da banca bate recordes sobre recordes de lucros, como vimos na semana passada, quando os restantes agentes económicos estão à beira da asfixia. É absolutamente necessário que o Sr. Ministro das Finanças faça a sua própria reflexão sobre o assunto porque, convém que ninguem se esqueça, faz parte de um governo socialista.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Coisas Úteis no Referendo ao Aborto

A direita liberal revelou-se ao mostrar tanta desconfiança relativamente à iniciativa privada na prática do aborto (e com razão). Ele era a fábrica de abortos, ele era as slot machines, ele era a tendência para o lucro e não para o serviço publico, ele era a ultrapassagem de todos os procedimentos éticos correctos, enfim! (mas repito, com toda a razão, porque é mesmo isso que vai acontecer). Estranho é que não se lembrem disso quando querem privatizar o SNS. Ou quando defendem a contratualização à peça.
Já a esquerda radical prefere ignorar a argumentação, de desconfortável que é.
Norberto Bobbio deve andar às voltas na tumba. Como aliás o meu estômago, durante a campanha do referendo.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Flexisegurança

A criança ainda nem abriu os olhos, tão pouco se levantou e demorará certamente muito tempo até dar um pequeno passito que seja.
Mas PANCADA NELA é o que é preciso. Vamos lá, vamos...

domingo, janeiro 14, 2007

La Gota Fria (1) (2)

(1) Termo usado para referir uma perturbação atmosférica extra-tropical (especial incidencia na peninsula ibérica) resultante de uma massa de ar frio de origem polar no meio de ar quente tropical, conjugada com uma temperatura especialmente elevada da água do mar e a consequente ascenção do vapor de água, resultante da evaporação. Provoca precipitações violentas e excepcionalmente intensas.

(2) Pequena gota de suor que se forma na nuca de um individuo momentos antes de morrer.

La gota Fria (*) (**)

Acordate Moralito de aquel día
que estuviste en Urumita
y no quisiste hacer parranda
Te fuiste de mañanita
sería de la misma rabia

En mis notas soy extenso
a mi nadie me corrige
para tocar con Lorenzo
mañana sábado, dia de la Virgen

Me lleva el o me lo llevo yo
pa' que se acabe la vaina

Ay ! Morales a mi no me lleva
porque no me da la gana
Moralito a mi no me lleva
porque no me da la gana

Que cultura, que cultura va a tener
un indio chumeca como Lorenzo Morales
que cultura va a tener
si nació en los cardonales

Morales mienta mi mama
solamente pa' ofender
para que el tambien se ofenda
ahora le miento la de el.

Me lleva el o me lo llevo yo
pa' que se acabe la vaina ......

Moralito, Moralito se creia que el a mi,
que el a mi me iba a ganar
pero cuando me oyo cantar
le cayo la gota fría,
pero cuando me oyó cantar
le cayo la gota fría.

Al cabo el la merecia
y el tiro le salió mal ...

Me lleva el o me lo llevo yo
pa' que se acabe la vaina .

(*) Dedicado ao grande Emiliano Zuleta e a todo o povo de sangue quente da America Latina.

(**) Este poema relata um episódio colombiano dos anos trinte do sec. XX, e foi considerado por Gabriel Garcia Marquez como " A canção perfeita".