A criação, por Constança Cunha e Sá, do blogue “O Espectro”, e o seu crescimento exponencial após a esperada entrada em cena de Vasco Pulido Valente, trouxe à luz do dia um conjunto alargado de pessoas que, livremente, expuseram as suas opiniões e os seus pontos de vista, políticos mas não só, nas caixas de comentários d”O Espectro”.
Com efeito, para além da habitual boçalidade anónima que sempre acompanha estes espaços de grande atracção, foi notória a emergência de um conjunto de comentadores de elevada qualidade que andavam, eventualmente, dispersos pela “blogosfera” ou que, num ou noutro caso, eram absolutamente neófitos nestes meios.
“O Espectro” funcionou assim como base agregadora de uma certa qualidade opinativa, talvez com um predomínio de opiniões “de esquerda”, mas nunca exclusiva de outras sensibilidades.
O “estouro final” do”O Espectro” poderá significar a dispersão desse grupo de comentadores, eventualmente o seu encontro fortuito para uns chás e umas trocas de impressões e um posterior afastamento gradual (que a vida real não deixa muito espaço a idealismos) ou poderá, se assim for entendido, representar uma oportunidade para quem a saiba aproveitar.
Alguns desses comentadores já nos concederam o privilégio da sua visita e do seu comentário, será talvez então esta a ocasião para que, os fundadores deste blogue, pensem o que pretendem deste espaço e, após o dia 18, independentemente dos resultados da escolha dos militantes socialistas do Porto, decidam qual dos dois caminhos possíveis pretendem trilhar.
Ou este blogue se confina a um espaço de debate e de mensagem mais ou menos cifrada, mais ou menos hermética para o interior do partido, ou se abre ao exterior e se transforma no tal espaço de discussão e de auscultação da sociedade (aqui entendida como exterior aos partidos) que permitirá, quem sabe, estreitar o fosso que, inexoravelmente, se tem vindo a alargar, entre os cidadãos “livres” (xi….) e os partidos em que já não se reconhecem e que já não os conhecem.
Renovo os meus votos de boa sorte ao Avelino Oliveira na sua campanha pela liderança da concelhia do Porto.
Mas, muito mais importante, espero que nunca esqueça (como Assis esqueceu tão de pronto) que, havendo sabedoria, as pequenas derrotas podem ser a antecâmara de grandes vitórias.
Muito mais importante e motivadora que a aprovação”interna” poderá ser a conquista do respeito “externo”.
António Moreira (AMNM)
Com efeito, para além da habitual boçalidade anónima que sempre acompanha estes espaços de grande atracção, foi notória a emergência de um conjunto de comentadores de elevada qualidade que andavam, eventualmente, dispersos pela “blogosfera” ou que, num ou noutro caso, eram absolutamente neófitos nestes meios.
“O Espectro” funcionou assim como base agregadora de uma certa qualidade opinativa, talvez com um predomínio de opiniões “de esquerda”, mas nunca exclusiva de outras sensibilidades.
O “estouro final” do”O Espectro” poderá significar a dispersão desse grupo de comentadores, eventualmente o seu encontro fortuito para uns chás e umas trocas de impressões e um posterior afastamento gradual (que a vida real não deixa muito espaço a idealismos) ou poderá, se assim for entendido, representar uma oportunidade para quem a saiba aproveitar.
Alguns desses comentadores já nos concederam o privilégio da sua visita e do seu comentário, será talvez então esta a ocasião para que, os fundadores deste blogue, pensem o que pretendem deste espaço e, após o dia 18, independentemente dos resultados da escolha dos militantes socialistas do Porto, decidam qual dos dois caminhos possíveis pretendem trilhar.
Ou este blogue se confina a um espaço de debate e de mensagem mais ou menos cifrada, mais ou menos hermética para o interior do partido, ou se abre ao exterior e se transforma no tal espaço de discussão e de auscultação da sociedade (aqui entendida como exterior aos partidos) que permitirá, quem sabe, estreitar o fosso que, inexoravelmente, se tem vindo a alargar, entre os cidadãos “livres” (xi….) e os partidos em que já não se reconhecem e que já não os conhecem.
