segunda-feira, maio 04, 2009

Escolhas

Marcelo Rebelo de Sousa condenou ontem Elisa Ferreira à derrota na nossa candidatura à CMP. Talvez o professor se engane e as coisas possam ainda vir a ser diferentes, conforme sublinha o Avelino Oliveira aqui. Mas o certo é que nalguns pontos o professor tem razão e, embora Elisa seja uma excelente candidata, a forma como a candidatura foi forjada e aparece na ribalta não foi a mais assertiva. Desde logo porque Rui Rio é um candidato difícil de bater e cuja actuação na cidade lhe permite granjear apoios em áreas muito dispersas para além do eleitorado natural do PSD. Contra isto, alguns, como Francisco Assis já no passado tinham alertado que a solução para correr com Rio e dar uma nova dinâmica à cidade seria uma ampla coligação de esquerda capaz de mobilizar os cidadãos. Pedro Baptista, candidato à Federação Distrital do PS Porto foi outro dos que nunca se resignaram e fez desta ideia uma bandeira de campanha. Também por isso o apoiamos, na convicção de que a sua estratégia para conquistar a cidade à coligação de direita era a mais apropriada. Assim como a outras câmaras do distrito.
Porem, existem outros factores que tem vindo a fragilizar a candidatura de Elisa Ferreira, sendo o mais relevante a candidatura simultânea ao Parlamento Europeu. Sempre, no passado nos manifestamos contra candidaturas a vários órgãos em simultâneo, bem como contra a acumulação de lugares políticos. Salvo raras excepções, que também as há, entendemos que o exercício do poder politico, ainda que em lugares representativos, não é compaginável com a acumulação e portanto com a assunção simultânea de projectos diversos, tais como são neste caso a CMP e o Parlamento Europeu. No passado, assistimos mesmo a situações absurdas na generalidade dos partidos, em que pessoas perfeitamente integradas num projecto politico com o qual eram reconhecidas aparecem em vésperas de eleições numa qualquer lista por mera ambição e proveito pessoal.
Tendencialmente, estas situações verificar-se-ão cada vez menos, à medida que os processos democráticos vão amadurecendo e à medida que os cidadãos se vão tornando mais exigentes em relação aos seus representantes.
Neste momento, parece ser exactamente isso que está a suceder e o motivo pelo qual Elisa Ferreira está a ser mais penalizada nas escolhas dos eleitores.
A candidata, portuense convicta e experiente nestas andanças politicas, saberá certamente retirar as devidas ilações e, quem sabe, nos reserve uma surpresa, desistindo de mais um mandato ao Parlamento Europeu em nome da cidade, ao mesmo tempo que propõe uma coligação de esquerda galvanizadora das muitas vontades que assim, certamente, no dia das eleições se dignariam ir votar.

3 comentários:

maloud disse...

O Fernando Gomes não estava no PE quando se candidatou à CMP? Julgo que sim, uma vez que recordo uma lei ad hominem aprovada pela maioria cavaquista, e nada o impediu de fazer uma campanha empolgante. A Elisa Ferreira tem de dizer ao que vem e fazer propostas concretas. Os outdoors não chegam.

chico disse...

O Problema é que o Marcelo tem razão. Ela já mostrou ao que vem.

AM disse...

Fortuna dixit:

"...A candidata, portuense convicta e experiente nestas andanças politicas, saberá certamente retirar as devidas ilações e, quem sabe, nos reserve uma surpresa, desistindo de mais um mandato ao Parlamento Europeu em nome da cidade, ao mesmo tempo que propõe uma coligação de esquerda galvanizadora das muitas vontades que assim, certamente, no dia das eleições se dignariam ir votar."

Não sei se estamos perante alguma dose de "wishfull thinking" ou se o Daniel sabe mesmo alguma coisa e não nos diz...

Quanto ao final do texto, considero-me mesmo um "caso perdido"pois já nem me lembro sequer onde estarei (estarei?) recenceado nem mesmo como é que tal se fará...

Abraço a todos
(especial à Maloud ;-))

AM