segunda-feira, agosto 01, 2005

Caro A. Moreira

(desde já as minhas desculpas por responder num post)
Um amigo meu (sujeito inteligente, por sinal) vive há anos com um sonho, formar o PGS. Quase sem ideologia, sem vícios, apenas homens (e mulheres) bons e sérios.
Bolas, será que não entendem (apesar da elevada capacidade intelectual) a relatividade dos conceitos. Será assim tão complicado perceber que os grupos políticos espelham (invariavelmente) os grupos sociais, a sociedade, e a vida? E que dai, por vezes, é possível a algumas pessoas criarem um sentido colectivo para a acção e fazerem alguma coisa do que aspiram? Outras vezes não.
Será que não partilhamos, de alguma forma, todos esses ideais de que fala. Será que não pretendemos todos, de alguma forma, melhorar a sociedade na qual vivemos, “com o superior objectivo de procurar garantir a todos os cidadãos as condições mínimas (e de igualdade) de procurar a felicidade, com tudo o que isso implica".
Mas não será que, na quietude do nosso lar, na presença quase muda do nosso computador, os ideais e os conceitos adquirem uma forma mais redondinha? Não será que sem as amarguras dos confrontos, das impossibilidades, o fio reflexivo do nosso raciocínio avança, rápida e de forma encadeada, para um mundo perfeito. Ao contrário da vida, onde tudo são equilíbrios precários. Subtilezas ténues, sombras de presenças, ambições e afirmações.
Quantos homens bons não resistem, uma vez no poder, a beneficiar o clube lá da santa terrinha? Quantos homens sérios não resistem, perante uma dúzia de idosos doentes, a prometer mais um novo hospital? Quantos homens sérios e bons não nos falham, numa manhã decisiva, porque a noite anterior foi demasiado árdua? Quantas mulheres boas, e sérias, não resistem a prometer este mundo e o outro…
O que é um homem bom? E um homem sério?
Amigo Moreira, Rui Rio é sério? Quim Barreiros é bondoso?
Estou convicto que tudo é possível, não de uma forma global (não, não falo do “socialismo num só pais”, lembra-se?) mas simplesmente em patamares de entendimento que se constroem em determinados momentos. Ou não.
Um partido não é mais do que isso, um primeiro patamar. No caso do PS é um patamar muito abrangente (e muito mais livre do que imagina).
Venha dai, sem receios de conviver com alguém que, na sua forma de ver, é porventura menos sério, ou menos bom. Corra o risco de ver as suas expectativas goradas muitas das vezes. Corra o risco e faça o risco onde já não puder avançar mais. Corra o risco de eventualmente se surpreender positivamente. Mas venha, vai ver que não dói nada.
P.S. PGS é obviamente a sigla de "Partido da Gente Séria"

1 comentário:

AM disse...

Caro D. Fortuna

Então você diz que o seu amigo até é inteligente, mas tem o sonho de formar um partido?
Então não se está logo a ver que a inteligência, afinal, até nem deve ser assim tanta?
E logo um partido de Gente Séria, como se não fossem (exclusivamente) de Gente Séria todos os outros que já existem.
Diga lá ao seu amigo para ter juizinho que, desde o Ramalho Eanes, até ao Manuel Monteiro, já houve inteligentes que chegassem a querer fazer o mesmo e se, no caso do primeiro, ainda houve muitos que acreditaram, daí para a frente já ninguém acredita nos arautos da seriedade.
Não amigo Fortuna, diga lá ao seu amigo que se ele quer ver gente séria a dirigir os destinos da sociedade não deve sequer pensar em formar outro partido, isso não.
Das duas uma:
Ou consegue convencer-nos a todos que isto, afinal, não vai lá com partidos e que existem outras formas de se exercer a Democracia.
Ou, se isso lhe parecer uma tarefa ciclópica, deverá, de alguma forma, ajudar a Gente Séria, que já existe nos partidos, a tomar o poder nos Partidos.
E, então ajudá-los…
A tomar o Poder.

Amigo Fortuna
Eu acredito que existe Gente Séria no PS
Eu acredito que os militantes do PS que escrevem no SEDE, são GENTE SÉRIA.

Quanto ao seu amigo inteligente não sei, mas eu estou disponível para O(s) ajudar (da forma que sou capaz).

AMNM

PS: “Quim Barreiros é bondoso?”, não sei, sei que é “Bacano” :D
(Se ele, ou alguém da Banda da Força Aérea, calhar de ler isto, perceberá)