quarta-feira, novembro 30, 2005

Mais estado ou menos estado? – parte II

Assim o caso da Ota segue a lógica neo-liberal de uma economia que se quer competitiva no curto prazo. Há mais aviões, mais viagens – logo maior aeroporto. Melhor se o estado fizer uns contratos programa e acções de convergência com financiadoras, bancos, construtoras, etc.
O emagrecimento da função pública, o plano de contenção orçamental vendem-se como resultado da inevitável economia aberta e assumem finalmente que o estado é pesado demais. Evidentemente que está aqui estampada a critica ao pós 25 de Abril - digo eu!

Ora bem, de acordo, isto resultou de duas décadas em que o sonho de qualquer melro é trabalhar para o estado e abrir uma empresa por fora. Agora que se fechou a torneira dos quadros na função pública já ninguém fala de cartões, boys e factor C. Mas se puxarem pela memória observam que essa coisa do cartão começou por ser o denominado “cartão laranja” e rebentou nas mãos do mudo Cavaco Silva. Foi também por aí que começaram os quadros comunitários, com dinheiro europeu para uma estrutural mudança em Portugal. Muito foi desperdiçado, mas também muito foi modernizado e chegamos a convergir com a média europeia. Fizemo-lo tão bem que conseguimos caber dentro da moeda Euro.
Foi, portanto, nas “vacas gordas” que ninguém se preocupava demasiado com o papel do estado, fosse mais ou menos – se fosse mais, melhor, desde que fizesse o movimento aos fundos e ao constante investimento. Daí a uma política aberta de consumo com aberrações como uma horrorosa comparticipação nos empréstimos dos jovens (divertidos e despreocupados a comprar apartamentos de luxo) que explodiu um mercado do imobiliário muito depressa, uma fraca posição fiscal e a nenhuma consertação social, pois como se está a ver os acordos de reformas assim, assado, sistemas de saúde para militares desta maneira, motoristas da carris daquela, e Toninhos como o Zé, ficam-se pela caixa de previdencia.
Este estado, errático, confuso, gordo, mal organizado, não é consequência da esquerda, mas sim do bloco central que tem vergonha de assumir-se retentora dos avanços neo-liberais. Da esquerda que tarda em falar de equilíbrios sociais, económicos e culturais (vide as consequências das ultimas privatizações), e da social-democracia que rompeu com a lógica do estado gestor, para ir a correr transformar o estado nessa coisa hiobrida que nem manda muito nem desmanda. Assim como o grupo da Telecom a comandar os media, ou a confusão na justiça, o a bandalheira jurídica à volta das autarquias – onde a gestão danosa pode ser a gestão popular desde que seja encontrada a razão da cabala.

Por isso dizia que os conservadores sempre ganharam a guerra surda sobre as vanguardas, por isso a política (essencialmente social-democrata na Europa ocidental) está descredibilizada e instituições como a Igreja, por pior que procedam, seguem como pilares da comunidade. E porque será?
Creio que a questão é que, a social democracia subtitui o socialismo, e a esquerda deixou de ser também “doutrinal” para passar a ser o receptáculo ideal da economia de mercado. A mesma economia aberta que justifica os interesses americanos no médio oriente e os disfarce com a defesa dos direitos humanos. É que esta cultura americana de policiar o mundo só esclarece que nos faltam referências, tipologias sociais e muita pedagogia.
Por isso me revolto com a alienação que tem havido das pessoas perante os partidos políticos. Ninguém se quer misturar com “os políticos” por duas razões, a saber:
- Não precisam de definir (inclusive a eles próprios) o que pensam das ideologias, do País, do Mundo, da sociedade, das políticas. Assim podem votar em branco, ou neste e naquele conforme o discurso, o projecto, a cor do cabelo e o signo que pertencem, glosando com isso – porque até é chique.
- Não querem incomodar-se e verem-se envolvidos nas lógicas disputas que a participação pública implica. É mais fácil assinar uma petição independente, ou criticar no correio do leitor – não compromete, e assim tranquilos podemos sempre criticar o estado e o que ele representa. E ser militante do que quer que seja é démodé, porque sim, porque o verdadeiro poder é conhecer pessoalmente os personagens, mas não depender deles – como aqueles eternos independentes que pertencem a todas as comissões de honra, ora do PS, ora do PSD.

Mas isto está evidentemente errado. Não há aqui caminho para meias tintas, como o Giddens fazia com o socialismo de 3ª via.
O estado seguro, material, deu lugar ao estado só gestor de oportunidades, como se por exemplo em Portugal o que interessava da nossa economia não tivesse sido entretanto absorvido pelos grupos espanhóis e franceses.

E agora, como o estado continua a gastar o mesmo, mas o dinheiro vale menos. Como há mais estado social e população envelhecida. Como a classe operária vai dando lugar a uma classe intermédia de qualificação mais próxima de actividades terciárias – logo o estado tem que desembrulhar-se pois o emprego deixou de se fazer em mão-de-obra barata, onde a liberalização de mercado aprovada na OCDE explora (para já) os países de 3ª mundo e ataca as economias sólidas e sócias democratas da velha Europa.
Por isso os neo-liberais gostavam que isto fosse do tipo – Democrata / Republicano – como se eu não possa ser as duas coisas, ou como se pudesse ser republicano sem ser profundamente democrata. E como se uma coisa fosse a direita e outra a esquerda.

