quinta-feira, janeiro 19, 2006

As sondagens e as eleições


Ou

Os politicos e as políticas


Com o aproximar inexorável do momento da VERDADE, sim do momento em que, verdadeiramente, os eleitores que o pretendam irão, nas urnas reais, depositar os seus votos válidos para a eleição do próximo presidente da república, começam a vir ao de cima alguns tiques de maior nervosismo e algumas máscaras, formalmente, democráticas começam a resvalar.

Vem isto a propósito, naturalmente, da forma como alguns candidatos, e, por arrastamento, algumas “entourages” tem reagido à evolução dos resultados das sondagens que vão sendo divulgadas e até, pasme-se, às que estão ainda por divulgar.

Como seria de esperar o nervosismo é mais vincado nas hostes do candidato que, as mesmas ou outras, sondagens, já tinham entronizado como vencedor destacado, Cavaco Silva, que agora começam a recear o ter que se bater numa segunda volta, ou seja partir para a segunda volta com uma derrota à partida, e nas hostes de Manuel Alegre que, apesar de as sondagens continuarem a apresentar como um muito provável segundo colocado, ou seja, como o vencedor das “primárias da esquerda”, parece “adivinhar” outras sondagens que estarão quase a aparecer (amanhã, claro).

Ora este comportamento dos candidatos e dos que os apoiam é sintomático para se perceber o conceito de democracia em que concorrem, em que se apresentam, em que, quiçá, acreditam.

Acreditam então que é tão grande o condicionamento gerado pela divulgação dos resultados de sondagens que poderá fazer variar o sentido do voto de uma parte significativa de eleitores.

Acreditam que é tão grande que poderá, por entusiasmo ou por desânimo, fazer variar significativamente os valores da abstenção e, fundamentalmente, a composição do universo dos eleitores abstencionistas.

Acreditam que é tão grande o condicionamento gerado pela divulgação dos resultados de sondagens que até acreditam piamente que tal influência é superior à que os próprios e as suas equipas conseguem por via da divulgação de programas e projectos, de biografias, de apoios.

Acreditam que mais importante que os debates, que os comícios, que as “arruadas” (quem é que terá inventado esta?), que os tempos de antena, o “porta a porta, as entrevistas e as visitas a mercados, é conseguir, de qualquer forma, que os resultados apresentados nas sondagens sejam aqueles que, em seu entender, melhor consigam condicionar os eleitores, no sentido que lhes pareça mais vantajoso.

Ora, a mensagem que esses candidatos estão a transmitir é a de que entendem que os eleitores são uns papalvos, uns mentecaptos, que, em vez de votar por ideologias, por convicções, por razões ou por simpatias, votam porque são manipuláveis e manipulados, votam de acordo com a vontade de quem for mais hábil, mais competente a condicionar as suas vontades.

Esses candidatos demonstram um gigantesco desprezo pelos cidadãos eleitores, mas, ainda assim, querem o seu voto e são capazes de tudo (desde que ninguém os veja com as calças abaixo dos joelhos), para o conseguir.

Não são capazes, ou não querem, ver que, afinal, quem condiciona é quem manda, quem condiciona é quem publica, quem divulga, quem dá destaque e quem comenta, quem “ajuda” a interpretar, quem guia os “cegos”.

Mas “eles” também não vêem, o seu ego imenso não deixa ver mais nada…

Está a chegar o tempo de em vez de políticos, se pensar em votar políticas.

António Moreira

6 comentários:

Anónimo disse...

Os meus parabens, amigo Moreira!
Os meus parabens!

Anónimo disse...

os comentarios e argumentos dependem de muita coisa, desde o lugar em ke se vive, à situação de emprego/ desemprego, a sociedade ...

as sondagens veem sempre depois disso
são um dos elementos principais para a decisão final

ate porke há gente ke não esta disposta a votar num cadidato ke não tem hipotese de ganhar ...

Antonio Almeida Felizes disse...

Caro A Moreira,

Genericamente partilho as suas ideias sobre este assunto.

Se me permite vou um bocadinho mais longe e relaciono tudo isto com a "profissionalização" da política, que leva à sobrevivência acima de tudo e não o serviço público.

Cumprimentos,

Antonio Felizes

http://regioes.blogspot.com

AM disse...

Esta(s) conversas também deviam levar mais longe a discussão, mas...

AMNM

Anónimo disse...

A politica na actualidade é a nossa maior lição de marketing
(veja-se o caso do Pingo doce versus Minipreço , ou o caso da PT)

se pensarmos, eles usam estrategias politicas - comparação, descredibilização, patriotismo

inclusive tambem usam sondagens: este é o produto mais vendido - logo é o melhor e kanto mais vendido mais se vende

não reprovo essa forma de fazer politica, o ke reprovo é ke os politicos não se identifiquem como «produtos» de marketing

toda a gente sabe , ke a sua estrategia passa por melhoramento de imagem, dicção, parabolismos, sondagem de mercado, resposta ao consumidor, proximidade ou não ao caso Casa PIa, concorrencia etc etc

alguem se capacita ke é Socrates kem governa o pais, não, ele é simplesmente o candidato com melhor imagem -
é o marketing e ta muito bem feito este marketing

por exemplo o Jeronimo usa a publicidade das Micros , nunca chegará lá, tem ke renovar a imagem ... podia recorrer a Troika é portuense e muito boa, tinha um slogan do tipo Kebre a Crise - Invista !(era um empresario a kebrar o mealheiro ... rssss)

o Alegre a sua publicidade é tipo empresa familiar, serve sempre os mesmos clientes - os fidelizados ...

O perito em publicidade enganosa é o Louçã... esse deveria ir reponder perante a DECO

Mas axo bem ... serio axo muito bem, não me sinto enganada por mais ou menos marketing, dou sempre o meu voto ao melhor marketing,à melhor estrategia, à melhor vontade e à melhor credibilidade, tal como faço com kalker produto ou empresa... normal não?!

AM disse...

Qualquer dia ainda vejo a incoerente a concordar comigo...

Mas
Quando digo que:

"Está a chegar o tempo de em vez de políticos, se pensar em votar políticas."

Não estava a pensar na Beleza, na Ferreira Leite, na Estrela ou na Drago, amiga incoerente :):):)

Agora a sério (e aceitando o marketing)
Votemos as políticas e contratemos os profissionais para as executar (que tal?)

AMNM