Renovo os meus votos de boa sorte ao Avelino Oliveira na sua campanha pela liderança da concelhia do Porto.
Mas, muito mais importante, espero que nunca esqueça (como Assis esqueceu tão de pronto) que, havendo sabedoria, as pequenas derrotas podem ser a antecâmara de grandes vitórias.
Muito mais importante e motivadora que a aprovação”interna” poderá ser a conquista do respeito “externo”.
23 comentários:
Caro Continuo anónimo
Obrigado por aparecer e comentar:-)
Penso ser inegável que aparecem muitas e boas opiniões nas caixas de comentários de certos blogues (apesar de as "más" serem, sem dúvida em número muito superior).
Penso que dado o poder de atracção do "espectro" a "quantidade" foi muito superior ao normal, pelo que, havendo mais quantidade no geral, a quantidade de comentários (comentadores) de qualidade é também maior.
É também inegável que, implodindo o factor agregador é possível que se verifique a a dispersão desses comentadores de "qualidade".
Quanto aos alertas:
Tento "absorver" (eu diria cativar) esses comentadores para este blog, que, esclareço, não é o "meu" blog, mas sim um blogue que visitava, onde comentava nas caixas de comentários e para o qual fui convidado a escrever (talvez por ter sido de alguma forma apreciada a "qualidade" dos meus comentários).
Quanto a tentativa de capitalização partidária:
Se pesquisar um pouco, quer no histórico deste blog, quer no meu próprio blog (provotar) poderá verificar que eu além de "abstencionista militante" me apresento como crítico quer do funcionamento da nossa "democracia representativa" quer, fundamentalmente, daquilo que os partidos (mormente o PS e o PSD) fizeram dessa "democracia", por isso qualquer risco de "capitalização partidária" da minha parte seria um absurdo.
No entanto, apesar de claramente assumida esta minha posição de princípio, os fundadores deste blog, na sua maioria militantes do PS, convidaram-me a aqui escrever e (uns melhor outros pior) vão-me aceitando e, alguns, por vezes "off the record", até acarinhando a minha participação.
Pessoalmente só me interessa continuar por aqui se houver mais opiniões de FORA (de fora do PS, de fora do ambiente sinistro dos partidos).
Donde o convite óbvio aos comentadores das caixas do defunto Espectro.
Satisfeito?
AMNM
Obrigado também a si, mas permita-me por favor mais um esclarecimento:
Nunca me considerei (nem declarei) apolítico, mas sim apartidário e, mesmo isso, apenas no sentido em que não sou militante, simpatizante ou votante de qualquer partido político.
Isso não significa que não tenha opiniões ou posições políticas, que as tenho e muito fortes, ou que não tome partido por um ou outrlado, numa qualquer causa quando entendo que o devo fazer.
Agora o que não condiciono é as minhas opiniões ou as minhas tomadas de posição por quaisquer interesses ou motivações "partidárias" (de partídos políticos) mas sim sempre e apenas de acordo com as minhas opiniões e convicções.
Não acredito na "neutralidade" isso não :-)
AMNM
Olá Atento,
Isto é fatal como o destino, e também aqui temos de dividir as tarefas, porque os maiores inimigos do PS {e nós somos amigos, não é verdade?} estão lá dentro e, não sei porquê, mas o AMNM explicar-nos-á, estão sempre à conquista de uma concelhia, uma distrital, dizendo que com eles sim, tudo será diferente, acabam os compadrios, as manobras de bastidores, as facadas nas costas {esta lembrou-me o Pedro}. Você acredita? Eu não.
Cara maloud (onde anda a dasantas?)
Não sei explicar-lhe porque raio é que os maiores inimigos do PS estão lá dentro, uma vez que eu estou cá fora :-)
Do que se vai passando lá dentro eu só vou vendo os efeitos que se veêm de fora (assim tipo, se uma casa está a arder, a gente, de fora, vê o fumo, vê os vidros côr de laranja....) do que (de longe a longe) alguns de dentro me vão dizendo, não posso (naturalmente) dizer nada (em canal aberto).