Por exemplo, o Bloco está mais à direita que eu em muitas questões – desde logo no aborto que tratam como se fosse uma coisa política e não um dever profundo com implicações sociais muito para além da legalidade ou liberdade.

Por fim, neste contexto ser conservador é ter medo de reflectir, é achar que a lógica de proximidade é mais legítima, que nem vale a pena pensar nas transformações sociais a ocorrer debaixo do nosso nariz (como os blogues), onde tudo se diz e pouco fica para se dizer. Onde um debate presidencial se faz por estigmas – idade, carreira, perfil, imagem, etc. E não pela capacidade de discutir este País, sem pruridos, na sua relação com Espanha, com as suas regiões, que cada vez menos o vão sendo, com o Atlântico, com o Brasil, com a língua materna (que cada vez é menos importante), com a cultura, a história e já agora a economia.

Afinal digam lá ao estado em que é que ele deve apostar – na tecnologia, ciência, conhecimento e turismo. OK, então deixem lá fechar as têxteis, sapateiras, montagens de carruagens e automóveis, construtoras e coisas parecidas.
Ou então o estado aposta nas infra-estruturas e ali vai TGV, Ota, mais auto-estradas, edifícios públicos, emigrantes clandestinos, Know-how estrangeiro (especialmente espanhol) e borrifa-se o choque tecnológico.

E … se calhar continua! Porque não tenho ainda as respostas.

P.s. Desculpem lá o jeito brejeiro, mas isto não tinha vontade de ser um texto cientifico ou a presunção de ser sequer um texto – é simplesmente uma opinião!

Mais estado ou menos estado?

A discussão que se tem desenvolvido aqui no Sede merece uma pequena reflexão, se me permitirem:
Mais estado ou menos estado?
Se por um lado evidencia-se que a questão económica se sobrepõe a todas as outras questões estrutrantes no País, vemos na sociedade como nas outras coisas todas, que o neo-liberalismo acaba por ganhar sobre a profunda reflexão social-democrata que a Europa tem vindo a fazer no ultimo século.
Comparando com a arquitectura, por exemplo, é como dizer que no século XX a arquitectura de matriz "tradicionalista" ou "conservadora" venceu sobre a denominada arquitectura moderna - ou a arquitectura do moviemnto moderno.
Quer isto dizer que as pessoas continuam a preferir a imagem simbólica do objecto do que absorver a verdadeira modernidade do dito, preferem uma casinha tipica ou rustica do que uma coisa mais moderna. Mesmo os mais eruditos (e também porque são eruditos, ou seja gostam da história e baseiam na visão sobre os factos do passado - porque a conhecem) tem tendência ao conservadorismo.
É por isso que a nossa juventude (e até a meia idade) não discute os temas preponderantes actualmente - o emprego, o estado social, a economia, A VOCAÇÃO de Portugal. Preferem dizer que não se metem em política e continuar a conversa do futebol. Falam mas é do Aborto, da homosexualidade e das questões mais fracturantes (eu diria mais fast food)
É também por isso que para esses o Sócrates é igual ao Barroso que por sua vez nem foi melhor que o Santana. É também por isso que não há novos protagonismos de fundo nos candidatos presidÊncias, porque simplesmente não há profundidade na previsão futura do País.
Temos feito diagnósticos - e o cenário é mau! Eu quando vejo discutir o papel do Estado, nomeadamente sobre a visão liberal que agora está na moda, sinto-me tentado a concordar. E faço-o porque desde logo isso garante-me que a questão regional ganha um sentido superlativo evidente. Um estado eficaz e próximo dos verdadeiros objectivos.
É evidente que se o país parece um telhado cuja caleira é o litoral e o único tubo de queda está em Lisboa, então o aeroporto faz-se ali - nem que tenha que ser forrado a ouro e com um diametro maior, mais bem feitinho e tudo.
Compreende-se por isso melhor o que significou a segunda metade da década de 90. Mas o socialismo democrático é que vence eleições e bem.
a continuar....

terça-feira, novembro 29, 2005

Quem quer ser respeitado...


Dá-se ao respeito:
E este comunicado do CDS/PP é tudo menos respeitável.
Uma vergonha, ou melhor
UM NOJO
António Moreira

A reconquista d"A Baixa"



Ainda, decerto, entusiasmados pelo debate das "elites", vai animada, n”A Baixa do Porto”, a, sempre actual, discussão quanto à forma de fomentar a “participação cívica”, assente agora, fundamentalmente, na comprovada receita do desprezo do “Governo de Lisboa” pela cidade do Porto e pela sua “província", o Norte.

Lembro que já dei que chegasse para este peditório, em tempos que já lá vão, mas, agora o assunto subiu de nível e já se aventam propostas de formação de partidos regionais (atenção à constituição), e, pasme-se, chega-se até a elogiar a liderança do Alberto João, na Madeira, apontando-se o seu exemplo de “córagem” face ao poder central.

Entrou-se agora na fase da procura da(s) figura(s) para dar a cara do projecto, tendo sido já sugerido o nome de Rui Moreira (que não é parvo) e, mais recentemente, até o de Rui Rio (que, pelos abraços a Menezes, terá certamente outros projectos em mente).

Apesar de já não “postar” n”A Baixa” não posso deixar de contribuir para este “movimento”, indicando a escolha óbvia (face às premissas) para liderar a “reconquista”.

Então ninguém se tinha lembrado do Major?

