"O interesse pela política começa a aumentar. Tenho-me deparado cada vez mais com conversas cruzadas de café e discussões de corredor, entre jovens e velhos, velhos e jovens, jovens e jovens e nem tão jovens nem tão velhos. Na verdade esta eleição presidencial tem servido para demonstrar de que forma a cidadania passa também pelo interesse nas questões de estado. Isto porque o populismo mais baratucho tem andado arredio, não que não haja laivos da coisa em quase todos os candidatos, mas o pormenor não se tem sobreposto ao essencial. Assim o murro no braço do Soares, o carro do parlamento que o Alegre usa em campanha, ou o chega para lá ao Marques Mendes que lhe deu Cavaco, não tem sido suficiente para alimentar as capas sensacionalistas.
Creio que os tempos que virão serão de uma muito maior participação pública e por inerência nos partidos. É que se esgotaram as figuras que possam com a sua liderança disfarçar a necessidade de apresentar novos projectos, da direita à esquerda, onde tanto Ribeiro e Castro como Jerónimo são lideres sem chama, passando pelo apagado Mendes e pelo já muito desgastado Louçã.
Sócrates não tem adversários ao seu nível, nem tanto pelo patamar de elevação política que atingiu, mas sim pelo desfazamento existente nos outros partidos. É por essa razão quem nem sequer perdeu as autárquicas e seja qual for o resultado não perderá as presidenciais."
Creio que os tempos que virão serão de uma muito maior participação pública e por inerência nos partidos. É que se esgotaram as figuras que possam com a sua liderança disfarçar a necessidade de apresentar novos projectos, da direita à esquerda, onde tanto Ribeiro e Castro como Jerónimo são lideres sem chama, passando pelo apagado Mendes e pelo já muito desgastado Louçã.
Sócrates não tem adversários ao seu nível, nem tanto pelo patamar de elevação política que atingiu, mas sim pelo desfazamento existente nos outros partidos. É por essa razão quem nem sequer perdeu as autárquicas e seja qual for o resultado não perderá as presidenciais."
Hoje, parece-me actual
7 comentários:
Caro Avelino
É mais do que actual (em minha opinião) a republicação deste comentário.
Conviria agora saber o que Sócrates, enquanto PM, vai fazer com esta vitória (a de Cavaco, claro).
Infelizmente penso que irá insistir na continuação da sua política de “direita”, até pela facilidade que, para isso, lhe é concedida pela vitória de Cavaco, ao contrário do que se passaria com a de Soares.
Nem sequer refiro aqui as consequências catastróficas (para Sócrates, para o PS e, acima de tudo para o país) que teria tido a eventual vitória de Alegre.
Neste momento Sócrates tem um “aliado” em Belém, que lhe convém manter satisfeito e aconchegado, ou seja, alguém que não obstacularisá as reformas anti-sociais e “neo”-liberais que Sócrates se proponha continuar a desenvolver.
Por outro lado essa consonância “neo”-liberal e anti-social, permitirá manter em respeito e afastados da discussão os “legítimos donos” dessas políticas ou seja o PSD e CDS, nesta fase liderados pelas duas nulidades que se sabe.
A oposição à “esquerda” (PCP e BE) irá, naturalmente, crescer em ruído, em dimensão e em influência, à medida que a deriva à direita deste PS se acentue, mas sem nunca por em causa seja o que for.
De qualquer forma, dentro de 3 anos, ou teremos que suportar um bloco-central de medíocres, comandado, de Belém, pelo Silva, ou então lá vamos ter que levar com mais uns anitos de PSD/CDS (o que Cavaco detestaria esta opção).
Manuel Alegre (ou quem pensa por ele) terá que recalcar ressabiamentos e pensar muito bem o que fazer com a sua “vitória de Pirro” (como o Avelino tão bem a definiu) pois a porra do quadrado serviu ao Nuno (Álvares Pereira) contra os espanhóis e ao outro contra o Gungunhana, mas, afinal, ao Alegre (ou a quem pensa por ele) não serve para nada, a não ser para, mais rapidamente, entregar o poder à direita (estou a falar, claro, da direita estúpida PSD/CDS).
