sexta-feira, janeiro 06, 2006

Opinião # 26- Avenida dos Aliados

Mais um Copy+Paste, desta vez integral, desta vez dos ALIADOS

Acho que a Manuela D.L. Ramos e os outros Aliados não vão levar a mal:



"Posição assumida pelo Deputado Luís Braga da Cruz

«Depois de ler com cuidado todos os elementos que foram produzidos sobre a audição das ONG’s do Porto, na Comissão Parlamentar de Educação e Cultura da Assembleia da República, relativa à intervenção perpetrada na Avenida dos Aliados pela empresa Metro do Porto, a pedido da Câmara Municipal do Porto, assumo a posição seguinte:
1. Na resposta da Câmara é assumido que a responsabilidade é da Câmara e não do Metro, o que é positivo.
2. Porém, também fica claro que as indicações que podem ser consideradas como orientação, ou programa dado aos arquitectos, são de tipo formal e meramente técnicas.
3. O que é grave, na minha opinião, é não se identificarem nesta preocupação considerações que possam ser entendidas como opções de natureza política, em relação ao valores de carácter patrimonial.
4. A Praça dos Aliados é o ponto de referência por excelência dos Portuenses. Foi apropriado pelos cidadãos do Porto, como ele é. Não se pode mexer num local que é património e que tem valor simbólico, sem explicar bem porque se faz (não basta dizer que se enviou um desdobrável pelo correio).
5. A maior parte dos portuenses só vão dar conta do estrago físico e moral feito no seu património, quando tudo estiver irreparavelmente perdido.
6. Trata-se de mais uma atitude predadora sobre valores da cidade e perpetrada por quem tem responsabilidades e que actua em atitude de grande falta de respeito pelo que é emblemático na cidade.
7. Os argumentos que são usados garantindo que a intervenção procura conferir coerência a uma série de espaços urbanos que nunca tinham experimentado um esforço de integração, não me parece válido porque a coerência não é um conceito formal, mas sim o que as pessoas construíram na sua memória colectiva.
8. Repare-se que em toda a argumentação se sucedem considerações técnicas que se implicam em sequência, sem se demonstrar que era inevitável a primeira opção, que desencadeia todo o processo – de implantar as bocas do metro nos passeios, quando havia outras soluções para o problema.
9. Fala-se muito em mimetismo, para dizer que não se podia rematar o novo com o padrão anterior, mas no entanto o que resulta é uma obra de intervenção radical e não de uma intervenção pontual ou de uma recuperação.
10. Dói ver destruir património impunemente. Pode ficar formalmente correcto, mas corta-se alma à cidade.
11. O que está em causa não é a qualidade do projecto, mas a legitimidade de um acto de destruição de algo que tinha valor patrimonial… e há sempre um IPPAR disponível para se enrodilhar em explicações incompreensíveis!
12. Estes comentários poderão ser entendidos como desabafos, mas são sentidos e produzidos por alguém que não gosta da forma como se estão a manipular questões muito sérias na cidade do Porto.
Luís Braga da Cruz -(Deputado do Partido Socialista, pelo Distrito do Porto)
23.Novembro.2005 »
"Links" da nossa responsabiliadade.
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posted by manueladlramos "
Obrigado
António Moreira

5 comentários:

ManuelaDLRamos disse...

Levar a mal?! Pelo contrário- é o que mais pretendemos: que se divulgue, que se comente, que se debata! O Porto agradece.

Anónimo disse...

A mim, o que me continua a surpreender (ou talvez não)é a defesa tão aguerrida de um espaço do qual quase ninguem gostava, ao qual quase ninguem ia (e que se vinha desertificando em agonia), e no qual nunca se encontrava quem agora o defende.
E como o Bolo-Rei (cedo ou tarde sempre voltamos ao Bolo-Rei), quase ninguem gosta muito, mas toda a gente gosta de saber que está lá, num cantinho qualquer na ceia de Natal.
Acontece que o espaço publico, coração da cidade, não é um Bolo-Rei.
Qualquer arquitecto que se dedique a estudar o espaço publico sabe que aquele sempre foi um arranjo fraquinho.
Qualquer cidadão sente que não é sitio onde lhe interesse permanecer durante muito tempo, ou sequer visitar, admirar, apreciar.
Talvez por isso não exista nenhum alargamento do movimento de cidadãos como o que existiu no caso do coliseu. Na verdade, ninguem quer saber muito daquilo.
Como dizia um professor meu, espanhol, um edificio ou um espaço é importante quando "la gente" não o deixa destruir. Este "la gente" referia-se a toda a gente, um conjunto muito alargado e representativo de pessoas, o que não é o caso.
Quanto ao simbolismo, tambem tem os seus limites.
É claro que isto é só UMA opinião (que me disponho a fundamentar em qualquer altura), o problema não está em operar uma transformação urbana naquele espaço, que o estava a pedir como "pão para a boca". O problema está na mediocridade da transformação operada, à semelhança de quase todas as outras operadas recentemente nesta cidade (e arredores, sim) em processos semelhantes pelas mesmas pessoas (ou outras semelhantes).

