Terminada que está a Queima das Fitas, como sempre com tanto queixume, impõe-se a devida reflexão em vertente politica.
No meu tempo de estudante, a Queima das Fitas era uma celebração a dar de novo os primeiros passos, após os anos de abolição que se seguiram ao 25 de Abril. Procurava-se recuperar a tradição e quase todos os envolvidos eram rapaziada de direita que sob o cavaquismo lá ia pondo a cabeça de fora. A esquerda tinha obviamente horror ao fenómeno (para não dizer nojo) e alguém afirmar-se académico entre as esquerdas era nunca menos do que um sacrilégio. Motivo para se ser criticado e olhado com desconfiança sectária.
Como era inevitável nos tempos que se seguiram, deu-se o BOOM da academia e há vinte anos atrás a Queima das Fitas era já uma realidade incontornável para a estudantada e com potencial de alargamento igual ao da massificação do ensino. Assim foi.
Mas há vinte anos atrás, a Queima das Fitas não era só isso. Era um conjunto de eventos académicos a lembrar outros tempos, complementados por uma agitação festeira e noctívaga a lembrar a barbárie. Lembro-me bem porque guardo desses tempos memórias maravilhosas de momentos verdadeiramente épicos. Mas não só, lembro-me bem porque ficou documentado; por exemplo o ano em que o Porto e Coimbra bateram num só dia o recorde de litros da festa da cerveja de Munique. Ou por exemplo da agressividade demonstrada pelas ordas de rapazes quando se acercavam das meninas com o objectivo assumido de “tirar pedaço”. Ou ainda do calão grosseiro estampado nas decorações dos carros alegóricos, em termos que faziam corar qualquer p….
Aqueles que há vinte anos viviam com esta intensidade o seu academismo e com orgulho coroavam o curso com uma semana de alegria desmedida, estão hoje perfeitamente integrados na sociedade, com profissões de algum relevo e destaque, exercendo em muitos casos o papel de fazedores de opinião, nos média ou pelo menos na internet.
O curioso é que, percorrendo os blogues, as piores referencias e opiniões sobre a actual Queima das Fitas venham precisamente do lado da direita, do lado daqueles que foram os seus principais percursores. Desde criticas ao financiamento até juízos sobre o comportamento, eles são “gerações de bêbados”, ele é o “facilitismo no ensino” que não “cultiva o mérito intelectual, ele é que “só se ensina ordinarice” que “reflecte a desvalorização do ensino, ele é ainda o celebre “estado a que as coisas chegaram”. Em geral a esquerda pronuncia-se de forma bastante mais tolerante em relação aos comportamentos desviantes que eventualmente ocorram.
O paradoxo é que a Queima das Fitas hoje, não corresponde nem por sombras às piores descrições dos detractores, assim como não precisa de complacência dos defensores. Vi este ano um cortejo sereno, muito sereno mesmo, muito pouca bebedeira e agressividade, e reflexo maior, muito pouca ordinarice escarrapachada nos carros. Vi este anos uma mega produção de eventos com organização extremosa, certamente super lucrativa, difícil de acreditar que possa ser levada a cabo por estudantes em idade escolar. A Queima das Fitas sedentarizou-se, institucionalizou-se e deixa hoje muito pouco espaço para irreverências e comportamentos desviantes, sendo que mesmo estes, a existirem tem respostas a todos os níveis, envolvendo segurança, policia, INEM, bombeiros, etc.
Então porque esta vozearia de maledicência, vinda dos arautos da direita? Que é que mais querem, o sistema incorporou o fenómeno desviante e tornou-o altamente lucrativo. Que é isto senão o capitalismo no sue melhor?
No meu tempo de estudante, a Queima das Fitas era uma celebração a dar de novo os primeiros passos, após os anos de abolição que se seguiram ao 25 de Abril. Procurava-se recuperar a tradição e quase todos os envolvidos eram rapaziada de direita que sob o cavaquismo lá ia pondo a cabeça de fora. A esquerda tinha obviamente horror ao fenómeno (para não dizer nojo) e alguém afirmar-se académico entre as esquerdas era nunca menos do que um sacrilégio. Motivo para se ser criticado e olhado com desconfiança sectária.
Como era inevitável nos tempos que se seguiram, deu-se o BOOM da academia e há vinte anos atrás a Queima das Fitas era já uma realidade incontornável para a estudantada e com potencial de alargamento igual ao da massificação do ensino. Assim foi.
Mas há vinte anos atrás, a Queima das Fitas não era só isso. Era um conjunto de eventos académicos a lembrar outros tempos, complementados por uma agitação festeira e noctívaga a lembrar a barbárie. Lembro-me bem porque guardo desses tempos memórias maravilhosas de momentos verdadeiramente épicos. Mas não só, lembro-me bem porque ficou documentado; por exemplo o ano em que o Porto e Coimbra bateram num só dia o recorde de litros da festa da cerveja de Munique. Ou por exemplo da agressividade demonstrada pelas ordas de rapazes quando se acercavam das meninas com o objectivo assumido de “tirar pedaço”. Ou ainda do calão grosseiro estampado nas decorações dos carros alegóricos, em termos que faziam corar qualquer p….
Aqueles que há vinte anos viviam com esta intensidade o seu academismo e com orgulho coroavam o curso com uma semana de alegria desmedida, estão hoje perfeitamente integrados na sociedade, com profissões de algum relevo e destaque, exercendo em muitos casos o papel de fazedores de opinião, nos média ou pelo menos na internet.
O curioso é que, percorrendo os blogues, as piores referencias e opiniões sobre a actual Queima das Fitas venham precisamente do lado da direita, do lado daqueles que foram os seus principais percursores. Desde criticas ao financiamento até juízos sobre o comportamento, eles são “gerações de bêbados”, ele é o “facilitismo no ensino” que não “cultiva o mérito intelectual, ele é que “só se ensina ordinarice” que “reflecte a desvalorização do ensino, ele é ainda o celebre “estado a que as coisas chegaram”. Em geral a esquerda pronuncia-se de forma bastante mais tolerante em relação aos comportamentos desviantes que eventualmente ocorram.
O paradoxo é que a Queima das Fitas hoje, não corresponde nem por sombras às piores descrições dos detractores, assim como não precisa de complacência dos defensores. Vi este ano um cortejo sereno, muito sereno mesmo, muito pouca bebedeira e agressividade, e reflexo maior, muito pouca ordinarice escarrapachada nos carros. Vi este anos uma mega produção de eventos com organização extremosa, certamente super lucrativa, difícil de acreditar que possa ser levada a cabo por estudantes em idade escolar. A Queima das Fitas sedentarizou-se, institucionalizou-se e deixa hoje muito pouco espaço para irreverências e comportamentos desviantes, sendo que mesmo estes, a existirem tem respostas a todos os níveis, envolvendo segurança, policia, INEM, bombeiros, etc.
Então porque esta vozearia de maledicência, vinda dos arautos da direita? Que é que mais querem, o sistema incorporou o fenómeno desviante e tornou-o altamente lucrativo. Que é isto senão o capitalismo no sue melhor?
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