Se tenta abrir uma crise de liderança no PS, dá pretextos ao Cavaco para por em causa a legitimidade do Sócrates, se tenta uma qualquer aventura cá fora (ao frio) idem, ou seja, de uma maneira ou de outra, os votos de Alegre só dão jeito afinal ao Marques Mendes (e ao Cavaco para diminuir o Sócrates).
Assim toca de ir mas é para a AR (buscar o ordenadito), pôr aquele ar de meretriz ofendida, e meter os votitos numa almofadinha debaixo do rabo que sempre servem para dar mais altura.
Ou então Alegre faz já o jeito a Cavaco, parte-se esta trampa toda, avança-se com um PRD-2, ninguém consegue nenhuma maioria que se veja, e avança já um governo de “unidade-nacional”…
Chiça
AMNM
Oh Avelino:
Hoje é dia 23 de Janeiro de 2006!
Tu escreveste em Dezembro que o Sócrates "nem sequer perdeu as autárquicas (???) e seja qual for o resultado não perderá as presidenciais " e que este disparate se mantém actual.
Talvez não fosse má ideia comprares um calendário... Ou será que estás tão gagá como o Dr. Mário Soares e o Sr. Augusto Santos da Silva?
Pedro Aroso
PS: Estás a deixar ficar mal a classe dos arquitectos...
o Socrates não me interessa nada, o ke me interessava era ver debatidos os sentimentos ke hoje invadem o Dr. Mario Soares
terá sentido uma derrota...
um sentimento de dever cumprido...
Caro colega e partenaire de comentários, então não se nota que há perdedores e vencidos.
É tão certo que Sócrates conseguiu não perder nenhuma das duas como evidente é tambem que Marques MEndes não as ganhou. Quem não percebeu isto é que deixa mal a classe, não só dos arquitectos, mas dos portuenses....
Caro Avelino
Se pensarmos que o Sócrates e o Marques Mendes não concorreram em nenhuma lista para as autarquias, nem foram candidatos presidenciais, então temos que reconhecer que nenhum deles ganhou ou perdeu o que quer que fosse.
Em todo caso, eu gostava de poder discutir estas questões a um nível mais elevado e não reduzir o debate a verdades básicas de Messieur de la Palisse.
Um abraço
Pedro Aroso
PS: A propósito, sabes qual é a tradução de "partenaire"? Devias consultar o dicionário Francês-Português antes de utilizar certos termos...
Caro Avelino,
"Não creio que Mario Soares tenha dividido os militantes. O que dividiu foi a forma de escolha de um candidato e a estratégia que se lhe seguiu. Creio que Sócrates escolheu o caminho mais dificil. Talvez desnecessariamente"
Concordo que o processo de escolha do candidato, a exemplo de outras
escolhas anteriores, não foi propriamente o mais adequado.
Todavia, a minha opinião, é exactamente oposta à vossa, ou seja muita gente (militantes e simpatizates socialistas) já quando o Mário Soares mostrou a disponibilidade para se candidatar, ficou logo muito apreensiva - factor "mais do mesmo" (já 2 vezes PR) e factor idade.
Acresce ainda, que no universo de 90.000 militantes do Partido e das
largas centenas de milhares de simpatizantes, existe hoje muita gente fortemente crítica da actuação do Governo e por via disso viram nestas eleições uma boa oportunidade de penalizar a "nomenklatura" do Partido.
Cumprimentos,
Antonio Felizes
http://regioes.blogspot.com
E AGORA?
Foi eleito Presidente um homem em quem metade dos portugueses confia e a quem a outra metade odeia. Melhor ainda: alguém que um terço do País quase idolatra, mas que a outro terço repugna e que ao restante terço parece ser completamente indiferente.
Vamos ter pela primeira vez em Democracia um Presidente que só a muito custo conseguirá ser de todos os Portugueses e que mais provavelmente não passará do Presidente de metade deles (mais seis décimas!), mas que, na pior das hipóteses, poderá ficar apenas como o presidente de um terço dos portugueses.
Elegemos um Presidente que, pelo que (não) apresentou na sua campanha, apenas quer contribuír para um Portugal maior (em quê?! E em quanto – talvez 0,6%?...)
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