No último número da UPorto, Alexandre Alves Costa, com a sagacidade que se lhe reconhece e que já em tempos lhe valeu a alcunha de “O Pápa”, escrevia assim:
“Há gente no Porto, daqueles sempre dispostos a defender a sua cidade, que está escandalizada com o projecto Álvaro Siza / Souto de Moura para o centro do Porto, mais concretamente para a Avenida dos Aliados. E estes valores que estão a ser, digamos, tão patrioticamente defendidos estão objectivados no calcário dos passeios e da placa central e de alguns canteiros a ela associados.
Lá vai o Porto ficar descaracterizado! E assim se vão perdendo as belas e luminosas imagens do passado substituídas pelo cinzento do granito! E os amores-perfeitos arrancados pela barbárie daqueles dois insensíveis agressores da natureza e da tradição, respectivamente identificadas nas flores e no calcário.
O interessante, para não dizer o ridículo provinciano, destas posições é o que elas representam de coragem primária, na afirmação da ignorância, de incapacidade de compreensão da cidade e particularmente do Porto, de radical conservadorismo, aquele que conserva por conservar, mesmo os erros, desde que pertençam ao passado.
Mas que Porto é este? Onde estão as lições da sua iluminada burguesia, comercial e industrial, liberal, republicana, culta, amante da liberdade e do progresso? ...”
Não poderia estar mais de acordo com o que Alves Costa diz. O problema está naquilo que não diz. E o que não diz é que na questão dos Aliados estamos perante uma quezília entre aqueles que chama de “radicais conservadores” e os outros, que são apenas e só “completamente conservadores”.
Porque a renovação do conjunto Praça -Avenida dos Aliados prende-se efectivamente com duas questões. Uma que tem a ver com a forma de contratação do projecto e que vai reunindo consenso na opinião generalizada dos portuenses; Foi encomendado sem concurso, muito possivelmente ao abrigo das excepções sempre dúbias permitidas pelo “Ajuste Directo” e de acordo com a já famosa mecânica “politico pendurado em celebridades”. Obviamente sem divulgação e sem discussão publica.
Outra que tem a ver com o projecto propriamente dito que, vistas bem as coisas, quase se resume a “lavar a cara” ao chão da praça, com soluções em tudo semelhantes às que por lá se encontravam. Não se tratando de um mau projecto, porque pelo menos introduz uma uniformização interessante a todo o espaço tratado, fica muito aquém do que se poderia esperar de uma intervenção num espaço publico que é, nada mais nada menos, do que o centro simbólico da cidade. Centro esse que já demonstrou não corresponder às mudanças de mentalidades que se operaram na sociedade portuense, e que, por isso mesmo, raramente consegue atrair os cidadãos.
O centro do Porto necessitava de um projecto de remodelação ambicioso, eventualmente resultante de um concurso publico, que até poderia ser ganho por Siza Vieira, mas que introduzisse alguma mudança na dinâmica espacial da baixa e desse outra vez à cidade a dimensão que tanto almeja, mas que não é com McDonald’s, nem Guaranis, nem pavimentos de granito que vai conseguir.
Assim, da forma como decorreu o processo, faz lembrar a velha fórmula portuguesa.
“Há gente no Porto, daqueles sempre dispostos a defender a sua cidade, que está escandalizada com o projecto Álvaro Siza / Souto de Moura para o centro do Porto, mais concretamente para a Avenida dos Aliados. E estes valores que estão a ser, digamos, tão patrioticamente defendidos estão objectivados no calcário dos passeios e da placa central e de alguns canteiros a ela associados.
Lá vai o Porto ficar descaracterizado! E assim se vão perdendo as belas e luminosas imagens do passado substituídas pelo cinzento do granito! E os amores-perfeitos arrancados pela barbárie daqueles dois insensíveis agressores da natureza e da tradição, respectivamente identificadas nas flores e no calcário.