Agora quanto a ESTE candidato a uma concelhia (o Avelino Oliveiro) ai isso posso.
Posso dizer que me parece diferente dos "outros".
Posso dizer que, só pelo que leu da minha "escrita", me convidou a escrever aqui.
Que me convidou a escrever aqui sabendo que eu iria escrever contra o sistema, que eu iria escrever contra esta "democracia", sabendo que eu iria escrever contra estes partidos, contra estes "políticos" e assim, naturalmente contra "este PS".
Sei também que tem levado "pancada" por causa do que eu escrevo e até por causa das imagens que eu escolho.
Sei que também não concorda quase nunca com o que eu escrevo (se calhar não concorda nunca) mas sempre que o questionei (sim porque não estou para causar engulhos a ninguêm) a resposta foi sempre igual:
"Continue Moreira!!!!
O Moreira assina o que escreve, por isso não tenho nada a tirar ou a acrescentar ao que escreva"
Este tipo de atitude para mim importa, para mim é mais importante (muito mais) do que concordar com o que escrevo...
Assim Mª Lurdes, se concordo, no geral, com a sua avaliação sobre que "eles" estão sempre a candidatar-se a isto ou a aquilo, neste caso, parece-me que o Avelino é um pouco diferente....
E depois como nem eu, nem a Mº Lurdes nem os comentadores de qualidade (ex-espectro) podem votar a favor ou contra (nesta eleição) a discussão é, meramente académica.
E talvez eu ainda "morda a língua" pois o Avelino é ainda muito jovem e nem todos melhoram com a idade ...... :-)
AMNM
Caro Atento
Obrigado por ter vindo.
Para melhor aperceber a qualidade deste blog terá que cavar mais fundo no arquivo, pois já terá decerto percebido que os restantes escribas (os que realmente contam) tem andado alheados por via da sua candidatura no interior do "aparelho".
É mais uma semana e eles voltam, e então o nível volta a subir para os valores normais.
Por enquanto estou aqui quase sozinho e o mais que posso fazer é tentar não estragar.
(O sucesso não tem sido grande, mas enfim....)
8-}
AMNM
Perdoe-se-me a intrusão, que é aliás fortuita (pelas razões que verão).
Não sou do Porto, sequer. E estou, portanto, "fora do baralho": quer da geografia política, quer da geometria partidária concreta.
Mas um espaço destes leva-me a felicitar os seus criadores.
(Com os riscos que corre um outsider do cenário, que é o de dar uns tiros ao lado... )
Porque é um exemplo de cidadania política saudável. De facto, aceitar que a discussão em torno da vida partidária não pode ficar-se pelos gabinetes do poder, e que estes espelham, às vezes, o que de pior existe nas forças porque damos a cara, é um acto de lucidez corajoso e inconformista.
Lucidez que a geração a que pertenço deve a si própria e aos seus filhos
(senão, como incutir-lhes a credibilidade - e a bondade - da luta por uma ideia, e contrariar o seu cepticismo; ou impedir que eles sejam meros papagaios seguidistas do papá e da mamã, à espera de uma sinecura na terra do bem?)
Parabéns, portanto.
Se não fazemos nada por isto, e nos deixamos ficar entalados na armadilha das práticas institucionais, paralisados pelas fidelidades partidárias, a política (no melhor sentido do termo) tornar-se-á nesta coisa em que todos, afinal, nos não reconhecemos.
Aliás, o último comentário de AMNM suscita-me um comentário nessa mesma linha:
Não é obrigatório ser-se apartidário apenas porque não nos queremos encaixar nessa coisa tantas vezes lamentável que são as estruturas do poder (local e nacional). Conheço muita gente com idêntica atitude, que respeito, naturalmente. Mas acarreta os seus perigos.
