quinta-feira, março 02, 2006

ALERTA


É difícil (para um pai) não sentir um arrepio de horror ao ler estes relatos de sequestro (é mesmo disso que se trata) a que tive acesso via "Vaitepoesia"

Nada mais posso fazer do que reproduzir parte, recomendar vivamente a leitura do resto e mostrar o rosto do mal.

"I - O sofrimento das família
1. Em muitos testemunhos de numerárias e numerários faz-se referência ao sofrimento que o afastamento das famílias causou aos pais e irmãos.
Queria aqui referir-me a esse sofrimento, mas na perspectiva da "família que é abandonada". Na verdade, vivi intensamente essa situação por causa da minha irmã numerária e assisti ao que se passou em muitas outras famílias nas quais "apitaram" um ou mais filhos numerários.
Foram anos muito difíceis…
Havia muitos adolescentes e jovens como eu que frequentávamos os clubes da Obra que se destinavam a estudantes do ensino secundário dos 10 aos 17 anos.
Gostávamos do ambiente que aí encontrávamos, em especial do facto de se cantar e tocar viola a toda a hora.
E gostávamos dos passeios que se faziam, dos convívios fora da cidade, da atenção das "monitoras" mais velhas…
E, a pouco e pouco, íamos sendo "pescadas" nessa rede…
Para mim, começou com uma amiga de infância que depois de ter feito 14 anos se tornou um pouco estranha, porque já não falava à vontade connosco, nem se ria ou fazia brincadeiras; passava o tempo a ir ao clube, mas não ficava na zona das actividades, passava para lá das portas "proibidas".
Deixou de nos acompanhar nos encontros fora do centro, quase não a encontrávamos em casa dos pais e sabíamos que estes estavam zangados pelas atitudes que ela tomava: recusava-se a ir a festas de anos, a visitar os tios e os avós, a acompanhar os pais nas férias, etc.
Esta amiga – a que chamarei Margarida – foi a primeira de muitas que perdi… até hoje, pois continua na Obra e, ainda que conversemos de vez em quando, nunca mais voltámos a ter a intimidade da nossa infância.
Depois, chegou o ano em que também eu e muitas das minhas amigas e colegas de escola que andávamos no clube completámos 14 anos; aquelas que se tornaram supranumerárias continuaram a ser amigas umas das outras.
Mas as que apitaram como numerárias passaram "para o lado de lá": sempre vestidas de modo muito formal, sempre atrás das directoras e das numerárias mais velhas, sempre ocupadas com coisas do centro, sempre sem tempo para estudar em conjunto, festejar um aniversário, ir ao cinema…
Lá iam quase todos os dias para o centro: de manhã bem cedo, antes das aulas, para irem à missa e à meditação; de tarde para fazerem encargos materiais, como encerar os bancos do oratório ou arrumar os armários dos produtos de limpeza…
Não sei quando é que estudavam ou faziam qualquer outra coisa "normal" para os 15 ou 16 anos que tinham.
E, de repente, rebentava um escândalo em alguma família: a Isabel ou a Rita ou a Francisca tinham declarado aos pais que iam viver para o clube!!!
Os pais entravam em pânico:
Viver no clube?!
Mas com quem e porquê?
E – só nessa altura – surgia a revelação:
Pai, mãe, é que eu pertenço ao Opus Dei e comprometi-me a dedicar-me a Deus (através da Obra) para sempre.
O pai aos gritos!
A mãe a chorar!
Os irmãos assustados!"

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António Moreira

8 comentários:

maloud disse...

Também leu? Também se horrorizou?
Ainda bem.
Um abraço
Maloud

AM disse...

Espero estar protegido, ao menos deste perigo, dado ser ateu confesso e mais anticlericalista que o Raul Rego.
Por isso dificilmente a minha filhota passaria perto das mãos destes vampiros.

Ao menos que ajude alguém...

(a propósito, espero que não seja a propósito.
Lembra-se do contacto anti tabágico que lhe dei?
Ria Slof Monteiro?
Também recebeu e-mails (ou viu as fotocópias) da menina desaparecida?
Rita Slof Monteiro?
Infelizmente para o que não devia, também vivemos numa aldeia grande :( )

Um abraço
e obrigado por passar aqui :)
AMNM

Anónimo disse...

Muito obrigada. Sílvia Carmo

AM disse...

Eu é que agradeço a visita e o alerta

AMNM

maloud disse...

Não, não recebi. O que é que se anda a passar?
Diga-me, porque estou a leste. Tenho andado muito distraída.

AM disse...

Veja aqui:

http://leca-palmeira.com/noticias_fev06.htm

"Rita Slof Monteiro, de 18 anos, é dada como desaparecida desde a manhã da passada sexta-feira. A jovem, que sofre de esquizofrenia, saiu de casa cerca das 9 horas para ir a uma visita de estudo em Serralves e não voltou a ser vista pelos familiares.
Desapareceu perto do mercado de Matosinhos e vestia casaco preto, calça de ganga escura e sapatos castanhos.
A Rita tem um piercing no lábio inferior, mede aproximadamente 1.50/60 e tem cabelos compridos castanhos ondulados.
A sua residência é na Rua de Sarmento Pimentel, em Leça da Palmeira (Matosinhos).
Quem possuir alguma informação sobre o seu paradeiro pode contactar o pai através do número 93 972 16 92 ou irmão, pelo 93 877 30 12, ou ainda através do nosso e-mail: geral@leca-palmeira.com."

A realidade é mais dura (é REAL mesmo), quando se conheceu alguém chegado (neste caso a mãe).
Acho ser óbvio que não tem nada a ver com o "post" sobre a "obra"

AMNM

Anónimo disse...

a menina Rita desapareceu em 17 de Fevereiro de 2006

Anónimo disse...

Podem ver também mais uma foto em:

http://www.portoxxi.com/desaparecidos/ - onde a menina aparece com o nome Rita Monteiro.