AM disse...

Ó Fortuna

(Lá vou eu outra vez)

O amigo é arquitecto, eu não, nem sou sequer jurista, nem urbanista nem paisagista, e até posso ser parolo, mas por acaso até gostava do local, possivelmente por recordar com saudade algumas madrugadas de S.João, mas enfim.

O que se passa porém é que....

NÃO É NADA DISSO QUE ESTÁ EM CAUSA!!!
(isso seria para vocês discutirem lá nos blogues dos arquitectos)

Mais uma vez, NÃO É O PROJECTO, É O PROCESSO!!!!

Será que isto é o da Joana????

(isto é a cidade, é a praça, é o tunel de ceuta é o H.S.João, é a Av. da Boavista, é o estádio do Inatel, é a circunvalação, é o parque da cidade, é o MarquÊs, é o Campo 24 de Agosto, é o....) a Joana é o Dr. Rui Rio, mais o resto da comandita da CMP, mais a comandita do Metro.)
O Fortuna agora ia para presidente da CMP (ou do Metro que vai dar quase ao mesmo) não gostava da praça, ou da minha rua, ou da igreja dos clérigos e vai daí contratava o Taveira (que é um óptimo arquitecto, ou o Koolhas ou o Siza, ou o Avelino ou o Pedro Aroso) e vai daí, sem consulta pública, sem concurso público, mandafa fazer o que lhe dava na real venete (ou será beneta, Maria Alice???)

É isso que está em causa, meu amigo Fortuna, não é a "defesa tão aguerrida de um espaço..." mas sim a defesa tão aguerrida de PRINCÍPIOS BÁSICOS de CIDADANIA, e o facto de 27% dos parolos terem votado no RR não dá direito a tudo.

AMNM

Anónimo disse...

ó meu amigo Moreira!
Vai desculpar aqui o rapaz mas não é. Para si pode ser, para mim tambem (eu nem quero começar a falar do processo, porque já levo anos dessa discussão nos debates da ordem dos arquitectos, etc. e tal) mas o que se lê não é isso.
O que é relevante e o que fica para a história é que o Siza e o Rio fizeram mal à praça, os malandros, por causa da calçada à portuguesa as arvores e o raio.
Do processo já nós sabemos tudo, e é do mais repugnante. Agora o que lhe digo é que se o processo fosse limpinho, transparente, com tudo e mais alguma coisa do que consideramos necessário, teria exactamente as mesmas pessoas a dizerem mal do projecto e a defender o que lá estava. Repito, ainda que o processo fosse outro e que certamente daria lugar a outro projecto.
Portanto, a minha opinião: o processo é inaceitavel e o projecto tambem. Ainda que o projecto seja melhor do que aquilo que lá estava. Desejo profundo: que alguem faça alguma coisa a sério e decente pelo centro da cidade, com uma visão realmente transformadora, para que no futuro os nossos netos e bisnetos se possam orgulhar dos seus antepassados como nós nos orgulhamos de alguns dos nossos.
Que assim não vamos lá, disso tenho a certeza absoluta.

AM disse...

Ó Fortuna

Eu sinceramente só queria era ter condições de emigrar com as minhas meninas para Éze-sur-mer (ou outro sítio semelhante) e desta cidade(país) e desta(s) gente(s) apenas guardar aquilo que a memória, sempre complacente, se fosse ocupando de alindar...

Assim, olhe, estou cumó Cabaco (esta é para a Maria Alice :))

Nunme confórmo

AMNM