O difícil está em dar a cara, para o melhor e para o pior. Por muito que o “ar do tempo” partidário nos desagrade, por muito que sejamos os primeiros a apontar o dedo.
- Se não forem os "de dentro" (mesmo que sem direito a poltrona, mas a lugar na coxia...)a criticar, quem criticará?
Isto não se aplica apenas ao caso concreto deste forum.
Aplica-se, penso eu (mas não de que...), a todos quantos livremente e de boa fé pretendem viver numa "cidade democrática", qualquer que seja o lado em que estão.
Caro(a) Angie
Obrigado por ter vindo e comentado.
Ninguém aqui está de fora por não ser "do partido" (eu não sou) ou não ser do Porto.
Este blogue destina-se a fomentar o debate entre e com os socialistas (quem "for" debate entre, quem "não for" debate com :-)) e, apenas pelo facto de a maioria dos escribas ser do Porto é que, volta e meia, a discussão foge para o âmbito local.
É uma pena mas acontece :-(
O facto também é que o que se passa em Lisboa não motiva discussões...
Ainda há dias tentei levantar a discussão sobre a denúncia de currupção denunciada pelo(s) Sá Fernandes, aí(?) em Lisboa e ninguém me deu troco...
Eu ainda pensei que seria por o "suspeito" ser, pelos vistos, militante do PS e amigo de muita gente "boa".
Mas parece que não, pois afinal...
Nem nos blogues, nem nos jornais, nem na TV, nunca mais ninguém ligou ao assunto...
AMNM
Angie,
Como vê também ando por aqui e já algum tempo. O nome é que vai variando ao sabor do momento Agora que lhe tomei o gosto...
Não acho muito bem, isto de canalizar os comentadores do Espectro para uma operação destas. Gosto de preservar a minha independência de opinião, mantenho-me bem distante do pequenino mundo dos intelectuais e dos partidos deste país.
Amnm,
Foi um risco, com certeza, calculado que correu. Os comentadores do Espectro eram muito heterogéneos, quer em cultura, quer em posicionamento político, quer em sentido de humor, quer em cházinho. E quase tudo que mencionei dá uma vivência saudável, porque é plural, a falta de chá só empobrece. Espero que isto corra bem. Senão aí vou eu.
Quanto aos seus amigos, certamente que são pessoas respeitáveis, mas sabe eu tenho pessoas que são muito respeitáveis na família, mas não o são tanto no partido. Claro que a minha família abicha mais lugares no PSD, agora devem estar na penúria. Mas há, neste aspecto, uma grande diferença entre o PSD e o PS? Não acredito.
E-konoclasta
Não se preocupe, eu disse que a visita era fortuita...não vou roubar a sua independência de espírito (e muito menos a minha).
Mas devo dizer que não me senti "canalizada" coisa nenhuma.
Entretanto, não dei a visita por mal empregue.
Mas também não mudei de intenções: fui uma mera observadora.
Bem intencionada...
E-Konoklasta
Obrigado pela visita e pelo comentário.
"canalizar", "operação", "independência", "intelectuais"????
De que é que está exactamente a falar?
Toda a gente (minimamente inteligente) tem, que eu saiba, independência de opiniões e basta que a inteligência se mantenha intacta para que a tal "independência de opinião" seja preservada (acho eu de que...).
Lamento não compreender os seus receios, pensou que aqui se fazia "macumba"?
AMNM
Cara Maloud
Risco?
De quê? de ser insultado? Tenho sido tanto e por pessoas que se devem achar educadas que, sinceramente, já nem ligo.
A Maloud saberá tão bem como eu que o que conta é quem e não o quê...
Não vou, naturalmente, argumentar quanto às qualidades ou à respeitabilidade dos restantes autores (e fundadores) deste blogue.
Mas também não me parece correcto classificá-los apenas com base no que para si (e, em parte para mim também) é um pecado,ou seja, a sua militância partidária.
Acontece que acredito que nem todos os pecadores estão perdidos e acredito que alguns (principalmente se jovens) ainda poderão ser "salvos", agora se os rejeitamos á partida sem ter sequer o cuidado de distinguir entre eles...
