quarta-feira, maio 20, 2009

Inverdades

 

Há dias li algures por aqui alguém a defender que os liberais não deviam ser críticos para com o PSD, porquanto seria, dos partidos portugueses, o mais liberal de todos.

A lógica é mais ou menos esta; não atacar o péssimo desempenho eleitoral do PSD e de Paulo Rangel, visto que, para os que acreditam no liberalismo, apesar de tudo, ainda é o partido que mais se aproxima e portanto, mais vale criticar só o governo.

Nada mais errado. Em primeiro lugar, porque sustentar a defesa do PSD com doutrinas neoliberais, em pleno colapso do neoliberalismo, é o tipo de coisa que pode ter alguma graça quixotesca, mas que não pode ser levada a sério. Em segundo lugar, porque não estamos em tempo de fazer a politica “que dá jeito”, e sim de pensar muito seriamente no interesse nacional e em qual a melhor forma de ultrapassar esta crise que nos vai marcar ainda por muito tempo. E finalmente em terceiro lugar, porque não é verdade.

O PSD é um partido tão pendurado no estado como qualquer um dos outros, da direita à esquerda. Simplesmente, necessita de mentir, vestindo roupagens mais liberais, ou anti-estado quando está na oposição, para manter a sua base sociológica e com isso captar os seus votinhos.

Acontece porem que, com a falência do neoliberalismo, o PSD ficou sem programa. O programa social-democrata foi perfeitamente assumido pelo PS e pelo governo; é o seu interprete. A direita que tradicionalmente pregava “menos estado” está hoje encurralada e a clamar pela salvação através do estado. Resta-lhe por isso dizer mal do governo até ao limite, e tentar capitalizar ao máximo. E quando não houver mais nada para dizer, vão ter que inventar. Não é aliás mais do que tem vindo a fazer, porque propostas e ideias válidas, nem vê-las.

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