(Para quem receia a concentração de tanto poder, talvez um triunvirato seja a resposta)

António Moreira

Conversa da Semana Passada

A questão do “motor da economia” não é AQUI, sequer, uma questão de teoria económica.
Então o Estado não produz riqueza, é?
Apenas podemos considera-lo melhor depositário e consequente gestor da parte comum da riqueza por nós produzida, é?
Mas lá que isso é duvidoso, é. Pelo menos se assim fosse, era.
Como todos sabemos, uma das disputas do Sec. XX foi mesmo a da natureza produtiva ou não dos Estados (já lá voltamos), ok, não será essa a sua melhor vocação. Podemos dividir-nos no sentido a dar à nossa opinião, à nossa escolha.
Podemos preferir e acreditar que seria melhor que o Estado (que somos todos nós, mas também já lá voltaremos) tomasse nas suas mãos a produção (a criação de riqueza, ou não?) ou, pelo contrário, que o Estado se reduza a proporções mais ínfimas (regulação, soberania, etc.), quase nada até, e deixe aos privados a actividade produtiva, a criação de riqueza e de preferência que atrapalhe pouco. Eu não concordo, mas vamos lá…
É verdade que os modelos de economia planificada e estatizada não vingaram, mas dai a dizer que o Estado não produz riqueza ainda vai um bocadinho. As Practika não ficavam nada atrás das Pentax, pois não? Pois não, mas não era isto, era a questão do “motor da economia”.
O que eu digo é que existe uma muito longa tradição em Portugal, quanto a mim consequência da nossa cultura mediterrânica (E. T. Hall caracteriza isto muito bem) de ter o estado como motor da economia e que essa não é a raiz dos nossos actuais problemas. É quase uma inevitabilidade num país com a dimensão do nosso e com a nossa herança cultural. Poderia ser diferente se tivéssemos uma outra escala, ou se acaso pertencêssemos a um outro envolvimento cultural.
Podemos seguir ou experimentar caminhos ideológicos muito distintos, mas os grandes desígnios, aqueles que pela sua dimensão arrastam consigo a generalidade dos agentes económicos, ficam sempre a cargo do Estado, ou então não se cumprem.
Claro que os liberais mais convictos alegam já a seguir que é o estado que não dá espaço, que não permite que a economia se desenvolva livremente, baseada no binómio oferta / procura, que por sua vez resolveria todas as questões de equilíbrio social e de justiça e que ainda permitiria avanços e progressos muito mais acelerados. Mas nós sabemos que não é assim. Sabemos até que não resolve quase nada e que simplesmente acentua os desequilíbrios sociais. Mas a questão aqui nem sequer é essa, não a podemos colocar de forma exclusivamente ideológica. A questão põe-se com a pergunta que o amigo Moreira já aqui pôs, onde é que eles estão?
Não tem faltado oportunidades aos agentes económicos privados de demonstrar que a sua acção é melhor e mais benéfica para a sociedade (ainda que não seja o seu fito, porque esse é o lucro) do que a que o estado vem exercendo. Mas a verdade é que nada.
Quase sem excepção, sempre que o estado abdicou de uma qualquer porção da actividade económica em favor dos privados, aparentemente as coisas melhoraram, mas na realidade as pessoas (cidadãos deste pais) ficaram sempre pior servidas.
Foi assim com os transportes (urbanos e não urbanos), foi assim com os bancos e seguradoras, é assim com a saúde, é extraordinariamente assim com a educação, foi e é assim com as telecomunicações, com os produtos petrolíferos, e assim vai ser com a energia eléctrica, etc., etc..
Mas isto é naquilo que os privados abraçam, porque as coisas mais estruturantes, chamemos-lhes assim, nem sequer lhes interessam.
Por exemplo, eu não me importava nada que a AMTRAK viesse a Portugal criar e explorar o TGV. Ó pá, mas eles não vêm… Eu não me importava nada que a associação dos empresários do sector turístico ali de Viseu, reabilitasse a Linha do Vouga. Mas eles nada… Aquilo está parado há dez anos e este governo até não se portou nada bem, mas o que é certo é que eles nada.
E aqui é que entra a questão cultural. Em Portugal, se não for o Estado o motor, a carroça anda a pedais, isto é, não anda.
Na melhor das hipóteses temos os Amorins e os Belmiros (também já lá vamos), que “até são bons exemplos”, imagine-se.
Para dizer o que? Que um americano pode ser liberal ou até progressista de uma outra forma, com uma distancia em relação ao estado. Em Portugal, se não for o Estado, somos ultra conservadores, no sentido de que o tempo pára mesmo. Por isso é que foi sempre o Estado, foi ou não foi? Muitos dizem que é uma herança do Estado Novo, mas não é, foi sempre assim. Pelo menos desde as especiarias da Índia e a seguir do ouro do Brasil.
A verdadeira conquista está nas pessoas (até porque os mais atentos já terão certamente constatado que os comportamentos variam muito pouco, dentro e fora do estado). Mas não no sentido de que fala o Moreira, isto é, não é uma questão de culpa das pessoas. As pessoas são estas, somos nós.
E isto não foi a lado nenhum? Como não? Há trinta anos éramos colonialistas em África e hoje estamos no pelotão da frente da Europa e isto não foi a lado nenhum? Hoje há milhares e milhares de pessoas, de outras nacionalidades, europeias, africanas, asiáticas e americanas, a querer viver e trabalhar cá e isto não foi a lado nenhum?
Mas vamos então aos Belmiros e Amorins, os tais maiores criadores de emprego.
Mas o que é que tem feito por “isto”? Não é evidente a asfixia que provocam nos parceiros comerciais e ainda mais nos concorrentes? Não é evidente que os mecanismos de retenção de capitais e ausência de stocks condenam sem piedade largos sectores da classe média que é invariavelmente o sustentáculo social das comunidades. Não é evidente a degradação da qualidade do emprego que provocam. O que está em questão não é a quantidade do emprego, mas sim a qualidade do emprego. É evidente que aqui os padrões de cada individuo e de cada grupo são diferentes, mas para quem acredita, como eu, que com a quantidade de riqueza criada podemos viver cá TODOS e viver bem (este acreditar não é tanto uma questão de fé, mas mais uma questão de calculo), os ditos não são exactamente bons empregadores, para além de serem muitas outras coisas menos boas (aquilo é tudo tão reles, a começar pelos projectos de arquitectura que promovem).
