quinta-feira, outubro 26, 2006

Recensão ao "Pessoas, animais e outros que tais"

Por Filipe Moreira

“O invulgar do quotidiano em narrativas tradicionais”
Domingos Pintado é um antigo professor de Liceu, hoje aposentado, portuense de gema e amante do que se tem por hábito apelidar de prazeres da vida - um bom cigarro, um bom vinho, uma bela mulher, uma bela conversa. Para além disso, adora contar histórias (ou estórias, para usarmos uma palavra que acentua o seu carácter ficcional). Precisamente um conjunto de estórias é o que este antigo professor de Liceu nos oferece em Pessoas, animais e outros que tais . Estórias à maneira antiga, se quisermos, dessas que relevam do prazer de serem contadas, e de pouco mais. Apraz-nos acentuar este ponto, depois de, ao longo do século XX, tanto se ter proclamado, em tonalidades diversas, a morte da narrativa tradicional, a qual se limitaria a provocar no leitor a ânsia de seguir o rumo dos acontecimentos. Facilmente se constata como, apesar de tantos e tão veementes ataques, continuamos, hoje como ontem, a sentir um indesmentível conforto sempre que ouvimos o "era uma vez...", ou fórmulas afins. E textos como estes do Dr. Domingos Pintado muito contribuem para esse indesmentível conforto.

As estórias deste volume são, todas elas, pedaços do quotidiano (do próprio Dr. Pintado ou de outrém) marcados pelo insólito, pelo pitoresco ou por uma discreta exemplaridade. Através delas, ficamos a conhecer uma simpática velhinha que compra um prato porque a figura que ele tem estampada lhe lembra o seu pai, do qual não possui nenhuma fotografia ("O Retrato"); um mentiroso inveterado que acaba vítima das suas patifarias ("O Cinéfilo"; "Pelúcia"); o burrinho que morre de desgosto por ter perdido um fiel companheiro ("O burro do marquês"); um simpático agricultor particularmente afeiçoado à sua vaca ("A Gertrudes"); e tantos outros.

Traço comum a estes textos é o ambiente portuense, ou nortenho, em que se desenrolam, dando-lhes uma cor local bem conseguida e reforçada pelo uso de diversos termos do calão ("madameco", "neres", etc.). Quem conhecer bem o Porto actual, ou o de há algumas décadas atrás, por certo não deixará de o reconhecer no retrato que aqui nos é apresentado. Retrato físico, mas também social, que se detém no ambiente dos alfarrabistas, dos cafés, das cooperativas culturais, dos bordéis ou dos Liceus.

Um aspecto curioso deste livro é o facto de as suas narrativas se escalonarem no tempo, desde as primeiras, cuja acção decorre, ainda, no Portugal salazarista, até às últimas, já dos nossos dias. Constituem, por isso, um quadro evolutivo da sociedade portuense e portuguesa, através do qual nos vamos apercebendo das mudanças e das resistências às mudanças que se têm verificado nas últimas décadas. Para além disso, esta arrumação permite-nos seguir a evolução e as transformações do Dr. Pintado. Vamo-lo acompanhando em vários momentos da vida, desde quando professor e casado, até quando vendedor de antiguidades, viúvo e acompanhado pelo cão Púchkin, o que nos provoca algumas surpresas.

Quem diria, por exemplo, que o Dr. Pintado, pacato frequentador de bibliotecas e fidelíssimo a sua esposa, seria capaz de viver uma aventura tão fortemente erótica como a que nos narra em "O preço da Ilusão"? Embora tenha mudado (ou tenha parecido mudar), há, igualmente, aspectos em que foi permanecendo igual. Um caso paradigmático é a sua constante e por vezes dolorosa autoculpabilização pela inércia com que, ao longo dos anos, foi assistindo às marés políticas, incapaz de se opôr ao salazarismo ou aos abusos posteriores, e considerando-se pertencente a uma «esquerda tardeira, pós-Abril, com que nos vingávamos de termos tido o que merecêramos durante cinquenta anos... esquerda que baste para apagar essa memória, expiar essa culpa...» (in "Para que presta um Homem?"). Constante, também, o seu gosto por contar estórias, o que o leva a registá-las num caderno e a prometer-nos mais algumas, «caso o Dr. Pedro Batista dê o seu aval». Porque, falta dizê-lo, se ficámos a conhecer o Dr. Domingos Pintado, devêmo-lo a Pedro Baptista, portuense, professor de Filosofia e escritor.

Baptista, Pedro. Pessoas, Animais e Outros que Tais, Porto: Campo das Letras, 2006.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Irá Durão Barroso defrontar Sócrates em 2009?

Vale a pena (ou nem por isso) lêr esta noticia no semanário....

Deixo algumas pérolas:

"Durão Barroso pode não ter espaço para ser candidato presidencial, depois de Cavaco Silva. À frente do Presidente da Comissão Europeia, a esquerda tem um nome forte que está a gerir magistralmente também o seu regresso a Portugal: o antigo primeiro-ministro e actual alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres. Por isso, querendo regressar ao País, o único lugar disponível para Durão Barroso terá de ser o de primeiro-ministro.
Irá Durão Barroso defrontar José Sócrates nas próximas legislativas de 2009? Tudo indica que sim."

"Esse foi, aliás, o percurso do último Presidente da Comissão Europeia, Romano Prodi, actualmente primeiro-ministro em Itália, depois de ter derrotado o primeiro-ministro Sílvio Berlusconi, que se candidatava à reeleição."

"... o Presidente Barroso pode sair depois de uma reforma que pode marcar o futuro da união política europeia, ultrapassando as hesitações que actualmente dominam a Europa depois do chumbo da Constituição Europeia. Ou em alternativa, não sendo possível o acordo e agravando-se a crise europeia e a própria credibilidade das instituições e do euro, a saída intempestiva de Barroso no fim do primeiro mandato pode ser politicamente significativa no quadro europeu, como alerta para o facto desta Europa fazer pouco sentido como bloco político, num mundo cada vez mais globalizado, e onde os desafios não serão apenas referentes ao terrorismo, mas também à segurança dos recursos naturais e da energia."

"... o eventual interesse de Barroso poder querer suceder a Cavaco Silva como Presidente da República. Mas Durão Barroso pode já ter percebido que essa hipótese pode não ser interessante, não só porque o Presidente Cavaco Silva pode bem fazer um segundo mandato, atirando a sua saída de Belém para depois de 2015, como será arriscado para Barroso defrontar António Guterres, o candidato natural da esquerda, que contará com o apoio do PS e que regressará ao País prestigiado pelo mandato nas Nações Unidas. Deixando de lado Belém, o regresso de José Manuel Durão Barroso deveria ser bem em cima das eleições, acabando por jogar bem o mandato de Bruxelas com o fim da legislatura em Portugal."


"... Marcelo poderia ter preparado as coisas para o seu regresso ao PSD, sendo claramente o mais credível militante para liderar a oposição a Sócrates e com tempo construir uma alternativa política. Mas, mais uma vez, o comentador da RTP errou tacticamente e preferiu elogiar o desacreditado Marques Mendes, desvalorizando-se a si próprio e, sobretudo, desacreditando-se na multiplicação de comentários - sendo os mais negativos sobre justiça desportiva."

"...Barroso não elogia Mendes, mas, ao contrário de Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da Comissão Europeia não elogia Marques Mendes, deixando assim campo livre para uma ofensiva sua a seu tempo. E ao entrar em jogo, sobretudo se houver a reforma das leis eleitorais - facilitando as maiorias absolutas -, Barroso e a direita poderiam mesmo sonhar com uma nova maioria absoluta do PSD.Esse jogo é contudo o pior que poderia acontecer ao CDS de Paulo Portas. Portas está a preparar o seu regresso ao CDS, uma jogada política que acaba por interessar ao PS de José Sócrates que, deste modo, estabiliza a oposição interna e ameaça a esquerda com um eventual Governo PS-CDS, caso o PS perca, em 2009, a sua maioria absoluta. Mas, por outro lado, o regresso de Barroso poderá abrir também uma janela de oportunidade para a renovação da AD."

"... Mas para o próprio Governo socialista e para Belém, os "timings" podem acelerar-se logo no início de 2008 se a situação económica piorar surpreendentemente: nesse caso, o PS poderia querer antecipar as legislativas, antecipando-as para renovar a maioria absoluta e, caso a perdesse, sempre teria Paulo Portas no CDS para se coligar. Uma situação que deixaria o PSD de fora e através da qual Portas e Sócrates ponderariam funcionar como uma tenaz, roubando pela esquerda e pela direita espaço eleitoral ao PSD. E neste contexto a presença de Marques Mendes seria essencial, até porque o prestígio do Presidente da Comissão Europeia poderia colocar em causa tal estratégia de redução do espaço político do tradicional PPD/PSD."

De volta,

Após uma merecidas férias e uns quantos trabalhos forçados, acrescidos de uma ausência em terras de Espanha por motivos académicos cá estou de volta.

O Sede está em período de acalmia, tal como os mandatos políticos! Existe pouco fervor e a "silly season" já se estende à algum tempo. Por isso como diria a minha avó: Para dizer asneira mais vale estar calado.

Mas também não exageremos, calados mas nem tanto. Por isso e por outras coisas também devemos escrever aqui e ali algumas coisas.

