quinta-feira, agosto 10, 2006
terça-feira, agosto 08, 2006
Sobre o Covelo
Esta situação do concurso do Covelo faz-me alguma confusão. Primeiro porque os arquitectos indignam-se. Depois porque parece-me que pelos argumentos tem aparente razão. Aliás não aparente mas sim formalmente. O que não é lá muito melhor.
A OA imprime um novo estilo criticando um organismo público. Não que lhe apeteça criticar os concursos de concepção/construção que são bem mais gravosos para a classe. Nem os concursos por convite, nem o aproveitamento atroz que se faz da obrigatoriedade dos seus estágios profissionais não remunerados pelo período de um ano. Nesta questão, que agrega muitas opiniões criticas À CMP não alinho no mesmo diapasão, embora, ainda assim não chegou hoje o dia em que compreendi a iluminada mente brilhante de Rui Rio. Já sabem que como socialista (com uns lampejos liberais como diz um amigo meu – e lampejos é o mínimo) não gosto muito da vocação corporativa da OA e das outras ordens diga-se. Reparem que o José Miguel Júdice disse uma barbaridade sobre os 3 maiores escritórios de advogados, mas a Ordem do Advogados “fez” uma barbaridade ao que ele disse castigando-o e daquela forma. E sabemos como aquilo funciona, lia hoje num jornal desportivo que o Gil Vicente o contratou – querem apostar como aquilo vai dar raia? E como Júdice não vai perder, por muitos magistrados que o Os Belenenses tenham de adeptos? Na OA também é assim, agora criticam um concurso de ideias público ao estilo do Norte da Europa. Eu sinceramente não fico nada atingido com a falta de qualificação dos concorrentes. Eu que até acho que sou bom arquitecto (modéstia à parte), e que boa parte dessa qualidade reside na capacidade de criar e solidificar uma ideia. Lembro-me das primeiras aulas de um grande arquitecto que tive como professor: Fernando Távora. Lembrava-nos que os mais brilhantes arquitectos do mundo não tinham a sua formação de base em arquitectura. Referia-se a Frank LLoyd, Le Corbusier e até Miguel Ângelo. E depois no meio de uma plateia de quase 200 alunos dizia : “ e vocês perguntam-se o que é que estão aqui a fazer?” Pois é exactamente isso que esta Ordem sentiu. E como tal meteu-se nesta. No entanto acho sinceramente que a participação pública pode ir directamente por aqui e não me choca nada um concurso de ideias deste tipo. Seguramente o facto de existir concurso é melhor que nada. E a discussão em torno do Covelo é melhor ainda. O grave não é isso. O que é realmente grave é que seja necessário a um executivo camarário lançar um concurso, que nos países nórdicos é feito para aquilatar da percepção de espaços emblemáticos e históricos das cidades, para fazer um trabalho que eles não conseguem – ter uma ideia forte para um espaço difícil e de enorme potencial.
Pior ainda, disfarçar de concurso livre um uma disputa que afinal se quer fazer entre diferentes profissões (como coordenadores, claro), ou seja, é mais fácil ir buscar um planeador, um engenheiro com currículo de urbanismo, um paisagista ou quem sabe um “Marketer” com PHD recém concluído em Espanha.
E com base no conceito de que as ideias não são nem dos arquitectos, nem dos políticos – são de todos.
Assim livra-se este executivo de ficar refém de um arquitecto-vedeta que agrade à Ordem, mas que desagrada à população e expõe as fragilidades do sistema.
Por isso meus amigos o problema não é quem pode ganhar o concurso, mas sim qual a pretensão do concurso.
Se a minha vizinha da mercearia, se o cantor frustado que lá mora em frente ou até a costureira pudessem escrever uma carta, compor uma canção ou ditar um poema a coisa agradava-me. MAS afinal pode o Merceeiro realizar um estudo prévio? Pode o cantor cumprir as premissas na organização de processos sem desafinar?
Não pode! Por isso resume-se neste concurso o percurso da cidade nestes últimos anos, aliás visível nestas ultimas eleições após o fiasco da 2001: Não há catalizadores, nem projectos agregadores na cidade há muito tempo. Falta chama. E vai continuar.
MAS custa-me criticar um concurso – é que eles são tão poucos.
quinta-feira, agosto 03, 2006
Sobre o conceito de Fusão
É que cheira mesmo a decisões tipicamente feitas a partir dops gabinetes lisboetas que indiferentes à história ao contexto social e cultural, decidem poupar uns cobres e portanto fazer o frete ao Rio.
Se alguem tem dúvida que olhe com atenção aqui.
E já agora parabéns ao Francisco Assis, ao Renato Sampaio e ao Orlando Gaspar pela defesa dos valores portuenses junto governo. É que se fosse para divulgar uma qualquer obra ou nomeação estavam eles nos jornais. Mas como é um assunto que lhes causa o incomodo e as chatices dos caciques locais (aqueles que lhes guardam os votinhos internos), duvido que estejam pelos ajustes.
E afinal ninguém explica qual a posição destes dirigentes Socialistas nesta matéria, mas eu ajudo:
1º Renato Sampaio, o pouco conhecido lider distrital portuense, dirá que concorda com as decisões. Diz isso com a justificação de um "porque sim" e aliás "sou bastante amigo pessoal do António Costa".
2º Francisco Assis dirá no interior do PS que concorda com a posição de todo e qualquer Presidente de Junta, propondo-se intervir junto dos dirigentes do governo. Por outro lado dirá também aos dirigentes nacionais que intercederá junto dos dirigentes locais para aceitarem as decisões ponderadas de Lisboa.
3º Orlando Soares Gaspar, Presidente da Concelhia, defenderá os seus apoiantes mas com moderação, até porque seguirá a velha máxima de "caminhar e medir". Ou seja por uma lado sim, por outro não! Mais ou menos como na questão da Av. dos Aliados. Concordo com tudo, mas algumas coisas deviam ser explicadas melhor!