sexta-feira, julho 01, 2005

Sobre o tempo que passa

Caro Fortuna do Couto

Apesar de não o conhecer pessoalmente, revejo o meu pensamento em grande parte do seu texto. Para muitos dos que, ainda fazem política, na nossa praça, não perceberam que o tempo vai se esgotando. O populismo, o caciquismo, os jogos baixos, as inverdades, começam a ter os dias contados. Mas, só pode esta realidade (ou sistema pós 25 de Abril) ser transformada se atentarmos que será no jogo democrático que temos de investir, todos os cidadãos, não ficando em cada esquina a dizer mal dos políticos e acabar um dia com saudades dos gloriosos tempos da PAX EUROPEIA e da liberdade de pensamento. Olhemos a Grécia e Roma, e vejamos que nem a paz, nem a democracia, nem a liberdade são bens duradouros.
Aos que querem manter este sistema, devemos mostrar o inverso, a capacidade ainda do exercício ético na política a capacidade de estar ao serviço da cidadania sem o apregoar em cada esquina, a capacidade de abandonar a política quando as ideias se esgotam e os programas não se adequam.
Os tempos são de profunda mudança e já nada é seguro, mas a obrigação é não ceder ao mais fácil e ficar em casa encolhidos, meter a cabeça na areia. A opção é empenharmos na construção de uma nova cidadania, num novo país, numa nova Europa, menos preocupada com a arrecadação traseira dos dinheiros e o lento fim de cada ex-império, e com os EUA, mas uma Europa ecológica, social, solidária, de economia solidária, em permanente culto da procura do conhecimento, científico, espiritual, da cultura.
Realmente, o tempo dos patos bravos está a findar, de tão "bravos", é que ainda não perceberam isso, haja coragem e todos assumamos que isto só muda com luta serena mas continua face aos interesses locais instalados.
Ao PS, partido guardião de uma esquerda democrática, culta, aberta, eclética, civilizada, não dogmática, cabe renovar-lhe e pensar que não pode continuar a albergar dentro de si, o seu inverso, pode demorar mas assim a implosão acontecerá mais dia, menos dia.
Força, diga palermas, ao Lello, ao Gomes, ao Narciso e outros, não como ofensa, mas falta de visão política sobre o fim dos seus tempos.
Vamos consigo, abramos alas, sem medo.

Joaquim Paulo Silva, socialista e livre-pensador

2 comentários:

AM disse...

Caro Joaquim Paulo Silva
Meus caros

Poderia subscrever, quase na íntegra, este “post”.
Se os “Sedentos” estão também de acordo, nomeadamente com o seu final:

“Realmente, o tempo dos patos bravos está a findar, de tão "bravos", é que ainda não perceberam isso, haja coragem e todos assumamos que isto só muda com luta serena mas continua face aos interesses locais instalados.
Ao PS, partido guardião de uma esquerda democrática, culta, aberta, eclética, civilizada, não dogmática, cabe renovar-lhe e pensar que não pode continuar a albergar dentro de si, o seu inverso, pode demorar mas assim a implosão acontecerá mais dia, menos dia.
Força, diga palermas, ao Lello, ao Gomes, ao Narciso e outros, não como ofensa, mas falta de visão política sobre o fim dos seus tempos.
Vamos consigo, abramos alas, sem medo.”

Então mostrem-me, por favor, um projecto de mudança, uma estratégia de renovação.
Digam-me no que querem transformar este Partido Socialista e digam-me como o querem fazer.
Digam-me como pretendem:
“Aos que querem manter este sistema, devemos mostrar o inverso, a capacidade ainda do exercício ético na política…”

Reformar, por dentro, um partido no poder, com maioria absoluta, é, na realidade, um projecto arrojado, uma aventura aliciante.

Digam-me que é esse o vosso projecto,quem sabe então...

AMNM

Anónimo disse...

Caros bloggers
Começo por saudar o afinco e determinação dos "Sedentos" que mantêm há um ano este site em funcionamento.
Hoje e amanhã grandes coisas acontecerão na nossa cidade.Por ordem cronológica dos "acontecimentos" previstos aqui ficam algumas interrogações:
1. "Casa da Música" e sua envolvente
Ao que parece será hoje apresentada uma nova solução urbanística para a designada "Sede do BNP" concebida pelo tão mal tratado Arq. da "Vidraria Machado". Pelas imagens e comentários que têm vindo a público e pelo júbilo patenteado pelo Dr. Rui Rio e Rem KOOLHAS parece-me que os autores do abaixo assinado para erradicar da arquitectura portuense tâo "nefando" arquitecto terão de ser revistas. Ou pelo menos um acto de contrição colectivo não ficaria mal a tão ilustres cidadãos. Em nome da cidadania consciente. Esta experiência vem demonstrar que os comentários e tomadas de posição ao "sabor da corrente" nunca se revelam a melhor maneira de contribuir pela positiva para o esclarecimento dos nossos concidadãos mais desprotegidos culturalmente. Claro que trazem sempre algum protagonismo aos seus autores....
2. Apresentação da re-candidatura de Rui Rio
Parece que o homem só quer mesmo continuar como Presidente de Câmara com direito a Mercedes de vidros fumados e segurança reforçada contra os bombistas que polulam na nossa cidade.
Surpresa a anunciada presença do Arq. Siza Vieira no acto de apresentação da candidatura.
Na verdade, as adjudicações da Metro do Porto para requalificação de espaços públicos na nossa cidade parecem fazer milagres. Ou será que o mentor da "Escola de Arquitectura do Porto" já se encontra na fase descendente da coerência enquanto arquitecto e enquanto cidadão. Apetece gritar: Longa vida ao Poder instituido
3. Grande Prémio de Automóveis Antigos
Começa amanhã o show. Perante a tristeza de todos aqueles que têm o azar de viver ou passar na Avenida da Boavista, qual "Bairro Judeu" de Varsóvia tantas as barreiras de arame e cimento aí depositadas. Já para não falar da delapidação a que foram sujeitas as espécies arbóreas que existiam na envolvente da placa central. Parece que o Dr. Rio mandou trazer de Lisboa o seu carro de estimação para abrir o cortejo. Certamente terá direito a revisão nas oficinas da CMP em nome da boa e transparente gestão da coisa (vulgo dinheiro) pública. Já agora, alguém me explica o silêncio dos nossos arquitectos, urbanistas, opinion makers, etc. sobre este atentado visual. Será que a Metro do Porto já pagou ao empreiteiro para que o mesmo acabe os trabalhos a tempo das comemorações. E que futuro terão os rails, vedações e estruturas de segurança que envolvem o Parque da Cidade quando a festa acabar.
O meu grito de revolta para tantos silêncios envergonhados.

Fernando Moreira