Começava por isso por relembrar que O PS vai para congresso em breve. Não tendo isto nenhuma novidade, parece preocupante a pouca mobilização em torno de um debate oportuno que isso está a gerar.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Vou ali e volto já!

terça-feira, agosto 08, 2006

Sobre o Covelo

Esta situação do concurso do Covelo faz-me alguma confusão. Primeiro porque os arquitectos indignam-se. Depois porque parece-me que pelos argumentos tem aparente razão. Aliás não aparente mas sim formalmente. O que não é lá muito melhor.
A OA imprime um novo estilo criticando um organismo público. Não que lhe apeteça criticar os concursos de concepção/construção que são bem mais gravosos para a classe. Nem os concursos por convite, nem o aproveitamento atroz que se faz da obrigatoriedade dos seus estágios profissionais não remunerados pelo período de um ano. Nesta questão, que agrega muitas opiniões criticas À CMP não alinho no mesmo diapasão, embora, ainda assim não chegou hoje o dia em que compreendi a iluminada mente brilhante de Rui Rio. Já sabem que como socialista (com uns lampejos liberais como diz um amigo meu – e lampejos é o mínimo) não gosto muito da vocação corporativa da OA e das outras ordens diga-se. Reparem que o José Miguel Júdice disse uma barbaridade sobre os 3 maiores escritórios de advogados, mas a Ordem do Advogados “fez” uma barbaridade ao que ele disse castigando-o e daquela forma. E sabemos como aquilo funciona, lia hoje num jornal desportivo que o Gil Vicente o contratou – querem apostar como aquilo vai dar raia? E como Júdice não vai perder, por muitos magistrados que o Os Belenenses tenham de adeptos? Na OA também é assim, agora criticam um concurso de ideias público ao estilo do Norte da Europa. Eu sinceramente não fico nada atingido com a falta de qualificação dos concorrentes. Eu que até acho que sou bom arquitecto (modéstia à parte), e que boa parte dessa qualidade reside na capacidade de criar e solidificar uma ideia. Lembro-me das primeiras aulas de um grande arquitecto que tive como professor: Fernando Távora. Lembrava-nos que os mais brilhantes arquitectos do mundo não tinham a sua formação de base em arquitectura. Referia-se a Frank LLoyd, Le Corbusier e até Miguel Ângelo. E depois no meio de uma plateia de quase 200 alunos dizia : “ e vocês perguntam-se o que é que estão aqui a fazer?” Pois é exactamente isso que esta Ordem sentiu. E como tal meteu-se nesta. No entanto acho sinceramente que a participação pública pode ir directamente por aqui e não me choca nada um concurso de ideias deste tipo. Seguramente o facto de existir concurso é melhor que nada. E a discussão em torno do Covelo é melhor ainda. O grave não é isso. O que é realmente grave é que seja necessário a um executivo camarário lançar um concurso, que nos países nórdicos é feito para aquilatar da percepção de espaços emblemáticos e históricos das cidades, para fazer um trabalho que eles não conseguem – ter uma ideia forte para um espaço difícil e de enorme potencial.
Pior ainda, disfarçar de concurso livre um uma disputa que afinal se quer fazer entre diferentes profissões (como coordenadores, claro), ou seja, é mais fácil ir buscar um planeador, um engenheiro com currículo de urbanismo, um paisagista ou quem sabe um “Marketer” com PHD recém concluído em Espanha.
E com base no conceito de que as ideias não são nem dos arquitectos, nem dos políticos – são de todos.
Assim livra-se este executivo de ficar refém de um arquitecto-vedeta que agrade à Ordem, mas que desagrada à população e expõe as fragilidades do sistema.
Por isso meus amigos o problema não é quem pode ganhar o concurso, mas sim qual a pretensão do concurso.
Se a minha vizinha da mercearia, se o cantor frustado que lá mora em frente ou até a costureira pudessem escrever uma carta, compor uma canção ou ditar um poema a coisa agradava-me. MAS afinal pode o Merceeiro realizar um estudo prévio? Pode o cantor cumprir as premissas na organização de processos sem desafinar?
Não pode! Por isso resume-se neste concurso o percurso da cidade nestes últimos anos, aliás visível nestas ultimas eleições após o fiasco da 2001: Não há catalizadores, nem projectos agregadores na cidade há muito tempo. Falta chama. E vai continuar.
MAS custa-me criticar um concurso – é que eles são tão poucos.



quinta-feira, agosto 03, 2006

Sobre o conceito de Fusão




Hoje soubemos que António Costa conversou em Dezembro com Rui Rio sobre a fusão de Freguesias no Porto. Ainda por cima o assunto isso aparece com surpresa entre os dirigentes PS. Mais então quando se percebe que Rui Rio faz mais uma manobrita para aumentar a margem PSD na cidade (fusão Foz do Douro/Nevogilde).
Assim os resultados esperados nas proximas eleições para a maioria PSD ( e eventualmente PP e se for preciso CDU) é de PS com Campanhã ( A Freguesia de sempre e dos socialistas - para mim tem um sabor especial porque é "matriarcal") e uma freguesia unica do centro histórico, entretanto com a área socialista dividida com a guerras figadais de 5 presidentes de Junta que querem todos continuar a ser e se for outro mais vale perder.
A Foz e Nevogilde garantem que assim, na terra das casas caras, dos muros altos e dos prédios de luxo a direita ganha sempre.
Devo-vos dizer que acho esta "manobra" de reorganização uma palhaçada. Repito, palhaçada. Para que fique claro porque não são membros do Governo ou Presidentes de Câmara que com a sua ignorância fazem dos outros palhaços.
Sou, como é publico, defensor convicto, convicto mesmo, das fusões de Freguesias e até de concelhos. Sou como sabem adepto de um novo desenho da cidade do Porto, abraçando parte de Gaia, parte de Matosinhos e parte de Gondomar.
Agora expliquem se isto é forma de redesenhar as freguesias da cidade do Porto? Junta-se estas e se calhar mais aquelas! Que ignorância!
Então e Cedofeita está bem? E santo Ildefonso está bem assim? E Bonfim serve para alguma coisa? E Paranhos, Ramalde e Campanhã continuam a defender a corda periférica? E Lordelo também não se podia juntar à zona ocidental? E Massarelos para que serve, só para lá morar o presidente de Câmara? E porque não Aldoar com Nevogilde (que já partilham o Parque da cidade)?

É que cheira mesmo a decisões tipicamente feitas a partir dops gabinetes lisboetas que indiferentes à história ao contexto social e cultural, decidem poupar uns cobres e portanto fazer o frete ao Rio.

Se alguem tem dúvida que olhe com atenção aqui.

E já agora parabéns ao Francisco Assis, ao Renato Sampaio e ao Orlando Gaspar pela defesa dos valores portuenses junto governo. É que se fosse para divulgar uma qualquer obra ou nomeação estavam eles nos jornais. Mas como é um assunto que lhes causa o incomodo e as chatices dos caciques locais (aqueles que lhes guardam os votinhos internos), duvido que estejam pelos ajustes.

E afinal ninguém explica qual a posição destes dirigentes Socialistas nesta matéria, mas eu ajudo:

1º Renato Sampaio, o pouco conhecido lider distrital portuense, dirá que concorda com as decisões. Diz isso com a justificação de um "porque sim" e aliás "sou bastante amigo pessoal do António Costa".

2º Francisco Assis dirá no interior do PS que concorda com a posição de todo e qualquer Presidente de Junta, propondo-se intervir junto dos dirigentes do governo. Por outro lado dirá também aos dirigentes nacionais que intercederá junto dos dirigentes locais para aceitarem as decisões ponderadas de Lisboa.

3º Orlando Soares Gaspar, Presidente da Concelhia, defenderá os seus apoiantes mas com moderação, até porque seguirá a velha máxima de "caminhar e medir". Ou seja por uma lado sim, por outro não! Mais ou menos como na questão da Av. dos Aliados. Concordo com tudo, mas algumas coisas deviam ser explicadas melhor!


sexta-feira, julho 28, 2006

Eu estou confuso

Bom, ou eu estou doido ou então isto parece-me muito complicado!

Então o governo usa como porta voz o líder da distrital do PS para anunciar investimentos públicos?

E se virem na noticia impressa no Jn o cenário é ainda pior. Porquê? Primeiro porque se insinua que existe uma solução alternativa para a linha do Metro que ninguém conhece. E segundo porque o lider da distrital aproveita para mandar os recados internos em nome do secretário geral do PS.

Terceiro, parece que o que conta é essencialmente o modelo de gestão da Metro!

Enfim estão a misturar alhos com bugalhos.

Sinceramente estou solidário com o governo PS e com este secretário-geral que apoio e apoiarei no próximo congresso nacional. No entanto é necessário dar outro rumo às abordagens na política local.

terça-feira, julho 25, 2006

O estado do sitio

Sabia que:

Existe alguém a receber dinheiro público do Municipio para escrever isto!

Se souberem quem ele é (embora eu acredite que o autor decidiu colocar o seu próprio nome lá pelo meio do texto, à Jardel) digam-lhe que já podemos usar a palavra sítio em vez de "site".

segunda-feira, julho 24, 2006

Estranho porquê?

Via Baixa do Porto, pela mão do TAF fiquei a saber sobre o concurso do Mercado do Bolhão:

- Composição do Júri para as propostas do Mercado do Bolhão

"Comissão de Avaliação:
Presidente - Dr. José Pedro Aguiar Branco
Vogal - Eng.º Rui Quelhas
Vogal - Sra. D. Laura Rodrigues
1º Suplente - Dr. Lino Ferreira
2º Suplente - Prof. Dr. Hélder Pacheco"

Diz o mesmo Tiago que:

Este júri parece-me bastante "exótico" face aos critérios de avaliação das propostas...

Confesso que a mim só se apresenta exótica a presença do Hélder Pacheco

O Metro em dia de Rivoli

No dia em que se fará a vigília sobre o Rivoli, acho interessante falar sobre o Metro. Calculam evidentemente que sobre o assunto do Teatro tudo está dito, ou melhor tudo está explicito. A CMP assume que a área cultural não é algo em que aposte, tanto mais que a receita parece ser realizar um corte radical com a grande aposta cultural da década de 90 – a ruptura com o património e a cultura que lançou o Porto para um debate nacional e nalguns momentos internacional. Enfim, dirão que é a visão de um economista! Mas não é verdade, afinal Fernando Gomes estudou os mesmos livros, nas mesmas carteiras, na mesma escola de Rui Rio.