Repare que "eles" também podem pensar o mesmo de "nós" (ou melhor de mim, já que a Maloud vota "neles") mas, decerto, pensam também que nos(me) podem converter (vencer).
eu estou convencido da minha razão, e sei que eles também (da deles :-))
Talvez seja como que um jogo de espelhos, que não me importo de jogar, se o adversário tem potencial, e acredite, Maloud, estes adversários, tem.
AMNM
Angie
Obrigado e
Volte sempre
(podemos não ser VPVs, mas respondemos às visitas :-))
AMNM
Amnm,
Não me fiz entender. Ter cartão partidário, até pode ser lisongeiro. Um militante dispõe-se a dar algum do seu tempo, da sua inteligência, do seu trabalho a um partido em que acredita. Eu só dou o voto e a mesa onde voto, até fica perto de casa. Agora, quando começam as manobras para os cargos sou como S. Tomé, ver para crer. Mas, já agora, diga-me como é que queria que nós escolhessemos quem nos governa? Eu escolho o mal menor e fico feliz, com a vitória do que em minha opinião é o mal menor, porque de males maiores estou farta.
Cara Maloud
"Mas, já agora, diga-me como é que queria que nós escolhessemos quem nos governa?"
Já tive aqui uma grande resposta escrita, mas o raio do "blogger" comeu-a.
Vou tentar re-postar um post anterior "Demolimos" que não tem propostas, apenas perguntas
AMNM:
Sempre cá volto, porque afinal não respondi a uma pergunta (implícita) sua. Não, não sou de Lisboa.
Entre Porto e Lisboa, há mais paisagem respeitável…
Pelo meio há esse sítio do mapa a que os do sul chamam de Norte e os do Norte chamam de sul. In medio virtus?:O):O)
Sou de Coimbra. Cidade, aliás, da particular predilecção de VPV…...eh, eh!
Mas o que vale é que a blogosfera não tem fronteiras. Nem eu sou maniqueísta em matéria de coordenadas (como, aliás, noutros particulares).
Há tanta coisa do norte de que gosto, e tanta outra do sul que tb me agrada!
Portanto, aqui fica a resposta.
(Mas já agora acrescento que, se sou de Coimbra, foi porque, há 2 gerações, houve quem migrasse do norte (de arriba Douro) a “este” sul, rumo à terra dos lentes. E por aqui se deixasse ficar à velha sombra… Por causa disso, costumo dizer que, apesar de por aqui estarmos sempre a “cortar” nela, meia Coimbra é feita de lentes e a outra meia, de lentes …de contacto).
Boa noite: foi interessante conhecer este “Sede”
(e se o sentido fosse o de anti-sede, mais graça e interesse teria ainda!)
Caro(a) Angie
Obrigado pelo retorno.
Apenas tinha procurado explicar que este blog tinha como objectivo a discussão de política "tout court", ou seja nem partidária nem local e, muito menos, me (nos?) interessava confinar a discussão a meras perspectivas bairristas que, julgando algo fazer pelo Porto, em minha opinião apenas o apoucam.
Interessante o facto de, ainda ontem, ter tido que precisar a um amigo, a diferença entre o "ser" e o "estar", no caso explicando que, apesar de "estar" a viver na Boavista, nunca vou deixar de "ser" das Antas.
Eu sei que o(a) Angie não quer cá voltar, mas essa de anti-sede despertou a minha curiosidade, o que é que pretendia dizer com isso?
Obrigado
AMNM
ANMN:
Primeiro: sou A: género feminino.
Este género que, sendo de facto 1 maoria aritmética, sabemos não passar de uma minoria técnica (bastava olhar para a predominância esmagadora das gravats no dia da posse do novo PR...um espectáculo algo desolador que, espero, dentro de 10 anos seja pura arqueologia política!) Mas vade retro com as histerias feministas! Não estou essa.