O problema da riqueza é de distribuição e essencialmente de desperdício, não de produção. Parece-me evidente que tem que existir um equilíbrio entre o valor trabalho e as outras formas de criar riqueza, que no caso está completamente distorcido (perdoem-me a linguagem pouco técnica). A questão de saber se a riqueza que produzimos é ou não suficiente para as necessidades que criamos não é exactamente esta, é saber se a riqueza que produzimos, DISTRIBUIDA E DESPERDIÇADA desta forma é ou não suficiente para as necessidades que criamos, adicionadas às necessidades que nos são impostas e às necessidades que nos são sugeridas. Está bom de ver que a resposta será sempre um rotundo NÃO. Quando juntamos isto ao referido desequilíbrio no valor do trabalho chegamos sempre a uma situação de insuficiência, ainda por cima facilmente comprovável pelos níveis sempre crescentes de endividamento. Insuficiência essa que encontra como resposta a necessidade de produzir mais e com menos custos, numa espiral de tensão social estranhamente benéfica para os mesmos de sempre. Os mesmos de sempre, curiosamente.
Agora emprego a sério, não são os Belmiros nem os Amorins. Não digo que seja só o Estado, porque não é, mas enfim.
Se olharmos para a evolução histórica, que tipo de emprego deveríamos aspirar por esta altura do campeonato? Quantas horas de trabalho, que direitos e que deveres? Que garantias, que dedicação? A informática não ia servir para trabalharmos todos apenas metade do tempo, que as máquinas fariam o resto? Então porque não sucedeu? Ou será que sucedeu e essa riqueza anda a ser mal distribuída e muito desperdiçada?
Talvez não fosse a distribuição da riqueza o grande problema dos países comunistas, mas sim a produção e mais uma vez, sobretudo o desperdício. O estado dificilmente é “nós”, mas sim uma entidade semiabstrata que existe nas nossas cabeças principalmente para complicar. Dai que colectivamente acabamos sempre, no mínimo, displicentes em relação às coisas do Estado, fazendo-o fracassar quando atinge grandes proporções.
Mas dai a dizer que o Estado não produz riqueza vai um grande grande passo. Mesmo directamente produz riqueza, mas então de forma indirecta, nem se fala. Ó Moreira, eu não acho que a vocação do Estado seja lucrar com a OTA, mas sim cumprir o desígnio de ter uma rede de aeroportos válida que sirva uma rede de transportes aéreos válida, capaz de SERVIR os cidadãos e, se possível, criar riqueza. No caso da linha do Vouga, que dificilmente poderá criar riqueza, o Estado deve mantê-la, custe o que custar.
Que não fique a sensação de que me agrada o estado das coisas e que defendo um Estado pesado. Não, em Portugal, na minha opinião o peso do Estado é excessivo e tem que ser corrigido, mas nunca diminuindo as suas virtudes, porque se alguma coisa de bom ainda se vai fazendo é através do Estado. Das duas uma, ou o Estado abraça outras áreas da actividade produtiva e não é provável que o faça (mas poderia faze-lo e bem), ou terá que emagrecer, porque é excessivo para actividades de soberania e regulação, ainda por cima quando as exerce tantas e tantas vezes em duplicado e triplicado (ex: as SRU’s).
Quanto à OTA, eu já referi que por mim não se fazia, mas que não virá grande mal ao país se se fizer. Mas quando escrevo que não fazia, não é porque as razões para o fazer não me convençam, e sim por um outro tipo de convicção, mais empírica, que me diz que os transportes aéreos não vão evoluir da forma que os estudos actuais permitem antever. Agora a argumentação para não fazer o aeroporto tem aspectos tão caricatos como a contrária. Então os arautos da poupança não se lembram dos tremendos dispêndios ano após ano de gestão corrente, se em vez de um só aeroporto se distribuísse o tráfego aéreo por dois ou até três aeroportos (Beja, Figo Maduro, Portela, etc.). Mas isso é coisa que se proponha como solução. Numa era em que os custos de investimento em infra-estruturas se amortizam em cada vez menos tempo, em que os custos com mão de obra assumem proporções inviabilizadoras… O problema, quando se cria um novo equipamento não é quanto esse equipamento vai custar, mas quanto vão custar ao fim de x anos as pessoas que lá vão estar a trabalhar. Principalmente se for no Estado, que não tem a flexibilidade dos privados. (Nalguns casos já quase se justifica estar sempre a construir o mesmo equipamento, porque numa sociedade em permanente mudança, os ganhos de produtividade inerentes a uma nova organização, por sua vez inerente a uma nova construção, são compensadores em relação aos custos de construção).
Como ia dizendo lá atrás, a grande conquista está nas pessoas. Está em conseguir operar algumas mudanças fundamentais nas mentalidades colectivas. Para que aquilo que lhes põe à frente como um imperativo quase moral (tipo se não há dinheiro é porque produzimos pouco, insinuando que trabalhamos pouco e temos ordenados e regalias a mais) seja objecto de reflexão critica. Para que controlemos melhor as nossas atitudes mais displicentes, e consigamos outro tipo de ganhos. Até para que criemos maior indignação face à escabrosa forma como se vai processando a distribuição da riqueza (bolas, porque é que quando nos comparamos com a Holanda ou com a Dinamarca nunca nos surge comparamos a forma de distribuição de riqueza e apenas comparamos os sistemas de saúde?). Será que as fortunas dos Belmiros e Amorims alguma vez poderiam ter tido lugar na Holanda ou na Dinamarca? Quanto ganha um médico na Holanda? Qual é a proporção para o salário mínimo?
A mim preocupa-me principalmente aquilo que atenta contra o Estado Social e também a forma como se destrói o que está bem feito (ou no bom caminho) a pretexto de um qualquer momento menos bom. E por agora, para conversa, já chega.