E falo de Fernando Gomes porque já agora deveríamos repensar a “estória” do Metro na Boavista. Como se sabe opus-me à intervenção mal conseguida para as corridinhas de carros antigos, disfarçada de intervenção do Metro na Boavista.

Mas infelizmente as árvores foram cortadas e nenhumas foram plantadas (conforme haviam prometido), e tudo continua mais ou menos na mesma. O eixo que liga a segunda centralidade do Porto a Matosinhos, fruto da emancipação de Leixões, continua aquém do que pode ser.

O PS tem demonstrado grande apetência para discutir os assuntos de urbanismo com alguma profundidade. Infelizmente partilha muitos erros no passado recente. Tenho a certeza que Fernando Gomes não deixaria de aglomerar opiniões sobre estes temas prementes. Sempre o fez e se usou as grandes obras em seu proveito, fé-lo consultando a cidade e incentivando todos à sua compreensão.

Julgo, portanto, que não devemos esperar pelo avanço dos estudos e obras para depois guerrear fatalidades.

Este fim-de-semana um estudo indicava novos caminhos e trajectos para o Metro. Assim sendo o PS deveria assumir que a conversa do eléctrico é um argumento falhado! Estava previsto na remodelação da Av. da Boavista, um projecto de Manuel Ventura que foi substituído pelo messiâncio de Siza. Por isso já não tem sentido. Ou queremos o Metro na Boavista ou não queremos. Ponto final.

E se é para fazer, ou se isso será uma inevitabilidade, que não façam como nos Aliados em que daqui a uns tempos far-se-á uma conferência com Eduardo Souto de Moura e Siza Vieira e todos ficaram rendidos à sua estirpe de internacionais modelos da melhor arquitectura portuense. Provavelmente virão demonstrar um novo modelo de Catenárias (tipo Philip Starck) que encaixarão que nem uma luva na “estéctica” proclamada.

E já agora, se a Exponor sai mesmo dali, porque não prolongar para lá a actual linha do Metro que acaba no Senhor de Matosinhos? Será realmente melhor ligar Leça à linha da Trofa? Admito que sim, mas parece-me que deveria haver maior intervenção política.

É que o meu maior receio não são as ideias de Rui Rio e companhia, mas sim a forma como ele as aplica. Fico com a sensação que mesmo o projecto mais inovador e dinâmico na cidade seria feito à paulada (porque assim tem que ser). Mas todos sabemos que se a gestão de Rio estivesse lá há uma década, provavelmente já haveria missa no Coliseu e a Casa da Música estaria tão desenvolvida como o edifício transparente. Mas neste caso da Boavista é preciso particular cuidado, se calhar alguns dos estudos do Metro tem sentido e se calhar, repito se calhar, mais vale acautelar um bom projecto do que repetir o ridículo que nos cobriu no túnel de Ceuta.

sexta-feira, julho 21, 2006

Uma proposta

Depois disto de no Porto o Pavilhão Rosa Mota e o Teatro Rivoli passar afinal para a mão de concessionários (um deles é o La Féria - coisa que me irrita), ocorreu-me:

- Porque não concessionar a Câmara Municipal do Porto? Fazia-se um concurso com convites ao grupo Sonae, ao Grupo Amorim e a mais um ou outro para disfarçar, e já está.

Dirão vocês: Mas concessionar o quê? Já tá quase tudo - o Smas, as obras (gop), a Sru, e o resto são feijões.

Pois se calhar tem razão!

quarta-feira, julho 19, 2006

O Metro

Sem malicia, reparem no que se vai passando sobre o novo modelo de gestão do Metro aqui.

volta, não volta!

Sob a lógica do tempo as virtudes dos blogues residem na sua emocionalidade. Se assim não fosse não haveriam de ter sido o sucesso que tiveram. Mas a velocidade de mudança é grande e o empenhamento em projectos é também volátil.

Aqui no fórumsede tem sido assim. Às vezes uns, às vezes outros, outras vezes todos. É natural que me período de acalmia política (sim de verdadeira acalmia política, nalguns casos resignada, mas não deixa de ser acalmia) muitos encontrem dificuldade de encetar os temas a debate.
Podíamos falar de cinema ou de arte. Da tristeza do cenário internacional. De tudo e mais alguma coisa.
Mas não este espaço surgiu para falar de política. E para outros tempos existem sítios bem melhores que o nosso.
Os socialistas a debate tiveram o seu tempo. Agora os socialistas debatem pouco. Mas continuamos a ter pertinência. E creio há-de continuar a ter o socialismo a debate.

O António Moreira prestou um magnifico serviço. Não a nós, mas ao debate em geral no burgo. Nunca foi unânime, mas também nunca quis ser.

Continuo a acha-lo muito socialista e pouco resignado. Ainda bem!

Ao contrário de outros sítios, aqui ninguém se chateou, ou deixou de falar (pensem lá o que quiserem). A Raquel tem andado ausente, o Pedro terá honrarias académicas muito em breve, o Daniel não pára e eu confesso que fiquei cansado de tanto debater política. agora foi o António que qual carregador de piano, parou a descansar.
Todos fizeram aqui um divertido e sério contributo. Alguns deixaram isso sim de escrever. Porque às vezes temos mais para dizer, outras vezes menos.
Entretanto não quero que pensem que me tenho explicado por códigos implícitos e pouco compreensíveis. Não é verdade! Simplesmente esta tem sido uma época de alguma expectativa. Há que saber esperar, nomeadamente por melhores projectos e melhores debates. Não me acho a motriz do debate interno e externo nos socialistas no Porto. Mas acho que já tenho dado o meu contributo. E quem sempre fala tem pouco tempo para pensar, ou melhor para observar. Por isso tenho reflectido bastante. Creio que os esforços nos grandes e pequenos blogues (especilamente os portuenses tem menos importÂncia que aquela que merecem). Passam em geral por cronistas frustados.

E qualitativamente o debate político em Portugal decresceu nos últimos tempos. O nosso blogue também disso se ressentiu.

Não existimos para fazer oposição à CMP, nem para tentarmos ser o espaço que “a baixa do porto” já é. Mas repito podiamos todos ser mais? Sim!
Aliás todos se conhecem e respeitam, mas quando quiserem fazer um espaço de debate a sério sabem que não podem ser "egocêntricos".

Por isso ao António espero continuar a tê-lo por aí. E se lhe apetecer escrever que o faça. Já lho disse e não é segredo. E ele não irá resistir.

Aliás estou descansado sobre esse tema. Quando quisermos e quando for preciso cá estaremos todos.

Entretanto a quem nos for lendo e se alguma coisa de jeito tivermos para dizer – melhor.

No entanto lembro-vos que o Sede não pretende ser um projecto jornalístico de acompanhamento diário, semanal ou mensal. Pretende ser o que é – um instrumento de divulgação, genericamente tendencioso, às vezes polémico, outras vezes mortiço.

Não somos nem o abrupto dos socialistas nem os blasfemos de esquerda. Mas temos quem nos leia, e assim há-de continuar a ser.

segunda-feira, julho 17, 2006

Vou ali e já (não) volto


É verdade

Mais uma vez estão à porta as férias de verão.
Há um ano, por esta altura, fiquei por aqui a tomar conta do SEDE.
Este ano também vou de férias em Agosto.

Pois...
Passou pouco mais de um ano desde que aceitei o convite para escrever aqui no SEDE.
Mais uma vez relembro o que então escrevi, nomeadamente que:

« …, acima de tudo, aceitei pelo gozo de escrever, de participar, de discutir, de provocar.»

mas tenho que destacar o último parágrafo:

«...Enquanto for agradável, para mim e para os outros “Sedentos”, cá estarei :-)»

Não me interessa discutir ou analisar as razões, o facto é que deixou de ser agradável para mim e, por isso, vou.

Foi um prazer “conhecer” o Avelino e o Daniel, assim como o Pedro e a Raquel.

Foi um prazer maior conhecer a Maloud, o Atento, a Angie, o Pedro Silva (e o CãoRafeiro).

Aos que me convidaram e aos que me aturaram, o meu muito obrigado.

Quando me apetecer escrever, escrevo no “Provotar” (onde vou também, com tempo, organizar o arquivo do que por aqui deixei).

Quando me apetecer comentar algo, aqui ou noutro lado, aparecerei na caixa de comentários.

Felicidades para o SEDE e para os seus mentores


Um abraço a todos
António Moreira

quinta-feira, julho 13, 2006

No estio

Nesta época estival parece não haver política. O futebol ocupou os jornais, as mentes e as aspirações de todos, ou melhor de quase todos. Não choro, nem fico noites em branco a celebrar feitos desportivos. Eu que gosto tanto de desporto. Eu que sempre pratiquei algumas modalidades, inclusive futebol. Mas não consigo chorar de tristeza nem exultar a alegria profunda de uma conquista que representa uma efémera taça. Gosto do processo, do caminho para lá chegar, de vêr e vibrar. Depois acabou. Na arquitectura é igual. Não sei porquê nunca gostei de visitar as obras que fiz. Guardo-as naquela aura de obra completa inabitada. Essa é só minha, depois dou-a aos outros, tomem lá e mexam nisso. Ao contrário de Siza e outros não me incomodo com as novas pinturas, a caixilharia mudada, o painel na fachada. Tenho para mim que aquilo vale se, resistindo a isso, continuar a ser também uma peça equilibrada e feliz.
Sempre me apaixonou esta ideia de estar dentro das coisas a tentar colocar-me de fora. A observar como espectador sendo interveniente.
Nada mais divertido do que constatar as acções instintivas e básicas dentro de um rectângulo de jogo. Olhar em redor e ver que, os que são os espectadores, se importam mais do que os que combatem o objectivo do golo.

Na política é também assim. Quem estiver lá dentro hoje, e não perceber que não existe política tão cedo, provavelmente não tem lucidez. Digo política, política. A verdadeira, a que muda a vida das pessoas. Estas para já não muda, puderá vir a mudar, espero eu.