Segundo: Sede e anti sede? Bom, provavelmente excedi-me no jogo das conotações. Adoro brincar com as palavras. A questão é que o "SEDE" significa "socialistas em debate", não é? Mas o termo é polissémico: também podia quer dizer "sede" (com as 2 vogais átonas), no sentido de necessidade básica de vida, e passando assim o debate (da sigla verdadeira) simbolicamente a ser uma das condições vitais de sobrevivência. Uma ideia muito bonita: as ideias, os engagements, toda a vida intelectual precisa de debate para viver.
Mas depois há o sentido que eu (vejo agora que erroneamente) lhe dei num primeiro olhar, porque o li abrindo a primeira vogal: sede (que quer dizer como bem sabe "assento", no étimo latino), local oficial onde se instala a logística de uma qualquer entidade.
No âmbito dos partidos políticos, a "sede" é aquele lugar digno de observação sociológica, onde entram e saem os titulares do poder, e os colas e fita-colas, seguidores e seguidistas deste mundo. Aquele sítio algo sinistro que congrega os habitués do poleiro, os candidatos ao mesmo, e a sua imensa corte de vassalos em jubilosa esperanças de uma qualquer prémio futuro.
Sou dos que pensa que se deve dar a cara por uma ideia. Mas sou dos que odeia esse género de rituais de corte, bajuladores, oportunísticos, porque não me reconheço neles. E porque acho que a vida política deveria agregar aqueles que nela entram para lhe DAR alguma coisa, e não para dela retirar uma contrapartida. Percebe, acho eu! A esmagadora maioria dos políticos são aqueles que vão para a coisa pública para nela lucrarem e nela se fazerem como pessoas. Em vez de para ela levarema as suas mais valias, construídas cá fora.
Isso é que faz sentido. Mas por essa e por outras é que cada vez mais as pessoas que podiam levar algo de si para a coisa pública se "cortam" e não estão nessa...Pudera! Eu tb. não estaria.
Resumindo - e se é que isto faz algum sentido para os outros -, achei piada se a "Sede" nesta última acepção que lhe dou, fosse, na blogosfera, uma autêntica "anti-sede". Não exactamente no sentido de oposição política a quem lá está (na sede física e real) mas no sentido de manifestação, de voz, por parte daqueles que lá não estão, que lá não vão. Mas que têm cabeça para pensar e uma palavra a dizer.
Tenho a certeza que no Porto isso também é assim: por cá, basta-me passar à porta do sítio onde se instala o partido em que voto por convicção (feita de razão e sentimento)para ficar de cabelos em pé. Odeio aquele cheiro a loja maçónica. Irrita-me que face à sociedade seja aquilo o rosto do poder. É uma perversão completa.
Por isso acharia muita graça se isto fosse uma "anti-sede", em sentido simbólico!
Cara Angie
Então é assim:
Primeiro, quase que adivinhava que seria (a) e não (o) pelo género de raciocínio e de lógica que era possível apreciar no seu discurso.
Segundo, não creio, infelizmente, que dentro de dez anos a contagem de gravatas seja diferente, porque isto nem vai lá com quotas, nem, muito menos, pela “mão” das mulheres que se disponibilizam a “ir para a política” que seriam as primeiras a adoptar a “gravata” se isso as ajudasse a funcionar de forma mais “masculina”.
Soluções? não tenho.
Sei apenas que tenho o privilégio de viver com uma mulher que, em todos os aspectos, vale mais que todo o conjunto de personagens de ambos os sexos que enxameiam a assembleia da república e, no entanto, seria a última a dedicar-se “à política”.
Estamos a educar outra para que, no mínimo, venha a valer tanto como a mãe, mas odiaria a ideia de a ver misturada com essa gente dos partidos e de a ver tornar-se numa daquelas mulheres que vejo lá “nos partidos” (OK, tirando uma Natália Correia ou uma Odete Santos)..
Agora a sua provocação do ANTI-SEDE:
“…Resumindo - e se é que isto faz algum sentido para os outros -, achei piada se a "Sede" nesta última acepção que lhe dou, fosse, na blogosfera, uma autêntica "anti-sede".