segunda-feira, novembro 28, 2005

Senhores do PS!

Venho outra vez escrever, quer dizer mandar escrever (que é o meu sobrinho que põe no papel o que lhe dito), para saberem umas poucas e boas, sobre as coisas que ando a ouvir!
Em primeiro lugar quero mandar um beijo (dos grandes) para aqueles senhores que estão sempre lá na 6ª feira do Karaoke da minha secção. Digo-vos uma coisa – fossem todos os partidos como o nosso lá na Freguesia, e não havia problemas neste País. Portanto, beijos para o senhor vereador, e também para o seu filho, que tá cada vez mais parecido com ele sim senhor (não que isso seja um elogio à sua beleza, mas enfim cada um é o que tem de ser).
Nunca vi gente importante assim, dançar e cantar na tasca, só porque querem que a gente vote neles, até porque se calhar a gente votava à mesma. No entanto senhores, assim é que é, no meio do Povo. E digo-vos mais, essa cavalgadura do Cardoso fez muito mal ao senhor! Fez sim Senhor! Ele podia insulta-lo, chamar-lhe nomes e tudo, mas tira-lo da lista da assembleia é que nunca. Isto foi horrendo, odioso, badalhoco e mais o que houver.
Enfim, o que interessa é que temos eleições do Presidente, pois bem, gosto do bochechas, aquilo é que é homem de fibra, senhor. Então com tanta idade e ali vai ele contra o vespelhudo do Cavaco. Bem sei que para o mulherio estas eleições são a maior miséria. Isto vai desde o velhote, que pode ser muito bom político, mas não havia de fazer muito com uma rapariga como eu que tenho menos 25 anos que ele, e depois o Cavaco, nossa senhora! Mais valia dormir agarrada a um crucifixo, ao menos era imitação verdadeira de Cristo.
Por fim o Alegre! Logo a mim que sempre achei porcas as barbas, com aqueles pelos todos na sopa e no iogurte! Uma vez disse ao Narciso que só lhe dava o voto com duas condições, uma que à minha mais velha lhe arranjassem um empreguito, outra que ele aparasse a cútis. Olhem lá se não tinha razão!
Mas o que mais me assusta é aquele rapaz novo com nome de prato de sopa – o Louça. Então ele pespega-nos com os olhos em cima da gente como se fosse superman com raios laser. É que ao menos podia ser com aquele jeito de quem aprecia, mas nimba, é feroz, como se nos mandasse à burda merda! Que horror.
Portanto, vou votar no “Marocas”, mas digam lá ao Sócrates que aquilo não foi escolha que se faça, aliás ele não acerta uma, depois do Mário para esta figura de Presidente, do Carrilho para a capital da “Mourada”, do Assis para o Porto, agora o Renato para a Federação - vou ali e venho já.
O governo tem sido um bocado cão. Aqui no Porto, lá pelo bairro dizem que não gostam da Ota, eu ainda não percebi o que aquilo é direito, mas que não é coisa boa, não é. Um aeroporto gigante senhor, para quê? Se cada vez há menos razões para vir a Portugal? Aliás, vai-se notar no percurso dos deputados aqui do circulo - se falharem a hora do tgv, apanham o shuttle, depois o avião, voam 150 km e em Pedras Rubras vão de autocarro ou de Taxi que é muito bom.
Ou seja, é impossivel chegar às reuniões do partido, por isso se os vereadores do PS tem falado tão pouco nos jornais, aí é que não falam mesmo. Aliás ouvi dizer que enquanto o Assis for presidente a moda é ninguém atender o telefone a ninguém e quando combinam dizem assim:
Amanhã ligo-te!
Ora bem bem, nem ligam, nem sequer ficam de ligar!
Outro dia quis reclamar uma coisa lá da Junta e vou para o meu sobrinho, (que passa aqui no quarto as tardes, o moço!) "Manda lá uma dessas cartas por internet para os vereadores a dizer aquilo e tal", e o estupor do ganapo cobrou-me antecipadamente o recado em géneros (não que eu não aprecie) e depois vêm com a léria que eles num tem "émaile"!
Ora isto assim não pode ser, realmente, mais valia voltar para lá o senhor engenheiro que ao menos passava o dia no gabinete.
Por isso, tomem lá nota senhores e façam a gentileza de contar aqui com esta militante para as listas, isto comigo é que vai para frente.
ass: D. Serafina

Uma homenagem à Posta Mirandesa


Depois de termos feito menção a outros "blogues" de teor humurístico é da maior justiça esta referência ao mais popular dentro do género.