Aos que consultam o Sede tenho que ir pedindo desculpa. Não tenho conseguido escrever, começo e nunca acabo. Tenho tido uma obecessiva atitude bloqueadora. Começo irritado, escrevo e depois acho mesmo que não tenho nada para dizer. Como agora. Mas ainda assim, para não pensarem que isto é um farrapo triste de desculpa, apetecia-me deixar aqui as primeiras frases incompletas das coisas que se vão passando por mim. por isso deixo mesmo.

Primeiro passando pela oposição interna ao Sócrates (como se ela existisse!). Manuel dos Santos aproveitou com vaidade um vazio, e cá de cima do Porto, lembrando que trabalha de 2ª a 5ª em Bruxelas, pôs-se em bicos de pés. Alguns mais atentos terão vistos que andei lá nessa barulheira. Foi como aquelas "cenas" dos tipos que estão no Leilão e levantam o braço para chamar o amigo que passa na 3ªa fila ao lado e quando dão conta compraram uma velharia caríssima. Depois podem tentar devolvê-la, mas da fama não se livram. Está bem, queria ser Churchil para me lembrar de uma daquelas máximas se que encaixaria a esta situação como uma luva. Mas nem a esse trabalho me sei dar. Quero lá saber da guerra de Manuel do Santos com Sócrates, quero saber tanto como ele da minha contra os dirigentes distritais do PS onde fui uma voz isolada, e não me arrependo. E ele arrepender-se-á? Não! chamou "comissão liquidatária" do socialismo ao governo de Sócrates!
Fez bem? Fez mal? Bom fez alguma coisa, mas não creio que tenha sido um acto de coragem. Essa coragem teria sido boa se tivesse encetado uma candidatura interna ao distrito portuense. Mas não fez, e isso interessa alguém? Então? Se calhar não vale muito escrever sobre isso.

Depois pensei escrever um pouquinho sobre o nosso governo. Ele encara o problema de inúmeras multinacionais a fechar. Elas vão para leste, Roménia, Hungria, etc. Como podemos entretanto observar o cenário optimista de sermos competitivos? Bom toda a gente sabe o resto da história. Toda a gente duvida que o desemprego real não seja bem maior que o oficial (7,7%).

E também me apetece defender o governo PS. Não que não ache que não sou capaz de o conseguir fazer bem. Mas o problema é que os disciplinados acéfalos do meu partido o fazem tão indiscriminadamente e de forma tão bacoca, que ainda me confundirão com eles. Então é melhor não. Há muita coisa em que tenho dúvidas, mas era o que faltava pensar que agora que temos uma equipa estável e um líder com estratégia, fossemos todos a correr mina-lo, descredibilizar a sua acção – em suma fazer oposição por oposição (ainda mais interna). Se é tão difícil obter a estabilidade governativa, saibamos esperar pela concretização das acções. Mas isso não significa que não se assuma que se com José Sócrates temos provavelmente a governação socialista mais estável, menos dependente do estado de graça ao jeito guterrista, por outro lado temos o PS na sua pior situação desde a fundação. Democracia interna pouco clara. Lideres intermédios fracos, sem peso político, sem discurso e sem ideias. E meus caros não me refiro só ao Porto. Refiro-me também ao Porto. Então pode ser que Sócrates seja o pior secretário-geral dos últimos tempos. Ou então o melhor, por ser exactamente o pior. Não alimentou as "comanditas" e prefere ter tipos menos bons e tudo na barafunda, do que aturar as vaidades como Guterres. Enfim, creio que são ventos semeados que serão colhidos nas próximas legislativas, a ver vamos. Mas isso interessa? É alguma novidade? Vale a pena esta reflexão pública?

E já agora falar das coisas "comezinhas" dos autarcas. Começar em Carmona Rodrigues. Que admitiu que talvez, repito talvez, tenha muitos colaboradores directos. É possível que despeça alguns.
É tão bom homem o senhor. Mesmo nas asneiradas é humilde. Ninguém o crucifica. Se fosse Fernando Gomes ou Santana era devorado por ter cinquenta ou sessenta assessores directos, perfazendo UMA DESPESA PÚBLICA NACIONAL, sim porque Lisboa é Portugal para tudo, não é só para algumas coisas. Mas isto interessa? Alguém dá mais atenção ao caso do que ao tombo que ele antes deu na prova de bicicletas a descer o bairro alto? Então só se fala disso daqui a 3 anos, OK?

E rui Rio? Esse senhor portuense. Figura admirada pelos que não gostam de Pinto da Costa. Esse democrata sério e exemplar para o País ( e para a maioria dos portuense, não esqueçam). Faz clausulas salazaristas para atribuir subsídios. Transforma serviços públicos mentindo a trabalhadores (combinando nas costas com alguns dirigentes do PS). Alguém se importa muito? Acham que vamos seguir isto de que Aldoar rouba água para regar o cemitério? Que Campanha perde um Centro de Saúde? Que isto aquilo e mais aqueloutro?
Já viram que reabilitada está a baixa? Já notaram que novos projectos estão em marcha? Que há menos pobres no Porto? Há menos arrumadores, lá isso há! MAS há arrumadores. E por mês, números redondos, segundo Rio, por cidadãos tratados gastam-se 90 contos por mês (na moeda antiga como ele diz). O giro é que esses 90 contos não estão no bolso dos desgraçados que arrumavam os carros e agora tem metadona e cobertores. O problema é que esses 90 contos multiplicados, estão no bolso dos técnicos e dirigentes da "PortoFeliz". Eles felizes. Nós continuamos na mesma. Mas isso interessa? Se já nem RUI Sá visita os bairritos aos sábados. Se a equipa de Assis ainda não pôs os pés em nenhum dos cinquenta e tal bairros que calcorreou duas, três e quatro vezes há menos de um ano. Por isso fico a falar sozinho. E calo-me – para já!

Por isso ando no estio, a saborear outras coisas. Não consigo partilhar aquilo em que nem sequer tenho pensado. Volto-me para o lado e faço mais um esquisso, aquela parede, a janela, o detalhe. E depois faço de conta que sou espectador da minha própria obra. Quando volto lembro-me que prefiro ser espectador de mim próprio do que juiz dos outros.

quarta-feira, julho 05, 2006

Aqui vai-se fazendo o DEBATE


Com ou sem a presença deste ou daquele a verdade é que aqui no SEDE se vai fazendo o DEBATE.


Pode não ser aquele debate em que se diz bem de tudo o que faz o governo e mal de tudo o que faz ou diz a oposição.

Pode não ser aquele debate em que se realçam as superiores qualidades dos cidadãos (empresários e/ou trabalhadores) do Porto ou do Norte, e se demonstra que, afinal, as causas do nosso atraso tem todas origem em Lisboa.

Pode não ser aquele debate em que apenas se glorificam as vitórias da selecção de futebol ou, pelo contrário, se relativizam os sucessos pela falta de alguns artistas azuis e brancos.

Pode mesmo ser um debate em que quase só se discute a qualidade do nosso sistema democrático

Pode mesmo ser um debate em que quase só se discute o como e o porquê de um governo eleito pelo “povo de esquerda” estar a governar quase exclusivamente “à direita”

Pode mesmo ser um debate em que quase só se discute o essencial, deixando tanto do essencial ainda por discutir, em vez de se ir debatendo o acessório e o folclore político.

Pode mesmo ser um debate em que quase só se discute nas caixas de comentários (por vezes deste e doutros blogues) servindo as “postas” mais como “rastilho”.

Pode mesmo ser um debate que viva quase exclusivamente da superior qualidade dos comentadores que ainda nos vão dando a honra de aparecer por aqui.

Sinceramente é APENAS por eles que vou continuando.

António Moreira

sexta-feira, junho 30, 2006

quinta-feira, junho 29, 2006

Lá vem “eles” outra vez com o referendo.


Já todos puderam constatar que, em Portugal, quando se quer impedir a aprovação ou a implementação de alguma legislação, regulamento ou mesmo até de algum investimento, não existe ferramenta mais eficaz do que o referendo.

Muito mais do que em eleições legislativas, presidenciais, europeias ou locais, nas quais o fenómeno da “clubite partidária” já cimentou 80 ou 90% das decisões, cabendo assim a verdadeira decisão ao volátil “eleitorado flutuante” que lá vai pesando para um ou outro lado (sempre PS ou PSD) sempre esquecendo que já antes tinha confiado nos que agora o “traíram” e dos quais assim se “vinga”, nos referendos (a que a maioria dos eleitores vira as costas e muito bem) a decisão cabe (e muito bem também) sempre à meia dúzia dos que vão votar inchados de um fervor e convicção que lhes foi incutido quer pelas suas convicções profundas, quer pela análise apaixonada dos temas, pela demagogia das direcções partidárias, pelos interesses dos patrões da comunicação social, quer, maioritariamente, pelas doutas orientações da “santa madre igreja”.

Foi assim, já por uma vez, quer com a despenalização do “aborto” quer com a regionalização (contra a qual votaram os “de direita” de todo o país e os “de Lisboa” de todas as cores).

Não foi assim para a aprovação do tratado constitucional europeu porque outros, antes de nós, lhe deram a “machadada” devida, por razões que, obviamente, nada tinham a ver com o que estava em causa, votando assim sem sequer ler o tratado, como os de cá fariam se tivessem tido a sua “chance”

Queriam recentemente, alguns “maduros”, impedir assim o avanço de coisas tão diversas como os investimentos da Ota e o do TGV ou, ainda esta semana, a aprovação da regulamentação da procriação medicamente assistida.

Ninguém se lembrou de tal, naturalmente, para decidir a nossa adesão à então CEE, a substituição do escudo pelo euro, o fim do serviço militar obrigatório, a independência das ex-colónias, o fim do “estado-novo”, a implantação da república, a abolição da escravatura ou mesmo da pena de morte.

