As muitas opiniões sobre Mário Soares justificam que se faça uma pequena reflexão. Já tenho dito que estas eleições presidenciais encerram um ciclo que se iniciou em Abril (ou até antes disso, na oposição ao regime). Mas já não há mais Heróis dessa estirpe, sendo que os que sobram, como Soares ou Alegre (custa-me mete-los no mesmo saco, mas enfim), já não podem continuar a falar da história, porque ninguém quer ouvir, após 30 anos a história lê-se e explica-se, não se conta com base em episódios ou historietas de encontros e desencontros.
Por outro lado está demonstrado que Cavaco Silva nunca conseguirá representar o Presidente com a densidade que o mais velho País da Europa precisa. O ex-Primeiro-Ministro sempre foi mais um economista do que um político. E politico significa compreender a dimensão humana, a dimensão económica e a dimensão social de Portugal.
Nesse aspecto Soares está melhor, mas no entanto está velho! E nota-se nas rugas, no catarro, nos bocejos e nos olhos às vezes mingados.
Mas Cavaco está, quanto a mim, a fazer a campanha mais artificial que há história, expondo-se pouco, intervindo menos e reconhecendo que não preenche todos os requisitos de quem vota nele. Neste acto de contricção estará também a sua força, ainda que ele continue a esconder e mascarar as suas debilidades. Em cavaco também importa o distanciamento, porque essa distância – a proxemia, habitual nos professores - estará a sua segurança, como se descobrindo-lhe a intimidade se verá afinal um homem frágil, inquieto (pois calado não significa sereno) e assumidamente inculto.
Soares é o oposto, assume todos os defeitos e virtudes, usa-as, manipula-as, ostenta a idade como demonstra energia, enerva-se às vezes e modera outras tantas. Representa aquilo que qualquer um de nós quer deixar na recta final da sua vida – perseverança emuita história, muitas memórias. Lembro-me de Agostinho da Silva – sem dentes – iluminando as ideias dos meus serões de adolescente na televisão. Não vi nele um velho, vi um sábio. Soares é o politico por excelência, irá até ao fim a fazer o quer e a pensar em Portugal – nem todos concordarão com ele – e depois? Não quer saber, não quer ser unânime, quer ser politico. Não quer ser empalhado vivo!
Julgo que a pior coisa, mais desrespeitosa que lhe fazem é tratá-lo como se o que dissesse não conta para nada, porque já é velho. Faz-se como aqueles adolescentes que começam a opinar sobre o que os rodeia e os mais experientes fazem chacota do “puto”. Os “putos” , por seu lado, fazem chacota dos “velhos”, e no meio, uns e outro perdem a oportunidade de compreender a contemporaneidade. Porquê? PorqueA sociedade está cada vez mais dependente dos mais idosos, expelindo uma crise social de equilíbrios entre estado social ou estado regulador. Entre Segurança social ou Plano de poupança e reforma. Na primeira estará Soares, na segunda está Cavaco. Uma é mais antiga do que outra! Qual das duas preferem?
Por outro lado está demonstrado que Cavaco Silva nunca conseguirá representar o Presidente com a densidade que o mais velho País da Europa precisa. O ex-Primeiro-Ministro sempre foi mais um economista do que um político. E politico significa compreender a dimensão humana, a dimensão económica e a dimensão social de Portugal.
Nesse aspecto Soares está melhor, mas no entanto está velho! E nota-se nas rugas, no catarro, nos bocejos e nos olhos às vezes mingados.
Mas Cavaco está, quanto a mim, a fazer a campanha mais artificial que há história, expondo-se pouco, intervindo menos e reconhecendo que não preenche todos os requisitos de quem vota nele. Neste acto de contricção estará também a sua força, ainda que ele continue a esconder e mascarar as suas debilidades. Em cavaco também importa o distanciamento, porque essa distância – a proxemia, habitual nos professores - estará a sua segurança, como se descobrindo-lhe a intimidade se verá afinal um homem frágil, inquieto (pois calado não significa sereno) e assumidamente inculto.