O Blasfémias e a sua "especialidade"

António Moreira


PS - Sabemos que esta não é a "posta" genuina, pois...

Para a genuina:

Posta à Mirandesa
Ingredientes:
1,2 Kg. de carne de Vitela Mirandesa - sal grosso

Confecção:
PreparaçãoAcenda as brasas utilizando lenha que não seja resinosa, como a de pinheiro, devendo então optar pela lenha proveniente de árvores de fruto ou por carvão vegetal.

O lume deverá estar forte, ao início, espalhando-se de forma uniforme pelo fogareiro ou lareira para que a distribuição do calor seja uniforme.
Ponha, então, a grelha, limpa e sem restos de peixe de uma preparação anterior, a uma altura de cerca de 10 cm das brasas, onde vai colocar as postas com uma espessura de 3 a 4 cm, sem nenhum tempero.
Pouco depois, se desejar, ponha um pouco de sal grosso e volte a carne, sem espetar, apenas quando aparecerem à superfície pequenas pérolas de sangue.
Deixe a carne na grelha o tempo suficiente para ficar passada consoante o seu gosto, nunca a picando para que conserve a suculência.

Ó pra ele a pôr-se a jeito...

Miguel Cadilhe lança amanhã o seu livro "O sobrepeso do Estado em Portugal".
Mais um dos que andou a ouvir a Mónica Cintra e a canção do pisca-pisca. Eles muito gostam de piscar o olho à esquerda quando querem ganhar eleições. Logo a seguir voltam-se para o outro lado e tornam-se autistas. Aliás, autistas não, que eles malham no PS que se fartam.
Bom, mas de qualquer forma muito boa gente do norte vai gostar. É acontecimento.
Não, não resisto. É que além de se tentar pôr a jeito, na entrevista que dá à visão, transparece mesmo o desejo recalcado de que o velhote vá comer o bolo rei mas é lá para a terra dele e dê lugar aos mais novos...

Crucifixos



Eu cá não estou nada de acordo com estas coisas.
Como é sabido, os nossos miudos são cada vez mais vampirescos. Se se tiram os crucifixos das escolas, como é que se vai ter mão neles?
Daqui a nada temos as escolas cheias de dentes de alho, água benta, estacas pontiagudas, etc..

sexta-feira, novembro 25, 2005

"Teresa" e "Maria", três dias depois do beijo.


"O vicio deixou marcas no rosto destas pequenas, que não escondem a culpa que as consome pelo seu tenebroso acto.
Em Vila Nova de Gaia já ninguém as reconhece. "










É assim, e muito melhor, que o:

FRANCO ATIRADOR

Marca a diferença.

As minhas boas vindas e um sincero muito obrigado.

Já fazia falta um blog assim.

António Moreira

"ACABOU. Já não há jardins!"


Fazendo eco da justa indignação expressa nos "ALIADOS"

Não cabe agora acusar apenas os do costume, mas sim os também responsáveis, e aqui é o lugar certo para os nomear:

POR INACÇÃO ou INEFICÁCIA.

Partido Socialista
Francisco Assis
Actuais vereadores do PS na CMP
Actuais deputados municipais do PS na AMP
Anteriores vereadores do PS na CMP
Anteriores deputados municipais do PS na AMP
Deputados do PS na Assembleia da República
Governo de Portugal
Todos os Portuenses
Nós todos


A VERGONHA DE SER PORTUENSE

António Moreira

quinta-feira, novembro 24, 2005

Comunicado de Imprensa

Quando, há cerca de um ano, acedemos ao convite do presidente da Federação Distrital do Porto para integrar o Secretariado, fizemo-lo na convicção de que era um processo necessário de unificação, destinado a dar-lhe as melhores condições para enfrentar as autárquicas e concretizar os seus compromissos eleitorais internos, entre outros, o de ganhar a maioria das câmaras da Área Metropolitana do Porto.

Após o desastre eleitoral de Outubro último na AMP, agravado pelas condições da derrota pessoal do presidente da Federação no descalabro da Câmara do Porto, onde o PS tinha uma forte tradição de bons resultados e onde o adversário se encontrava mais debilitado pelo seu isolamento social e político, a situação alterou-se deixando de fazer sentido o esforço anteriormente encetado.

A agravar, o facto de o Secretariado, pelo menos desde que o integramos, nunca ter funcionado com regularidade (passam-se meses sem reuniões e não há reunião que não seja adiada pelos menos uma vez pelos afazeres súbitos do presidente) e sobretudo nunca ter tomado decisão nenhuma, pois o poder decisório esteve sempre concentrado unicamente nas mãos do presidente.

Em suma, o Secretariado da Federação nunca passou de uma encenação.

