Pelos vistos, enquanto vai decorrendo o mundial da bola, foi aprovada na Assembleia da República a legislação sobre Procriação Medicamente Assistida.
Apesar de falhas e limitações notórias que a lei apresenta, é de realçar o facto que, finalmente, exista legislação que regule matéria de tal sensibilidade e importância que, sendo praticada há mais de vinte anos, ainda carecia de regulamentação.
Ora, acontece que sempre que alguma, mesmo que tão tímida, medida de progresso esteja em vias de ser implementada, quel peste medieva, lá aparecem os mesmos fundamentalistas conservadores, sempre facilmente arrebanhados pelas correntes mais obscurantistas da igreja católica.
Então, como já viram que a receita até resulta, vá de a utilizar à exaustão, o esquema é chamado:
REFERENDO
Foi já à custa da utilização dessa tramóia que Marcelo Rebelo de Sousa e António Guterres conseguiram inviabilizar quer a regionalização quer a despenalização (condicionada) do aborto.
Agora, vem uns (pelos vistos em rebanho de quase 80.000 alminhas) com uma petição que não tem outro objectivo que não seja, pela tal via do referendo, impedir que venha a ser aprovada qualquer legislação que tenha a ver com assuntos fundamentais para os cidadãos e as famílias, sem que a mesma seja, previamente, aprovada pela igreja católica.
Quer se queira ou não aceitar, é isto na realidade o que está em causa, impedir que sejam aprovadas quaisquer iniciativas legislativas nesta área que não tenham sido, previamente, aprovadas pela ICAR e apresentadas ao parlamento pelos grupelhos que defendem os seus interesses, o CDS e o PSD.
Que o façam utilizando a mesquinhez, a ignorância, a estupidez, a superstição, a crendice e a boçalidade que por cá semearam durante mais de quatro décadas, e que os partidos e os cidadãos ditos de “esquerda” permitiram que se mantivessem e florescessem ainda, mais de 30 anos passados sobre a implantação da “democracia”, diz tudo quer sobre o carácter dos promotores deste artifício, quer sobre o dos deputados dos partidos que apoiam esta actuação, quer, obviamente, sobre a real natureza desta "democracia".
Claro que tenho consciência que o “chapéu” também servirá a muitos dos que vão ler isto (alguns até dos que se dizem "de esquerda")…
Seguem os “links”
Algumas notícias, aqui, aqui e aqui
5 comentários:
Estou de acordo com o seu post, excepto em dois pontos
1- o paradigma cultural de um povo ignorante e religiosamente acrítico e supersticioso é difícil de mudar. Não há nenhuma varinha mágica dos partidos de esquerda que consiga combater séculos {e não só 48 anos} de obscurantismo.
2- não me parece que o tal chapéu possa ser enfiado por alguns que se dizem de esquerda. Não foram eles que andaram a recolher as assinaturas, nem a fazer as homílias dominicais, para o arrebanhamento.
O alvo é uma certa direita, retrógrada, catolicona, demagógica e manipuladora. Desviar as atenções daí, aproveita a quem?
Cara maloud
Já para não falar de tantas outras "tristezas", quando foi da regionalização e do aborto, como foi?
Muitos dos que se dizem "de esquerda" tem actuado como?
AM
copy+paste de http://tonibler.blogspot.com/
Estupidez medicamente assistida
Hoje os partidos andaram às turras por causa da lei da reprodução medicamente assistida e por uma petição de gente parva no sentido de tal ir a referendo. Não há, nesta merda deste país, um gajo com dois dedos de testa que diga "Vão meter o bedelho na vagina da vossa mãe", tanto aos deputados, como à gente parva influenciada por padres que, certamente, não conseguiram caçar nenhum rapazinho esta semana.
Quero dizer aos senhores deputados da república que metam na respeitosa cabeça que não há nenhum vazio legal na forma como eu me deito, não há nenhum vazio legal na forma como eu como torradas, como não há nenhum vazio legal na forma como eu entendo resolver as minhas infelicidades com a natureza. Isso não é vazio legal, chama-se LIBERDADE!
"matéria de tal sensibilidade e importância que, sendo praticada há mais de vinte anos, ainda carecia de regulamentação."
E qual foi exactamente o problema de não haver regulamentação?
Uns com a mania que não se pode regular o que é de Deus.
Outros com a mania de regular tudo e mais alguma coisa.
Isto não tem nada a ver com direita ou esquerda. Tem a ver com liberdades individuais e o respeito pela esfera de cada um.
Caro AM
No meu segundo ponto referia-me à RMA. Os outros dois assuntos, Regionalização e IVG, já anteriormente os discutimos e, se se lembrar, fui muito dura com a actuação do António Guterres.
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