O interessante, para não dizer o ridículo provinciano, destas posições é o que elas representam de coragem primária, na afirmação da ignorância, de incapacidade de compreensão da cidade e particularmente do Porto, de radical conservadorismo, aquele que conserva por conservar, mesmo os erros, desde que pertençam ao passado.
Mas que Porto é este? Onde estão as lições da sua iluminada burguesia, comercial e industrial, liberal, republicana, culta, amante da liberdade e do progresso? ...”
Não poderia estar mais de acordo com o que Alves Costa diz. O problema está naquilo que não diz. E o que não diz é que na questão dos Aliados estamos perante uma quezília entre aqueles que chama de “radicais conservadores” e os outros, que são apenas e só “completamente conservadores”.
Porque a renovação do conjunto Praça -Avenida dos Aliados prende-se efectivamente com duas questões. Uma que tem a ver com a forma de contratação do projecto e que vai reunindo consenso na opinião generalizada dos portuenses; Foi encomendado sem concurso, muito possivelmente ao abrigo das excepções sempre dúbias permitidas pelo “Ajuste Directo” e de acordo com a já famosa mecânica “politico pendurado em celebridades”. Obviamente sem divulgação e sem discussão publica.
Outra que tem a ver com o projecto propriamente dito que, vistas bem as coisas, quase se resume a “lavar a cara” ao chão da praça, com soluções em tudo semelhantes às que por lá se encontravam. Não se tratando de um mau projecto, porque pelo menos introduz uma uniformização interessante a todo o espaço tratado, fica muito aquém do que se poderia esperar de uma intervenção num espaço publico que é, nada mais nada menos, do que o centro simbólico da cidade. Centro esse que já demonstrou não corresponder às mudanças de mentalidades que se operaram na sociedade portuense, e que, por isso mesmo, raramente consegue atrair os cidadãos.
O centro do Porto necessitava de um projecto de remodelação ambicioso, eventualmente resultante de um concurso publico, que até poderia ser ganho por Siza Vieira, mas que introduzisse alguma mudança na dinâmica espacial da baixa e desse outra vez à cidade a dimensão que tanto almeja, mas que não é com McDonald’s, nem Guaranis, nem pavimentos de granito que vai conseguir.
Assim, da forma como decorreu o processo, faz lembrar a velha fórmula portuguesa.
Rui Rio nomeou uma comissão (Siza e Souto Moura) para que fique tudo mais ou menos na mesma.
8 comentários:
É isto, é o Fortuna no seu melhor! Não vale nem seguir uns nem outros, segue a sua cabeça! Viva!
quem nos dera muitos guaranys e muitos mc donalds. ele há cada pobre mais mal agradecido...
È evidente que isso é assim.
A única diferença é que o texto do Alves Costa é uma forma indirecta de dizer Siza. "estou aqui" - Lembras-te que fui eu que fiz a parte de cima (praça de D.joãoI) no projecto da 2001?
Estes arquitectos estão a chegar ao fim - já não servem.
E o Siza devia saber fechar a carreira m- anda a fazer projectos de ruas e ruelas, em Leça, em Matosinhos e onde mais lhe pedirem para sustentar os 100 arquitectos que lá trabalham. Enquanto os outros vivem uma das piores crises de sempre.
Pois, deviam tirar as arvores e os lagos para a festa do próximo campeão. FCP Carago!
«Lamentável que em vez de apreciar criticamente o projecto -presumo ter sido isso o que lhe foi solicitado- o autor do referido artigo se perca em juízos de valor sobre as pessoas que não simpatizam com a chamada "requalificação".»
"Leça é da Palmeira não é de Siza Vieira!"
Esses "sujeitos" no que respeita a prças e avenidas e passeios só fazem coisas que ficam bem (julgam eles) nas revistas e não servem para humanos e bichos(já para não falar na flora).
ALIADOS
(MDLR)
já não entendo nada. património,história,antiguidade, etc. etc. etc. para que serve o IPPAR, vamos pôr pastilha na torre dos clérigos.há cada um.
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