Mas, ainda pior, tem sido o silêncio cúmplice do Presidente da Federação em relação à política centralista do governo. Não só em relação a um processo de regionalização metido na gaveta, como em relação ao abandono do projecto ferroviário de ligação Porto-Vigo, e também Aveiro-Salamanca, relegados para o Dia Do Só Nunca, em favor de todo o empenho no projecto TGV Lisboa-Madride e Lisboa-Porto . E quando se deveria investir na modernização das inter-regionais depara-se, pelo contrário, com a inacreditável destruição em curso das linhas Porto-Régua-Pocinho e Porto-Valença! Bem como em relação a um projecto da OTA, que além de desajustado da situação financeira do país, e mais que duvidoso em todas as outras vertentes, funcionará como mais um aspirador nacional à volta da Capital, acentuando o processo em curso de liquidação do tráfego de Pedras Rubras e agravando a macrocefalia que está a destruir o país. Este, de resto, foi sempre o ponto de vista do PS/Porto! Se alguém mudou de opinião não foi pela geografia ter mudado, foi pela cegueira partidária e pela postura serventuária, que encobre sempre as conveniências da promoção política pessoal.

É que sobre tudo isto, o Presidente da Federação, que em promessas internas e externas se multiplicou como paladino da região de um PS/Porto com peso nacional, não toma uma iniciativa interna ou externa, não diz uma palavra, porta-se como um funcionário venerador e servil, não contando para a nada na política do PS a nível nacional e portanto do governo

Não porque o Porto, com a principal Distrital do país, não tenha peso por si, como mostra a tradição. Mas porque o presidente está preocupado com tudo, menos com bater o pé (nem forte nem levemente) em favor da Área Metropolitana, do distrito e da região como seria o seu dever.

Pelas razões expostas, não tendo já nenhum sentido a minha participação no Secretariado e não compactuando com o servilismo em relação ao centralismo, informo os órgãos de comunicação social que acabo de apresentar a minha demissão do referido Secretariado da Federação Distrital do Porto do PS.

Porto, 24 de Novembro de 2005

Pedro Baptista

Magnifica iniciativa da JS Porto

Creio que a todos os socialistas (de cartão e sem ele) interessará algumas das temáticas que previsivelmente serão discutidas neste fórum.

A JS está de parabéns pela organização e o SEDE apoia a divulgação da iniciativa (não fossemos nós Socialistas Em DEbate)

Vem aí mais um que é SÉRIO


"......

A regionalização foi mesmo aprovada por unanimidade em Assembleia da República sob proposta do então primeiro-ministro do PSD, Cavaco Silva.

“Depois entrou a marinar”, criticou, lembrando o artigo 256º refere a obrigatoriedade do mapa divisório ter de ser referendado.

O ex-ministro das Finanças de Cavaco mostrou-se mesmo revoltado com o facto do actual candidato à presidência da República na sua Autobiografia Política II referir textualmente:

“Fiz por empatar o assunto”.

“Mas isto é coisa que se diga ou política que se faça?”, questionou em tom acusatório, ...."

Pois...

António Moreira

O "Jóxé Manueeil Barroxó" do nosso orgulho

Lembram-se que a honra dos portugueses neste homem e no seu convite para testa de ferro eurpopeu justificou a estupidez de Sampaio em designar o Sr. Lopes como 1º ministro?
Ele vai ser entrevistado - será capaz de dizer alguma coisa?

Marktest


Um estudo da Marktest no Dn mostra que Cavaco não ganha à primeira e Alegre mantém-se à frente de Soares.

quarta-feira, novembro 23, 2005

O aeroporto


Não acho que o futuro de Portugal se desenhe com um novo aeroporto, nem que ele seja mais forte que o de "Barajas".
Não creio que se crie mais emprego quando o sector produtivo está em crise (então haverá mais circulação porquê - turismo?) e a vocação de Portugal indefinida.
Ontem revi-me no Miguel Cadilhe (digo-o assim sem títulos nem nada porque me senti como um dos dele – inteirinho), assim como sei que a Elisa Ferreira já disse coisas bem parecidas. Para quem não saiba ele falava numa conferência organizada pelo Público e questionava se realmente achávamos que o Aeroporto era o futuro do País?
Disse que provavelmente este investimento matava Pedras Rubras, e falava com uma certeza de números que eu não sei ter.
Depois, para que ninguém ficasse com veleidades que isto era uma posição partidária desancou Cavaco Silva quando citou o seu livro II de auto-biografia POLÍTICA a sua frase em que afirmava ter EMPATADO A REGIONALIZAÇÃO!

Olhando para isto em termos políticos temos então o quê?
O Distrito do Porto em definhamento (desemprego, crise industrial, maior litoralização, perda de capacidade competitiva, fosso de desenvolvimento com a Europa e com Lisboa), mas não se riam todos, pois no distrito vê-se também toda a região do Norte e centro.
Por outro lado, confuso com este investimento previsto para a capital calculo que haja uma estratégia de descentralização, quanto mais não seja para equilibrar as coisas. Procuro mas não encontro!

E será isto culpa de Sócrates? Ou será antes culpa de não conseguirmos uma acção política credível?
Anteontem enervava-me com a forma brejeira e de parodia com que num programa da 2 (pasteis de nata) se tratava a regionalização – com pronuncia à Porto e bocas risonhas.
Será que as mesmas palavras ditas por Fernando Gomes e Cadilhe tem efeitos diferentes?

