segunda-feira, agosto 29, 2005

o combate que vale a pena vêr

Todos sabem (pelo menos os que aqui se vão dando ao trabalho de me lerem) que nunca apreciei o(s) mandato(s) presidencial de Sampaio. Acho até que a acidez que às vezes me chega às teclas poderia ser fruto de uma antipatia congénita ou assim, pelo que deveria retemperá-la.
Na verdade, lembro-me disto a propósito da discussão entre Helena Matos e Maria João Seixas no Público, onde a primeira critica a condecoração de Bono, com Sampaio em ar de ir jogar golfe, enquanto depois dá um raspanete aos privados porque descobriu ao final de 10 anos de mandatos que não se limpam as matas. E que a malta tá cheia de dinheiro para pagar a um tarefeiro a 10 € hora para limpar a caruma da terrenagem. A outra indigna-se e insinua um passado fachista.
Depois leio que Soares ficou chateado com o facto de ele chamar Cavaco para ficar bem com todos. Depois soube que criticam as férias do Sócrates mas as do Presidente népias.
Enfim, julgo que Bono merece respeito pelo discurso, mas dispensa ajudar à imagem “cool” de um presidente de um pequeno País europeu. E se o assunto merecesse mais relevância, então que não fosse feito no intervalo da viagem entre o Aeroporto e Alvalade 21, com o Sampaio a seguir atrás com a comitiva para o camarote.
Ainda por cima não esqueço a história das datas da 2001, a falta na inauguração do Dragão, a falta de respeito ao FCP, que pelos vistos é muito menos do que a Catarina Furtado, a Ana Malhoa e outro que tais.

E finalmente acho que sempre vou tendo razão, pois um presidente que vive na "espuma dos dias" (expressão que alguns sedentos tem aplicado a outras situções), criticando a actualidade politica, sem lançar uma reflexão social profunda quando o país precisa dela, não merece melhor critica, do que a má critica. A feroz critica.
Fico feliz, por outro lado, pois acho que as próximas presidenciais vão ser a batalha politica mais interessante dos últimos 10 anos. Será o embate entre o paleio de economista e a visão da politica como encontro de ideias. O confronto sempre vantajoso dos números sobre a fogosidade dos argumentos, a luta da racionalidade contra a emoção e estratégia.
Será o debate da idade contra a juventude, e vice versa. Será a discussão entre as principais personagens do espectro politico do ultimo quarto de século.
Os outros, incluindo Guterres, Barroso, Lopes, Freitas, Sampaio, Constâncio, Marcelo, concorrem aos óscar de actores secundários, pois não marcaram a sua época, apesar dos mais altos cargos que almejem.

Já agora, leiam a entrevista da Fátima Bonifácio, habitual colunista que vem defendendo a crise de regime. Diz ela que deviam acabar as juventudes partidárias, que os círculos uninominais devem ser mesclados com outros a bem da protecção ao caciquismo habitual e que as maiorias, ainda que absolutas baseadas em mentiras não tem a força politica que poderia (deveria) ter. Merece reflexão, pois os 2 últimos governos a isso nos forma habituando.

6 comentários:

Pedro Aroso disse...

Caro Avelino

Quando Jorge Sampaio anunciou a sua candidatura à Presidência da República, devo ter sido um dos primeiros subscritores a apoiá-la. Entretanto, fui convidado para a inauguração da sede de candidatura no Porto (Rotunda da Boavista) mas depois de ouvir os disparates que o seu mandatário (pintor Ângelo de Sousa) proferiu durante essa cerimónia, retirei-lhe o meu apoio. Apesar de nunca ter votado em Jorge Sampaio, reconheço que foi um bom presidente, especialmente no 2º mandato. Estou certo de que a História lhe fará justiça. Não concordo, por isso, com as críticas que lhe teceu.

Um abraço
Pedro Aroso

AVELINO OLIVEIRA disse...

Já conheço opiniões semelhantes dizendo que fez um bom mandato, mas não passam, julgo eu da superficial convicção de que foi e pronto! Sem exemplificar, sem aprofunsdar - Shalow como dizem os ingleses.Bom então e quê? FOi correcta a decisão de pressionar o Guterres a sair, o Durão a bazar,o Lopes a entrar, o Sócrates a ter maioria?
Qual foi a sua marca?

Pedro Aroso disse...

Caro Avelino

Eu não vou aprofundar, mas gostei da sua análise profunda aos aspectos que julga negativos e que não resisto a reproduzir: "Foi correcta a decisão de pressionar o Guterres a sair, o Durão a bazar,o Lopes a entrar, o Sócrates a ter maioria?".

AM disse...

Hehehe

Pedro Aroso
Que leitura fatela :-)

Avelino
No geral daria nota positiva aos mandatos de Sampaio.
Mas positiva fraquinha
Alguns pontos positivos (nomeadamente na gestão da crise Durão/Santana) em que acho que fez bem das duas vezes ou seja:
Fez bem em não convocar eleições pela "saída" do Barroso.
Fez bem em mandar o Santana para a quinta após terem sido suficientes 4 meses para ver que o governo tinha batido no fundo dos fundos.

Alguns pontos negativos:
Touradas
Caça
Referendos
recados
medalhinhas
etc.

Ou seja, nota positiva, mas muito fraquinha.

Já agora espera-se que o Soares (mesmo que o não diga) tenha aprendido algo:

Não se pode ser presidente de TODOS os Portugueses, ou se é de uns ou de outros (e o resto é conversa)

AMNM

Anónimo disse...

Eu acho mesmo negativo a saida do guterres, a saida do barroso sem eleições logo..., então o primeiro ministro passa a ser alguém opositor interno do anterior? a entrada do Lopes! e finalmente a maioria dada por demérito do PSD.
Sócrates mereceu ganhar, mas o que lhe aconteceu foi,por exemplo quase que nem precisou de fazer campanha. E hoje a tal maioria é tida mais como consequência do que como conquista de um projecto para o País. E ou Sócrates inverte esta ideia e os rumos ou teremos outra crise de estado, com medidas economicistas cegas.
Ser socialista é defender uma tipologia social baseada em principios, não na fulanização.
MAis, ao contrário do António acho possivel ser independente "lá dentro".

AM disse...

Ó Avelino

Se nem "cá fora" é possivel ser independente.....

AMNM