Soares é o oposto, assume todos os defeitos e virtudes, usa-as, manipula-as, ostenta a idade como demonstra energia, enerva-se às vezes e modera outras tantas. Representa aquilo que qualquer um de nós quer deixar na recta final da sua vida – perseverança emuita história, muitas memórias. Lembro-me de Agostinho da Silva – sem dentes – iluminando as ideias dos meus serões de adolescente na televisão. Não vi nele um velho, vi um sábio. Soares é o politico por excelência, irá até ao fim a fazer o quer e a pensar em Portugal – nem todos concordarão com ele – e depois? Não quer saber, não quer ser unânime, quer ser politico. Não quer ser empalhado vivo!
Julgo que a pior coisa, mais desrespeitosa que lhe fazem é tratá-lo como se o que dissesse não conta para nada, porque já é velho. Faz-se como aqueles adolescentes que começam a opinar sobre o que os rodeia e os mais experientes fazem chacota do “puto”. Os “putos” , por seu lado, fazem chacota dos “velhos”, e no meio, uns e outro perdem a oportunidade de compreender a contemporaneidade. Porquê? PorqueA sociedade está cada vez mais dependente dos mais idosos, expelindo uma crise social de equilíbrios entre estado social ou estado regulador. Entre Segurança social ou Plano de poupança e reforma. Na primeira estará Soares, na segunda está Cavaco. Uma é mais antiga do que outra! Qual das duas preferem?
6 comentários:
Caro Avelino
Como já deves ter percebido, esta coisa dos blogs é mesmo viciante, sobretudo para aqueles que, como nós, gostam de escrever.
Na minha opinião, este teu segundo post é bastante mais feliz do que o primeiro, por isso estou certo de que podemos debater as ideias nele expressas, de uma forma mais lúcida e menos apaixonada.
Pois, pois,
Os blogues tem isso de bom, passa também o "Spur of the moment". Às vezes são quentes, outras vezes são frios. Somos todos assim.
Sei que ainda não respondi aquela história dos arquitectos, aqui deixo o site da apela:
http://arqportugal.blogspot.com/
estes ultimos debates comprovam ke temos ke zelar pela 3ª idade, o futuro dependerá dessa camada social
é portanto urgente estudar medidas de combate à perda de memoria, temos ke evitar chegar ao futuro sem nos lembrarmos do passado
Nesse caso, não se trata de um texto publicado no Blasfémias, como escreveste, mas sim no blog da rapaziada que não consegue entrar para a Ordem dos Arquitectos, com a qual eu estou solidário, pois fui o único membro do Conselho Nacional de Delegados a votar conta os exames de admissão.
Recentrando este debate no post do Avelino, gostava de dizer o seguinte; não é pelo facto de repetir uma mentira até à exaustão, que ela se torna verdade. Vem isto a propósito das últimas declarações do Dr. Mário Soares, proferidas nos Açores, em que, mais uma vez, afirma que Cavaco continua calado, que não tem ideias, que a sua eleição é um risco, que só percebe de economia, etc., etc.. O Dr. Soares deve ter sido contagiado pelo mesmo vírus que atingiu Álvaro Cunhal e que o levava a repetir a mesma cassete, sempre que era entrevistado.
O Povo português não é estúpido e já percebeu que aquilo que o preocupa não é a estabilidade política, a moderação ou os consensos, mas sim vencer a crise. A avaliar pelo desempenho do governo Sócrates, essa mudança só acontecerá se elegermos um presidente exigente e interventivo. Restam-nos, por isso, duas opções: Cavaco Silva ou Manuel Alegre.
Avelino:
Pode uma pessoa honesta votar em alguém que, com impunidade, reescreve a história como lhe convém? Não dei atenção a mais do que 10 minutos de debate, mas fixei uma mentira daquelas que (diz-se) fazem cair os dentes todos: então o patriarca da democracia "sabe de economia" e foi ele que "tirou o país de duas crises gravíssimas"?
E eu a pensar que tinham sido os economistas do FMI - ai os economistas, esses mafarricos sem sensibilidade humana... - a tirar Portugal do fosso dos gonçalvismos experimentalistas que nos iam arrastando para o abismo!
Paulo Vila Maior
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