Quem percorrer a cidade do Porto (como, decerto, tantas outras) verificará que, na generalidade das lojas que se dedicam ao comércio de jornais e revistas, se encontram expostos em escaparates ou montras, à vista de todos, os mais diversos exemplares de jornais e revistas habitualmente classificados de “pornográficos” ou "eróticos" nas versões “hard” ou “soft”.
Pessoalmente, acho essa exposição de extremo mau gosto e considero-a até ofensiva, nem precisando de citar situações específicas em que a localização dos estabelecimentos ou bancas poderia acrescentar mais algumas considerações ao simples “mau gosto”.
É claro que os comerciantes além do DIREITO, tem a LIBERDADE de expor o seu produto, e se aquilo se publica é porque se vende, por isso tem que haver quem venda...
(Gostaria aqui de deixar bem claro que estou longe, mas bem longe, de ser um qualquer tipo de moralista (verdadeiro ou falso) e que muito teria a confessar se fosse adepto de alguma religião que se dedicasse a tais práticas, não, não é disso que se trata, trata-se apenas de GOSTO, obviamente relativo, se bem que admita que, para outros, a questão até possa ser mais grave.)
Mas, repito, os comerciantes tem a LIBERDADE de proceder desta forma e não serei eu que os irei tentar, pela palavra, demover dessa prática, até porque há certas coisas que ou se é capaz de ver, sem ajuda, ou então não há ajuda que valha.
Agora tenho que reconhecer que me desgosta viver numa sociedade em que haja quem se sinta bem a ganhar a vida a publicar “daquilo”, em que haja comerciantes que não se importam de colaborar com esse comércio para ganhar mais uns tostõezitos e que não exista uma “pressão do mercado” que leve a que os comerciantes entendam que seria mais vantajoso, para a sua actividade global, demonstrar outro grau de respeito pelos seus clientes.
Será que isto significa que eu sou defensor da censura?
Ou será que entendo que a liberdade de expressão não é um dos valores fundamentais da nossa sociedade?
António Moreira
terça-feira, fevereiro 07, 2006
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13 comentários:
Pois é, amigo Moreira, temos aqui um optimo pretexto para debatermos a diferença entre Moral e Etica.
Vamos a isso!
Depois, se o tempo sobrar e o Blog resistir, poderiamos ainda debater a diferença entre estratégia e táctica, que tambem era interessante, mas não tem nada a ver com este post.
Abraços
Preferia também discutir a táctica e a estratégia. Quem encomendou os cartoons? Quem ganha com o «extremismo religioso»? Quem ganha com o «terrorismo» e com a «guerra ao terrorismo»? Quem incluiu na sua agenda o «Choque de Civilizações»?
A diferença é que, ao contrário dos editores dos cartoons, a maioria dos comerciantes de jornais e revistas não terão sequer consciencia de que o seu comportamento poderá não ser apreciado por muitos, que tem também o direito a usufruir dos espaços.
Da mesma forma que quem estaciona em cima dum passeio, não o faz com o propósito de impedir a passagem a um deficiente numa cadeira de rodas...
Eu sei que a não intencionalidade poderá ser desculpabilisante, em certa medida, mas, na nossa sociedade, a não intencionalidade é fundamentalmente fruto de se ter perdido completamente o hábito de pensar de que forma é que os nossos actos vão afectar os outros...
AMNM
Exactamente! Acontece apenas que não se perdeu. Ainda não existe.
"Try another angle".
Ver as coisas ao contrário,de forma diferente,sob outra perspectiva.
Mas amigo Moreira, isso leva-nos a extremos para os quais oestado de direito não é capaz de responder.
Vejamos um caso muito simples; Se dois automobilistas tem um acidente numa via de acesso ao centro da cidade. Nenhum se magoa, os carros parados, os dois cá fora a preencher a declaração amigável. E umaenorme fila de transito cheia de pessoas a tentar chegar aos empregos, por as crianças na escola, apanhar os ultimos saldos, etc. Quem paga os prejuizos a essas pessoas? Que direito tem aqueles dois, por causa de um farolim e um para-choques, de causar prejuizos de milhares de contos a toda aquela gente?
Na verdade, quantos de nós estão preparados para ver as coisas daperspectiva do outro?
Caro Sofocleto
Venham dai as achegas. Vamos a essa discussão.
Abraço
e ainda vendo pela prespectiva do outro, podemos mesmo assim ter diferentes prespectivas
a minha é de ke só há um angulo ke justifica este acidente- o angulo morto -
de kalker forma o angulo mais abrangente é sempre o angulo recto e mesmo assim não dá 100%
voltando à prespectiva , o homem do kioske não parte da sua prespectiva , mas sim da prespectiva ke tem da sua clientela ,
no kioske da minha rua é mais a liberdade do boato
- tou le a dizer menina é gay, é diz ali ... é verdade, é verdade mesmo , a menina num sabia?! caramba ta ali no placard , olhe o titulo do Tal e Kal e o do crime
num leu?! ...
aí ... ora veja aki , ora veja o ke aki diz, veja, leia tudo , já leu?!
já viu ao ke isto chegou ? viu viu?!
Ao ke isto chegou!
Mas quem, quem? Quem é que é gay?
Já voltamos ao mesmo
Discussão onde aparece a incoerente, nunca vai prá frente.
AMNM
Ó Moreira, confesse lá que neste blogue encontrou um espaço propicio ao desenvolvimento da sua veia poetica. Está assim, como direi, com a rima fácil.
E até estas picardias com a incoerente tem um certo elan...
As saudades do meu Lotus Elan (e da idade que então tinha)...
AMNM
Oh tambem tenho soudades imensas da minha colecção de miniaturas, por acaso tive um mazda ke caiu do 3º andar e ficou intacto, mais tarde tive um mazda à escala real e desfazia-se todo nas curvas ... ai a minha infancia, a minha infancia...
Nem uma coisa nem outra, apenas dotado de bom senso. O que eu escrevi ontem na FdV corresponde, de algum modo, a isto.
Abraço
Caro Pedro
Obrigado pela visita e pelo comentário.
Já fui ler o seu texto e está magnifico.
Quem não foi ainda à "fonte":
http://fontedasvirtudes.blogspot.com/
Nem sabe o que está a perder...
AMNM
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