Tremo só de imaginar qual seria, quer o grau de participação, quer os resultados, se tivesse sido dada a oportunidade ao “nosso bom povo”, para, com a sua provebial “sabedoria e bom senso” decidir sobre esses assuntos em referendo…

Então agora, lá vem o PS cumprir uma das suas promessas eleitorais (mas porquê cumprir uma? e porquê esta?) e anuncia avançar com o pedido de novo referendo à despenalização do aborto (ou da IVG, pronto), o qual se deverá efectuar em Janeiro.

O objectivo só pode ser o de encontrar a forma de, hipocritamente, deixar tudo na mesma, servindo assim a igreja que não se esquecerá de agradecer, e, ao mesmo tempo, alijar as responsabilidades para “o povo”, fundamentalmente o “povo que se absteve”, sem esquecer de chamar a atenção para a responsabilidade, nessa abstenção, da actuação irresponsável, quer do PCP, quer de alguma da tal “esquerda festiva”.
Será também a forma de a "direita" mais caceteira se unir, de semear alguma confusão no PSD (como se esses pobres não tivessem já confusão que chegue...) e de, por via de uma eventual vitória dessa "direita", reunir o "povo de esquerda" em redor do único partido que os pode "levar ao poder".

Quem quiser que faça campanhas, que bata em latas ou mesmo que finja o seu empenhamento, que eu, para este peditório, nem dei da outra vez, nem vou dar desta.
António Moreira

quarta-feira, junho 28, 2006

Foi só o homem que se passou ou vocês estão todos cegos?



"... a "Fundação Eugénio de Andrade sempre se portou bem".

A notícia está aqui

Comentários faça-os quem quiser (se quiser).

António Moreira

segunda-feira, junho 26, 2006

Ganhámos !!!!!!!!


Os trabalhadores da GM da Azambuja celebram com euforia a passagem aos quartos de final.

António Moreira

quinta-feira, junho 22, 2006

A "jogada" do costume...


Pelos vistos, enquanto vai decorrendo o mundial da bola, foi aprovada na Assembleia da República a legislação sobre Procriação Medicamente Assistida.

Apesar de falhas e limitações notórias que a lei apresenta, é de realçar o facto que, finalmente, exista legislação que regule matéria de tal sensibilidade e importância que, sendo praticada há mais de vinte anos, ainda carecia de regulamentação.

Ora, acontece que sempre que alguma, mesmo que tão tímida, medida de progresso esteja em vias de ser implementada, quel peste medieva, lá aparecem os mesmos fundamentalistas conservadores, sempre facilmente arrebanhados pelas correntes mais obscurantistas da igreja católica.

Então, como já viram que a receita até resulta, vá de a utilizar à exaustão, o esquema é chamado:


REFERENDO


Foi já à custa da utilização dessa tramóia que Marcelo Rebelo de Sousa e António Guterres conseguiram inviabilizar quer a regionalização quer a despenalização (condicionada) do aborto.

Agora, vem uns (pelos vistos em rebanho de quase 80.000 alminhas) com uma petição que não tem outro objectivo que não seja, pela tal via do referendo, impedir que venha a ser aprovada qualquer legislação que tenha a ver com assuntos fundamentais para os cidadãos e as famílias, sem que a mesma seja, previamente, aprovada pela igreja católica.

Quer se queira ou não aceitar, é isto na realidade o que está em causa, impedir que sejam aprovadas quaisquer iniciativas legislativas nesta área que não tenham sido, previamente, aprovadas pela ICAR e apresentadas ao parlamento pelos grupelhos que defendem os seus interesses, o CDS e o PSD.

Que o façam utilizando a mesquinhez, a ignorância, a estupidez, a superstição, a crendice e a boçalidade que por cá semearam durante mais de quatro décadas, e que os partidos e os cidadãos ditos de “esquerda” permitiram que se mantivessem e florescessem ainda, mais de 30 anos passados sobre a implantação da “democracia”, diz tudo quer sobre o carácter dos promotores deste artifício, quer sobre o dos deputados dos partidos que apoiam esta actuação, quer, obviamente, sobre a real natureza desta "democracia".

Claro que tenho consciência que o “chapéu” também servirá a muitos dos que vão ler isto (alguns até dos que se dizem "de esquerda")…

Seguem os “links”

Algumas notícias, aqui, aqui e aqui
Algumas posições de

Uns e de outros...

António Moreira

segunda-feira, junho 19, 2006

Sobre o Smas

Hoje vai a votos a decisão final de transformar o SMAS em empresa (seja ela de que índole for – empresa é empresa e eu sei o que significa, não me lembro de dizer lá serviço público). Como se recordam da ultima vez o PS não permitiu que existisse quórum, da mesma forma que a maioria da CMP não se muniu de pareceres fundamentais para garantir a justeza do processo.
A oposição na vereação tem sido mais permissiva às veleidades de Rui Rio .
Assim hoje os socialistas estarão contra esta holding empresarial em que se transforma a CMP.
E bem.

sexta-feira, junho 09, 2006

quarta-feira, junho 07, 2006

Para si, faz sentido?


Esta história real foi-me contada pelo seu protagonista:
(eu sei que parece tirada das selecções do RD :-))

Esse, português, foi durante algum tempo, desempenhar funções na sede da uma multinacional, na Suécia.

Nos primeiros tempos, como não dispunha ainda de automóvel, recorreu à “boleia” de um colega de trabalho, sueco, que vivia perto do local onde estava alojado.

Esse colega prontificou-se a levá-lo diariamente para a empresa, tendo, todavia, avisado que habitualmente ia muito cedo para o trabalho.

Foi com alguma estranheza que esse português reparou que, apesar de haver muitos lugares vagos, mesmo junto aos portões de entrada da empresa, o seu colega sueco estacionava o carro sempre algo longe da entrada pelo que ainda tinham que efectuar um percurso apreciável a pé até ao portão de entrada.

Ao fim de alguns dias a verificar sempre este comportamento e, tendo já estabelecido um certo grau de confiança com o colega sueco, atreveu-se a questionar a razão de tal comportamento.

O sueco respondeu tão simplesmente que, já que chegava habitualmente cedo, não lhe fazia qualquer diferença deixar o carro algo mais longe e fazer um pequeno percurso a pé, sendo que, para os colegas que chegassem mais tarde seria decerto mais conveniente encontrar lugares mais próximos da entrada.

Há culturas para tudo...

António Moreira

terça-feira, junho 06, 2006

Urbanismo do Porto nos blogues

O Vereador do Urbanismo veio no blogue de "a baixa do Porto" escrever a sua justificação sobre as noticias em que dizia acatar a decisão do tribunal sobre as construções no parque da Cidade.

Rio Fernandes creio haver precipitado um elogio, metendo foice em Seara alheia pois não possui responsabilidades ao nivel do PS Porto Concelhio ou Distrital (como tinha no passado recente), dizendo da disponibilidade do PS em contribuir para resolver o imbróglio juridico-financeiro do urbanismo do Porto. Bom, não percebo de quem foi essa disponibilidade, se da bancada liderada por Assis, se da Assembleia Municipal, se da Concelhia Socialista Portuense, ou mesmo da Distrital.
Nem sequer qual a vantagem de um dirigente do PS, que por sinal é também um técnico que teve envolvimento no planeamento recente da cidade do Porto, em vir fazer uma abordagem destas quando o clima é de debate político dos socialistas ao branqueamento que se faz agora destes processos, nomeadamente deixando tudo nas larguissimas costas de Nuno Cardoso, que tem sem dúvida a sua quota parte de culpas, fruto daquelas noitadas de despacho que entendeu oferendar a Gomes.

Mas, se entretanto lerem um bom artigo de Carlos Abreu Amorim no jn sobre o processo da Quinta da China, citado via blasfémias, onde, como sabem, CAA é um dos escribas desse famoso blogue portuense.
Na mesma fonte, justifica-se não perder o que diz o Tiago Azevedo Fernandes, já agora autor, como sabem, do blogue "a baixa do porto".

Já agora junte-se a isso as noticias de hoje sobre as construções na escarpa do Douro, vulgo Secil, com imagens da proposta anterior ( do tempo de Nuno Cardoso) e a actual (que será construida).
Sem qualquer segunda intenção, já agora registe-se o seu autor, Arqt Rogério Cavaca, arquitecto dos edificios de Matosinhos denominados "portas do mar" que tem sido muito criticados ao nivel da volumetria prevista, aliás construída.


Sem duvida que os tempos são outros...

segunda-feira, junho 05, 2006

Sem nenhuma vénia

Já li muito disto (e ainda pior reconheço), quer em "blogs" quer em alguns jornais, mas sempre assinado por pessoas que, sem grandes complexos, se assumem como "de direita", como "conservadores" ou até como "liberais" (eufemismo com que, pelos vistos, está na moda auto classificarem-se os "fascistóides").
Em suma, por pessoas que entendem que a existência de outros homens, de outros cidadãos, apenas faz sentido em função das necessidades e "marés" do mercado e que as regras da sociedade e do estado devem necessáriamente subordinar-se e adaptar-se aos interesses e às lógicas do sacrossanto mercado, do omnipresente e omnisciente capital, e não, precisamente, o contrário.
Eu entendo que é até saudável que as pessoas escrevam o que realmente pensam, sem ter em conta o valor da sua escrita ou do seu pensamento (ou seja, exactamente da mesma forma que eu).
Agora o que torna este exercício digno de menção é o facto de esta miséria ter sido escrita por alguém que "bate no peito" e se afirma "de esquerda", pelos vistos é militante do Partido Socialista, e , ainda por cima, parece ser merecedor de elevada consideração intelectual e política dos restantes autores aqui do SEDE (p.f. corrigam-me se estiver errado).

Eu serei dos primeiros a admitir que já não faz sentido (se é que alguma vez fez) a discussão em termos de esquerda/direita a qual tem apenas um significado quase clubístico e que, cada vez mais, a fronteira é "moral" (ou "religiosa"se quiserem) ou seja, passa muito mais pela discussão do que são os direitos e deveres dos homens em relacção aos outros homens, de quais devem, nos dias de hoje, ser os fundamentos da sociedade e do estado, do que as bizantinas discussões do mais ou menos estado, mais ou menos privado...