Não exactamente no sentido de oposição política a quem lá está (na sede física e real) mas no sentido de manifestação, de voz, por parte daqueles que lá não estão, que lá não vão.
Mas que têm cabeça para pensar e uma palavra a dizer…”
Também não podia estar mais de acordo e foi apenas por isso que aceitei o convite de aqui escrever e é sempre na esperança que seja possível transformar esta SEDE, na “Anti-Sede” que refere que aqui me mantenho.
Penso que o Avelino Oliveira também não desdenha essa ideia, mas temos que ser “nós” (os de fora) a ajudá-lo.
Acho eu.
AMNM
AMNM
Trate bem estão da sua "obra" (=filha). Se possível, out of politics...
Os bons exemplos vêm de casa, Mãe e Pai incluídos.
Este século, década menos década, será (mais) das mulheres.
E acho lindamente.
Também eu estou a fazer o meu trabalho, e a ver se as minhas 2 "obras" se capacitam de que a concorrência vai ser dura (eles serão dos que já lutarão apenas pelo seu mérito, sem as armas "naturais" da supremacia masculina. E ainda bem).
Mas quando eu falava da "capitis deminutio" das mulheres na sociedade actual, era mesmo só no sentido da vida política.
Porque honestamente não posso dizer que "entre portas" não nos tenham sempre dado todos os louros, e não só nesta geração. E os louros não eram, nem são, apenas pelas "skills" do ménage, que de resto vão escasseando na raça...
O mesmo se aplica à vida laboral: apesar de tudo, as coisas estão bem diferentes. Aí evoluiu-se , sem dúvida. E com reconhecimento, também!
Diga-se aliás, e de passagem, que o que é gratificante são esses louros que colhemos junto dos próximos, juntos dos que nos conhecem. O resto...
Apesar de tudo, volto à minha: o fenómeno da excessiva masculização da política não deixa de ser um mau sinal.
Mas reflecte (para mim, e mais uma vez), a pouca atractividade que a "coisa" exerce também sobre as mulheres, por causa dos vícios que denunciámos acima.
Não gosto de generalizaçãoes nem de worklists a propósito de H e M, como se dos signos do zodíaco se tratasse.
Mas apetece-me dizer que normalmente as mulheres vêm o poder como um meio, e os homens como um fim em si mesmo.
Não há pachorra para aquele folclore...de facto
(Uma nota final, e ainda a propósito:
Alguém dizia - e não foi Beauvoir nem Badinter...- que "no dia em que uma mulher incompetete ocupar 1 lugar de destaque...então aí teremos atingido sem dúvida a plena igualdade". Caricatura, claro...)
Infelizmente a nota final não reflecte a verdade, pois se assim fosse há muito se teria atingido a plena igualdade.
Não
Há e tem havido mulheres não competentes que tem ocupado lugares de destaque recorrendo ás mesmas "armas" dos homens.
Tal como os seus "iguais" do sexo masculino, terão as competências suficientes para "ascender" a esses lugares, apesar de não terem as competências necessárias para assumir eficaz, eficiente e (mais importante) seriamente, as responsabilidades inerentes.
O problema (se se pode chamar problema ao que afinal é um facto da vida) não tem a ver com género, se bem que a estatística demonstre que, neste sistema em que o mérito é critério pouco ou nada utilizado, a maioria dos incompetentes em "lugares de destaque" é do género masculino.
(a maioria dos competentes também, mas iriamos agora "brincar" às estatísticas e não me apetece :-))
O que me parece é que o número de mulheres competentes e "dignas" que está disposta a utilizar as "ferramentas do sucesso" é, de longe, inferior ao de homens.
AMNM
Pronto, (e para acabar) então estamos de acordo.
Embora eu confesse ser muito crítica em relação a esta questão dos géneros na política.
Contudo, NÃO SOU A FAVOR DAS QUOTAS.
A coisa há-de resolver-se por si, com uns tantos mortos e feridos a lamentar pelo caminho!
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