Mas, aparentemente , nos meios mais "intelectualizados", não interessa discutir nada de nada mas apenas "batucar" as teses destes "tom tom macoutes" do mercado.

É, assim, sem nenhuma vénia que aqui reproduzo sem mais comentários:

«Sábado, Junho 3
BOAS-VINDAS.

O Público de hoje noticia a oposição dos sindicatos da administração pública aos diplomas sobre o regime dos supranumerários, onde incrivelmente teremos pessoas a receberem um ordenado sem que o seu trabalho seja necessário - e ainda poderão acumulá-lo com um emprego no sector privado.
O jornal cita Ana Avoila, sindicalista da Frente Comum, numa espantosa declaração que é todo um programa:

«Tendo em conta que a média de idades dos funcionários do Estado é de 51 anos e que o desemprego está a aumentar, será muito difícil conseguir trabalho lá fora».

Lá fora, portanto, no exterior do ventre protector do Estado.
Lá fora, onde estão todos os outros contribuintes que mantêm uma das mais pesadas e ineficientes máquinas administrativas da União Europeia.
Lá fora, onde não há salvo-condutos para quem não sustente no trabalho diário as razões da sua contratação original.
Lá fora, onde existe o risco, a competição pela diferenciação, sistemas de avaliação, mérito e mobilidade.
E onde a manutenção de funcionários e a sua remuneração obedecem à racionalidade económica do agente empregador.

Sejam então bem-vindos.

# escrito por Tiago Barbosa Ribeiro em
3.6.06 »


À Vossa superior consideração

António Moreira

A propósito...


Das reflexões deixadas por uma nossa estimável (e muito estimada) comentadora nos deixou num outro “post”, convirá ler a entrevista de Rui Rio ao Correio da Manhã, bem como os comentários que seguem, nomeadamente estes que aqui reproduzo:

«- Jotavieira
Rui Rio, é dos poucos políticos antigos em actividade, dos mais impolutos e competentes.
De certeza, seria um bom primeiro-ministro.
E com maioria absoluta, punha Portugal nos carris.
- pedro

Gostava de ver este Rui Rio candidato a 1º Ministro, acho que era capaz de fazer alguma coisa de jeito.
Alguns amigos meus do Porto dizem que ele tirando o F.C.Porto, até fez um bom trabalho no Porto.»

Sem querer entrar pela análise da entrevista, até porque me vai faltando a pachorra para aldrabões deste tipo, gostaria apenas de chamar a atenção para esta pérola:

« – Porque é que não esteve no Congresso do PSD?

– Porque estava a tratar de problemas da Câmara no Mónaco….»

e, agora, ir ao site da CMP, avaliar a dimensão dos “problemas da Câmara” que S. Excia esteve a tratar no Mónaco.

Palavras para quê Angie?

Quando este “cavalheiro” (ia escrever energúmeno mas lembrei-me a tempo) for primeiro Ministro de Portugal, vou poder dizer-lhe:

Eu bem avisei…

António Moreira

sexta-feira, junho 02, 2006

O carteiro toca sempre duas vezes

Sabemos hoje via Jn que a CMP perdeu o processo do Parque da Cidade.

Bom, aí vêm outra negociação. Afinal é sempre culpa de Nuno Cardoso.

Já agora, recordam-se dos honorários do advogado contratado para este processo. Será que ele fez desconto aos cerca de 500 mil euros na altura falados na imprensa?

quinta-feira, junho 01, 2006

Há causas e Causas


Pelos "latidos" de alguém muito especial tivemos conhecimento desta Causa.

Penso todos terem já uma ideia sobre o que acho do ridículo das “microcausas” que, desde que algum pereira se lembrou de tal pela primeira vez(?), não deixaram de atacar-nos, com maior ou menor regularidade.

Lembro ter avançado, em tempos de campanha presidencial, com uma “macrocausa” que, como seria de esperar, não encontrou quase nenhum eco, nem tal era, claramente, o seu objectivo.

Mas, como diz o título desta “posta”, há causas e Causas.

Se puder, faça como nós, dê visibilidade a esta Causa.

António Moreira

quarta-feira, maio 31, 2006

REQUERIMENTO OFICIAL DE SOLICITAÇÃO ESPECIAL

Carta da secção,

Caro senhor doutor, vossa excelência na minha pessoa de seu humilde criado sirva-se com os meus cumprimentos na imagem daquele que eu sei você ser, o maior e melhor dirigente do PS local na distinta e mui nobre leal cidade no Porto. Vimos por este meio saudar sua excelência pela iniciativa e acção política que tem desenvolvido nestes últimos anos e queremos agradecer antecipadamente a deferência com que sempre nos atendeu, e todas as vezes que no passado ou no futuro nos convidou para almoçar ou jantar em períodos de campanhas eleitorais. Orgulhamo-nos muitíssimo de ter ido em nome do PS a Bruxelas em visita política oficial e restante comitiva a mais da recepção oficiosamente sincera que obtivemos esplendidamente nas localidades que afincadamente visitamos. Como sabe muito bem, somos seus muito e integrais apoiantes, rejeitamos quem não está consigo, falamos por toda a secção da figura que o sr. Doutor é no partido e o bem que fez pela nossa Freguesia ao contrário dessa ganapada que fala na comunicação social e na rádio que eu bem ouvi. Dessas vozes bem falantes que não reza a história e vossa excelência bem como eu e nós sabe-lo porque tem tanto quanto a gente o conhecimento infindável e indomissavel da faculdade da vida. Somos doutores da vida com o nosso povo.
Por isso não leve a mal o teor desta missiva que desde já me desculpo por vir a incomodar as coisas mais importantes que o sr. doutor possa, hoje ou depois, ter que fazer ao invés de ler esta carta. Na verdade temos tentado contacta-lo invão mas tem sido difícil, o que nós compreendemos, pois claro estão, e nós sabemos que não há eleições e que não pode andar a aturar qualquer um, a modos que no entanto, o caso é de extrema gravidade! Eu diria de grandessíssima gravidade.
Vimos assim desta forma humilde dizer-lhe de um relato sobre uma coisa que reunimos e dissemos que tínhamos de lhe fazer saber. Não queremos com isso prejudicar futuramente, como se deve compreender, qualquer acção ou mesmo viagem, até pelo facto de nós estarmos desta vez a evitar que as quotas sejam pagas todas de atacado como da última vez, para que seja na próxima vez um processo total e transparente como tem sido. Ouvimos mais ou menos que não se agradou com este episódico e enfático detalhe da organização dos custos, mas sempre nos batemos contra essa imposição do Multibanco, a bem saber. Valha-nos ao menos e no entanto, que a votação compensou e por isso achamos que deve ouvir o que nós aqui na secção bem nos temos assustado.
O caso é grave porque se não fosse não lhe dirigíamos esta missiva tão importante e até esperávamos um pouco mais que com uma reunião casual e ordinária em vez de extraordinária a coisa se tratasse. Também é verdade que só confiamos em si e o facto de falarmos com outros não implica qualquer contacto político de qualquer evidentemente género nenhum, como sabe. E continuamos a agradecer todos os favores que nos tem feito e até a disponibilidade, mas o que se trata aqui é realmente de bradar aos céus.
Por isso passamos a explicar para que compreenda o assunto: Ora bem, no dia 2 do outro mês passado entrou aqui uma senhora (quase me custa chamar-lhe assim), que alevantou uma série de questões que vossa excelência, o sr. Doutor, haveria de ter visto com que desfaçatez aquela tinhosa desenvolveu, a modos que, um discurso inflamado a desagradar aqui ao pessoal. Não fosse eu amigo do sr. Doutor e não lhe diria isto, porque como sabe nem precisamos da política para nada, mas estamos aqui há mais de 20 anos e portanto queremos mesmo dignificar este nosso partido com gente séria que por exemplo e como sabe, esta não é.
Essa militante veio cá com duas coisas que vinha, a modos que, fazer, primeiramente perguntar quando é que a gente fazia uma reunião da secção, que pelos vistos chamaram-lhe não sei quê de inscritos… eu como está óbvio disse-lhe que ela não percebia de modo elementar efectivamente os estipulados regulamentares dos estatutos, como o sr. Doutor tem dito que nós podemos evidentemente defender dizendo correctamente. Ela abordou discordando e alegadamente propondo que exigia uma reunião todos os seis meses a modos que para discutir as coisas da secção. Quer-se dizer, a mulher não vêm nunca aqui ao café da associação do Barbosa desde que o homem dela foi apanhado com uma vizinha e agora apanhou-nos à porta do PS a buscar uns papeis e portantos, alegadamente insinuou o que devemos obrigatoriamente ou não realizar como iniciativas políticas. Bom isto foi-se há 3 meses e a malta não ligou deveras particularmente porque a secção tem estado bem como está, porque toda gente conhece a gente, e assim não vem mais daqueles paraquedistas que querem os lugares da junta que nós temos tão bem representado os socialistas daqui, pois somos unidos e nunca cedemos aos tipos da direita de maneira nenhuma, excepto quando é do interesse da Freguesia. Essa fulana não pode vir agora ensinar-nos a gerir um partido pois nós sabemos bem porque já cá estamos à frente disto à mais tempo do que qualquer outro e se não ganhamos as eleições é porque a câmara não faz o seu trabalho, coisa que o sr. Doutor não tem culpa porque se tem queixado lá onde pertence que eu sei. Depois dizerem que nunca apresentamos sequer um documento nas assembleias é um argumento falansioso pois ele tenhêm a maioria e justificadamente seria deixar a malta mal parecida numa votação que assim perdida teria como imediata visualização a fragilidade do PS e o dizer mal por dizer como você diz que a gente não deve fazer. E mais, se fosse você sozinho a decidir a câmara já estaríamos de volta ao poder como estávamos antes e haveremos de estar, pois quem porfia sempre alcança e nós cá estamos para o ajudar a escolher bem e a candidatar-se, se Deus quiser.

Mas então essa madame que vocês devem conhecer como Serafina mas que para mim é a “25 tostões do bloco 15”, isto porque a conheço do tempo em que era esse o valor que ela cobrava pelos favores, veio um dia e chegou-me aqui um maço de fichas com nomes de vizinhança ali do bloco 3 e do 9 que ao todo fazem 36 novos militantes propostos a entrar ao desbarato. Dois deles já nem moram cá, um tem 87 anos e o resto são amigos da filha que ninguém sabe onde pára, pois fugiu, ao que dizem, com não-sei-quem.
Eu e nós reunimos a malta toda e a minha mulher disse logo que se entrassem duas vacôncias, perdoe-me a expressão mas é mesmo assim, e disse ela então a minha Sannete, que as gajas que ali estavam entravam e ela saía, a minha filha também, a minha comadre, a mãe dela a irmã do irmão da minha mulher e dois primos, tal como a mais nova do meu compadre e o meu meio-sobrinho do lado do meu pai que era casado com uma delas mas que a largou pela minha sobrinha que é filha do meu meio irmão que também é camarada. Portanto e sem delongas, na mistura do deve e do haver, e somando e dividindo o total ficam a sair do PS a modos que aproximadamente um numero de 15 militantes. E não há maneira que os convença que não se pode impedir porque eles dizem que o sr.doutor pode porque existe o argumento estatutário e legal que aquilo é gente que não presta e nós podemos provar com dados e suposições fidedignas.
Assim deliberamos comunicar-lhe a todos vocês a decisão unânime da secção assente na maior parte dos votos dos militantes activos, repito activos, não é aqueles que tão nas fichas e só aparecem quando vêm um doutor de Lisboa que propositadamente sobre o assunto em epigrafe e após demoradas a sentidas reflexões decidimos votar afirmativamente sem abstenções sequer, a:

Expulsão da militante Serafina Violeta da Silva Marques Quadrela.

Somos vossos por atenção e admiração e amizade, com subscrição onde abaixo assinam e subscrevem assumidamente,

António Silva Moita – militante nº 122345
Deolinda Moreira Silva Moita - militante nº 122346
Joana Mariana Silva Moita - militante nº 122347
João Eusébio dos Santos Moita - militante nº 122348
Jacques Albertin Moreira - militante nº 122349
Sannete Marie Fullette Moreira - militante nº 122350
Alzira Maria Fullette Silva Moita - militante nº 122351
Joaquim Moita - militante nº 122352
Sara Adelaide Fullette Silva Moita - militante nº 122353
Gervásio Fullette Silva - militante nº 122354
Marília Anabela Soares Rodrigues Fullette - militante nº 122355
John Árcade Saints Fullette Moita - militante nº 122356
Glorival Pereira Branco Albertin Moreira Moita - militante nº 122359
Sampaio Gonçalves Gil da Moita - militante nº 122358
Bruna Lombarda Moreira Fullette - militante nº 122357

terça-feira, maio 30, 2006

Ainda a China

Não tenho dúvidas que este projecto cheira a esturro.

As divisões no PS são visíveis, e ontem na AM a disciplina de voto existiu para que a bancada se abstivesse, mas houve quem não respeitasse - a favor e contra.

A vereação do PS já antes havia viabilizada o processo. Dizem que são o ónus de decisões do tempo de Nuno Cardoso.

Eu tenho dúvidas, muitas, muitas, muitas dúvidas.


segunda-feira, maio 29, 2006

Sobre o novo livro de Paulo Morais ou talvez não

Fui a um colóquio sobre o urbanismo do Porto nos próximos 10 anos e ouvi o actual vereador do Urbanismo Lino Ferreira dizer para todos (inclusive jornalistas):

- "Cheguei Aonteontem!"

- "Gostava de ter estado na discussão do projecto da Av. dos Aliados porque partilho de muitas das vossas preocupações"

- "Herdei um passivo de 16.000 processos parados no meu pelouro."

- "Quando cheguei só havia 2 técnicos a trabalhar em Urbanismo e temos 20 e tal uopgs para preparar. "

- "O sistema informático de urbanismo (SIG) da CMP vale zero. "

- E houve mais pérolas assim.

P.S. - A acrescentar este importantes links amavel e justificadamente sugeridos pela Manuela Ramos, aqui e aqui

Cá p'ra mim vens de carrinho, ou então...


No DN:

O título do seu livro é Mudar o Poder Local.
Mas o que o defende é uma mudança mais ampla.
....A reflexão que faço é antiga, e defendo que o papel dos políticos - os que querem o desenvolvimento do País acima de qualquer outro objectivo - deve ser de tentar destruir este regime.
...
Temos um regime que foi tomado, numa lógica perversa, pelas corporações que já mandavam em Portugal antes do 25 de Abril.
....
Para mudar o sistema são precisos políticos com coluna vertebral.
E em Portugal temos políticos que não são mais do que marionetas ao serviço de interesses obscuros.
....
As áreas mais visíveis, que constituem tumores da democracia, são as obras públicas, onde há um tráfico de influências generalizado e que convém atacar pela via da intervenção da justiça, mas também ao nível da gestão de urbanismo.
Como sabemos (????????), a maioria dos partidos e da vida partidária é financiada por empreiteiros e imobiliárias.
Depois há as contrapartidas...Cada financiamento tem sempre um pagamento: a contrapartida que normalmente pedem é o favorecimento na avaliação de determinados projectos imobiliários.
....
A campanha das autárquicas no Porto foi paga pelos empreiteiros?
Não queria estar a concretizar, mas a maioria do financiamento dos partidos e, sobretudo, o financiamento da vida de muitas pessoas que andam à volta dos partidos, depende de empreiteiros e promotores imobiliários.
...
Quando fala de políticos com avenças dos empreiteiros está a referir-se a pessoas do seu partido...
De quase todos os partidos.
Infelizmente em Portugal há um bloco central de interesses.
O problema do tráfico de influências atravessa transversalmente todos os partidos, sendo que se exerce com maior relevo nos partidos do poder.
...
Quando foi afastado das listas do à Câmara do Porto disse que "enquanto Rui Rio for presidente e tutelar o urbanismo não haverá vigarices".
Mantém a afirmação?
Ao sair tomei a decisão de não me pronunciar durante quatro anos sobre a vida autárquica no Porto. ..
...

antigo vice-presidente e vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, Paulo Morais, lança amanhã à noite, no Café Majestic, o livro Mudar o Poder Local.
Em entrevista ao DN, fala do polémico projecto Quinta da China, que chumbou e agora é aprovado por Rui Rio, e do financiamento de empreiteiros a "muita gente que anda à volta dos partidos".
Na obra, apresentada por Maria José Morgado, revela que
figuras do PSD o pressionaram a aprovar projectos imobiliários.
O Ministério Público tem "informação bastante para intervir", assegura.

...

Foi afastado das listas do PSD-CDS/PP à Câmara do Porto por alegada pressão de empreiteiros

Paulo Morais
Professor universitário "
Nem me abalanço a comentar estas enormidades assim a quente, por isso peço o apoio de quem (por militar em partidos) saiba mais disto que eu...
Não nego que a imagem que tenho deste senhor é a de um político reles, demagogo e desonesto (obviamente, para quem não souber ler, falo de honestidade política), no entanto...
Deixo algumas questões que me parecem pertinentes:
  • Este Paulo Morais ainda é militante do PSD ou já foi expulso do partido?
  • De que forma devem os políticos tentar destruir o regime?
  • Quem serão os políticos que, no entender de Paulo Morais tem coluna vertebral?
  • (pistas: Cavaco Silva, Rui Rio, Marques Mendes...?)
  • Sabemos que a maioria dos partidos é paga por empreiteiros e imobiliàrias ?????? (eu não sei de nada, e vocês?)
  • O ministério público (que, segundo ele tem informação bastante para intervir) está à espera de quê?

Em minha opinião das duas três:

Ou isto tudo (ou parte) é verdade e tem consequências de monta, ou seja políticos, empreiteiros e promotores imobiliários na cadeia.

Ou Paulo Morais, ele mesmo, vai para a cadeia por calúnias e difamações

Ou então

Isto é mesmo uma

REPÚBLICA DAS BANANAS

(com Cavaco ou sem Cavaco)

António Moreira




Deve ser do calor...


Durante este fim-de-semana apenas dei apenas uma vista de olhos pelos "blogs", mas apercebi-me que um garoto qualquer tinha relançado a ideia (ciclicamente renascida) de que o regime anterior ao 25 de Abril (chamem-lhe estado novo, salazarismo, ou o que quiserem) não podia ser, se queremos ser correctos e rigorosos na terminologia utilizada, designado de "fascista".
E pronto
Sob os aplausos da restante ganapada, um qualquer cretino dos que adoram perguntar ao espelho se há alguém mais inteligente que eu (em geral são até professores universitários que já deixaram de acreditar no pai natal e na branca de neve mas ainda acreditam na virgem e nos pastorinhos) vem teorizar que face ao corte de cabelo de Salazar, ao comprimento das patilhas dos saloios do Ribatejo, às notórias diferenças entre as fardas da mocidade portuguesa e das suas congéneres de outros países, assim como se atenderemos à tradicional estupidez e falta de profissionalismo tipicamente tuga dos pides, o regime não pode, do ponto de vista formal ser apelidado de "fascista".

Ora estando este ponto assim demonstrado, tem que se concluir, para mentermos o mesmo rigor, que o tal regime seria então, de certa forma, uma versão de "democracia", se bem que inteligentemente adaptada às características muito específicas deste país e do seu povo, mas, nem por isso, menos "democracia".

Donde se infere então que quer os "resistentes anti-fascistas", quer os "capitães de abril", quer a cambada de (uns mais outros menos) comunas que tem propagado estas e outras mentiras desde o 25 de Abril de 1974, assentando nessa propaganda a sua legitimidade, são afinal uns embusteiros e criminosos que deveriam, esses sim, estar, há muito, atrás das grades.

Não vale sequer o trabalho de desmontar a qualidade do raciocínio que seria igualmente capaz de afirmar que um qualquer cão rafeiro (se bem que nunca este claro), pelo facto de não ter as características rácicas puras de um verdadeiro "lobo da alsácia" não pode, para sermos rigorosos, ser considerado um "cão" de pleno direito e que, por esse facto será, com certeza, na verdade um simples gato ou até mesmo um coelho que nos tem perfidamente andado a iludir.
O que é sempre agradável de ver é que, a essa canalha, basta o facto de haver uma quantidade apreciável de imbecis mentecaptos sempre prontos a aplaudir de pé as suas enormidades para lhes encher o ego, pelo que, em termos práticos, não são piores nem mais importantes que inofensivas melgas, cujo zumbido incomoda, a picada provoca irritação, mas não provocam grande mal.
Pois, e com umas sapatadas bem dadas, vai-se conseguindo acabar com alguns e afastar os outros por mais algum tempo.
Haja pachorra
António Moreira

quinta-feira, maio 25, 2006

Sobre o que se passa em Timor

Sabemos pelo público que podemos saber melhor o que se passa atavés dos blogues:

Timor Verdade

e

Timor Online

E já agora, como é habitual, vejam como Ana Gomes precipitou declarações onde só consegue protagonismo político por razões menos boas.

Acerca do Respeito

Vai faltando pachorra...


Volta e meia lá aparecem, nas caixas de comentários deste “blog”, comentadores anónimos, mais ou menos anónimos, ou nem por isso anónimos, que manifestam o seu desagrado, quer quanto às imagens que publico, quer quanto às opiniões que manifesto, quer quanto às análises que com eles partilho.

O grosso das opiniões de desagrado é direccionado, no entanto, ao meu estilo, sendo que, recorrentemente, se manifestam quanto à forma que, se para uns é deselegante, para outros é arrogante, sendo para muitos até deseducada.

Isto vem a propósito, naturalmente, de algumas reacções, na caixa de comentários do “post” sobre o Carrilho, ao facto de, na mesma caixa de comentários, ter referido, mais uma vez, que a escolha dos eleitos, sejam eles deputados, presidentes de câmara, presidentes da república, excluídos dos “big-brothers” ou qualquer outro tipo de escolha por sufrágio livre, universal e directo, é da responsabilidade daquilo a que referi como «carneirada estúpida, inculta e ignorante».

Daí não se pode inferir, naturalmente, que considere que todos os que ainda persistem em praticar tal acto, pertençam ao «rebanho» que referi.

O que se pode e deve inferir é que considero (e ainda ninguém me convenceu de algo diferente) que a MAIORIA dos eleitores, ou seja QUEM efectivamente DECIDE , é ignorante, inculta e dotada de escassa inteligência (daí o “estúpida”) sendo facilmente «arrebanhada», ou seja dirigida para, em conjunto, efectuar os comportamentos pretendidos por quem conheça e esteja disposto a utilizar as técnicas adequadas ao efeito.

E isso, quer seja para formar “a mais bela bandeira” ou para correr meia cidade do porto de T-shirt laranja a propagandear a “Sportzone”, quer seja para entregar todas as suas poupanças ao mais desonesto vigarista, desde que bem falante.

E assim, naturalmente também, para entregar a direcção da “coisa pública” à ralé que nos tem governado quer a nível central quer a nível local.

Claro que, como é sabido, o “povo tem sempre demonstrado uma grande sensatez” e por isso nunca os eleitores de Gondomar elegeriam Fátima Felgueiras, os de Oeiras elegeriam Valentim Loureiro, ou, muito menos, os de Felgueiras confiariam os destinos da sua terra a um qualquer Isaltino.

Esclarecido este ponto, e regressando ao “estilo”, convém aqui e agora lembrar que o acesso a este blog é gratuito, ou seja, os leitores nada pagam, mas tal não significa que o que aqui se faz seja uma qualquer forma de serviço público a que, por força da minha formação humanista, me sinta de alguma forma obrigado.

É algo que faço porque me apetece e, assim, da mesma forma, quem lê deve apenas ler se lhe apetece e comentar se e como lhe apetece.

A diferença reside apenas em que quem me lê não me pode censurar (tirando os co-autores que nunca manifestaram qualquer vontade de o fazer e, naturalmente, o fariam uma única vez), enquanto que eu posso censurar os comentários que me desagradem (se bem que, até agora, apenas o fiz em situações extremamente deseducadas, envolvendo usurpação da minha identidade).

Convém ainda esclarecer que, ao contrário dos que (políticos, jornalistas, actores, etc.) dependem dos favores do público para o seu sustento, eu não pretendo enganar quem me lê, fingindo nutrir, à partida, qualquer respeito pelos leitores enquanto “classe” ou sequer enquanto “indivíduos”.

Nutro, isso sim, respeito por quem, em meu entender, o merece e, da mesma forma, não respeito quem, em meu entender, o não merece.

A única coisa que garanto, é igualdade à partida.

Depois, eventualmente, acaba por nascer e pode até crescer o meu respeito por alguns, enquanto que por outros, se vai passando exactamente o contrário.

Outros haverá que continuarão a merecer apenas indiferença, desdém ou, nalguns casos, condescendência.

Mas isto é apenas uma descrição, que apenas interessa a quem interessar (e não vejo porque poderá interessar a seja quem for), da forma como eu “vejo” os outros, e os “outros” neste caso são os que apenas “conheço” pelo que escrevem aqui e noutros meios que também frequento.

Algo muito diferente é a forma como os “outros” que também apenas me “conhecem” pelo que escrevo, aqui e noutros lados, me vêem a mim, e desses, naturalmente, apenas me interessa a “visão” dos que me merecem respeito.

Desses agradeço e leio com atenção, quer as opiniões, enriquecedoras sobretudo se diferentes da minha, quer os reparos quanto à forma que utilizo para me exprimir.

Dos outros, não.

António Moreira

terça-feira, maio 23, 2006

Carrilho de volta

Ontem vi um dos melhores debates televisivos dos últimos tempos. Simplesmente porque vi gente a reduzir a hipocrisia ao mínimo necessário para não ter de pagar indemnização em tribunal.
Se é verdade que Carrilho tem muitos telhados de vidro, também é injustificável que como alguns escrevem, o Ricardo Costa tenha saído vencedor pela última frase que disse: “E você é o rosto da derrota”. Primeiro porque a Sic foi um dos rostos daquela derrota, e os outros dividem-se entre rostos delicados da Bárbara Guimarães, babosos de Dinis Maria, ocultos de Stanley Ho, dissimulados de Cunha Vaz, ausentes de Edson Athayde, e apalermados do não-sei-quem assessor e ex-jornalista da TVI, e por ai fora.


Por outro lado toda a gente sabia que Carrilho era o rosto da derrota, porque deu a cara por ela (a derrota), o que não sabíamos era que fosse o Ricardo Costa o rosto da vergonha, porque ontem também ele deu a cara por ela (a vergonha, as agências, as acusações a quando foi conivente com Emídio, e até ao embaraço da difamação dissimulada de Carrilho sobre os 100 mil euros – a não ser que só eu tenha percebido nas entrelinhas uma óbvia denuncia pública como aquela)

Mas o melhor é que finalmente percebe-se que no meio destas campanhas há muito para perceber. E olhem que eu já acompanhei bem de perto algumas, mas nitidamente Lisboa é um caso à parte.

Parece-me que Pacheco Pereira não foi lá fazer nada, tanto que repetiu o que toda a gente sabe: Carrilho lida com a mediatização. Certo, portanto algum populismo, ou seja ser mediático e depois queixar-se dos limites da mediatização é mau.



Pois, pois, é como o caso de PP que é sempre tão anti-populista que ele próprio já usa o argumento como uma arma populista por si só. Seja contra os espectáculos mediáticos como Talk Shows, debates com modelos americanos, futebol, etc. Aliás PP apoiou o populismo anti-populista de Rui Rio e Carmona Rodrigues.
PP é assim e por dedução óbvia, um populista demagogo, que versa sobre estas matérias com um enfadado ar de cátedra que não devia pôr. È tão fashion um político ser arauto dos anti-populistas que aquilo a mim só me convence que poucos haverá a usar de tão elaborado populismo.

Carrilho nunca escondeu a sua posição de busca de exposição pública, aliás visível quando diz que o aperto de mão seguinte foi público e o não aperto primeiro foi privado, tem razão nas duas coisas, mas diga-se o que se disser, o que fica de um homem nunca é a posição que ele toma em cada momento, mas sim a coerência que demonstra ao longo dos vários episódios. Na verdade Carrilho devia aprender por exemplo com Pinto da Costa como se gerem os apertos de mão e os encontros casuais. E nisso Carrilho falhou, por isso perdeu! Por isso e por existirem interesses especulativos que ajudaram a facilitar essa derrota.



Mas o debate foi bom porque demonstrou quanto é difícil definir o fim político de alguém. Carrilho conhecendo este circo trocou-lhes a máxima de que “quem vive pela imprensa morre pela imprensa”, e atacando a imprensa teve da imprensa na ultima quinzena o fôlego para voltar a uma posição política activa.

Ficou evidente que este vaidoso professor de filosofia é unânime quanto à aceitação popular do seu trabalho enquanto executivo no ministério e deu pistas a Santana Lopes de como as travessias no deserto já não curam doença nenhuma. E quem anda por aqui anda, quem não anda, não anda.




Mas Carrilho fez-nos a todos o favor de não se reformar antecipadamente – bem haja que eu gosto mais de gajos assim do que dos cinzentos que grassam na nossa vida política. Ama-me ou odeia-me, mas respeita-me. Eu respeito-o.