Narciso hoje ao JN

"Nunca disse que 'não' ao PS nem nunca defraudei expectativas", afirmou, embora tenha pedido aos seus apoiantes uma pausa até às presidenciais. A Renato Sampaio, enviou um recado implícito, ao apelar para que não se cometam "os grandes erros de andar a fazer negociatas".
Narciso Miranda apresenta-se, portanto, como candidato.

terça-feira, novembro 22, 2005

Já tomaram o comprimido hoje?


A propósito de uma crónica de Miguel Sousa Tavares, escrita no Público da última sexta feira, grande parte da “blogosfera” nacional, tem-se entretido a cruzar argumentos sobre sexualidade, heterosexualidade, homossexualidade, homofobia, heterofobia (?) e muitas outras coisas, desde a defesa do direito ao tabagismo indiscriminado, por MST, ao direito a qualquer poder escrever imbecilidades, como o MST (e, já agora, este vosso amigo).

Foi assim que descobri a existência de uma entidade a que chamaram de “blogayesfera” e também a de um medicamento milagroso, chamado HETRACIL.

É sobre este medicamento, que se destina a prevenir comportamentos efeminados e tendências homossexuais, que gostaria que algum dos “sedentos” (ou sedentas) mais ligados a estas coisa da ciência se debruçassem (no bom sentido) de forma a procurar, de entre os seus componentes, não um antídoto, mas sim a fórmula mágica que permitisse criar um medicamento análogo, mas inverso, que fosse capaz de prevenir os comportamentos mais “masculinizados” e as tendências marialvas que ainda proliferam de norte a sul do país, desde os autocarros dos STCP, às lezírias do Ribatejo, das páginas do Público, às caixas de comentários (e não só) de tantos “Blogues”, para já não falar das candidaturas presidenciais….

PS, para se verificar que por trás do que parece a maior das imbecilidades se escondem, por vezes, verdadeiras pérolas

António Moreira

as guerrinhas

A guerra entre os pseudo-candidatos à distrital do PS e às concelhias já se estende ao Masp. Que pena que o PS não saiba separar as “guerrinhas” internas das eleições presidenciais. Houve muita gente que ficou zangada pela escolha de Nuno Cardoso para representante concelhia da candidatura de Soares – como se isso interessasse para alguma coisa.
E já agora, depois de Francisco Assis anunciar a sua passagem de militante de Amarante para o Porto, será interessante observar quem ele apoiará para a liderança…

a fotografia que Rio não gostou

Só agora descobri que o Presidente da Câmara do Porto se chateou mais uma vez com o JN, inclusive pela fotografia que escolheram para a sua entrevista.
Enfim o assunto com que a contra-informaçãqo já goza é, no entanto, o que o Porto menos precisa.

sobre candidatos

Como se pode garantir a igualdade de direitos entre candidatos?
Já é comum aparecerem uns quantos candidatos à presidência da republica. Uns mais a parodiar que outros! Se Manuel Vieira é essencialmente uma forma de marketing para as suas diabruras, propagandeando o grupo pop, ou se ninguém percebe a candidatura do advogado de Bibi, outros podem ter uma real vontade de apresentarem uma forma diferente de observar os lugares políticos.
Não é o caso de Nelson Magalhães, que qual poliglota escreve assim no seu Blogue:

NEM ESQUERDA, NEM DIREITA, PORTUGAL E OS PORTUGUESES.”Suiça, 11 Setembro de 2005Caros Compatriotas , habitantes de todo o Planeta , caros Emigrantes . Portugueses .A tous ceux que , en étant toujours Portugais ne parle plus la merveilleuse langue de CAMÔES .Et aux milliers et milliers de Français travers le monde , que en voient mon visage me reconnaîtront , veuillez SVP consulter la page en bas .To my dear fellowship compatriots , which in spite of being Portuguese d’ont speak the CAMOES language any more .And to the tens of thousands of the English speaking language around the world , for which my face is familiar , please consult down .
A todos , eu desejo as Boas Vindas .
(…)
Mas os hoje 250 Jovens Advogados de quem fui orgulhosamente colega “” e que serão os meus Conselheiros por Excelência , se eu vier a sêr eleito “” bem assim como os Meritìssimos Professores dos quais bebi as liçôes , antes que as contrariedades da vida me obrigassem a agir diferentememte , sabem que eu posso ser o Presidente que Portugal precisa para se tornar de novo GRANDE , HONRADO e RESPEITADO .E depois , estão vivos Dois dos Maiores e mais respeitados , Presidentes da actualidade e jà julgados pela História . Com a devida vènia : NELSON MANDELA .Com a devida vènia : LECH WALESA .
Portugal , apenas terá a ganhar em têr como Presidente um EMIGRANTE Mundialmente conhecido e que se chama :
Nelson Magalhâes Fernandes .”

Os media, na sua lógica de audiências, “borrifam-se” e fazem os debates entre quem querem.
Como poderia ser mantida a igualdade entre candidatos? Manuel Alegre é menos independente que Manuela Magno? Ou Luís Filipe Guerra? Ou este divertido Nelson Magalhães?

E entre o surgimento de candidaturas pequenas, residuais e outras caricatas, vamos vendo a falência de um sistema que na verdade não permite a igualdade de oportunidades e que se deixa ditar pelos meios de comunicação (ou o contrário claro).
Mas havia outra solução? Como separar uns de outros, sem perder a formalidade que uma campanha presidencial merece ter?

sexta-feira, novembro 18, 2005

Eles estão entre nós... corrijo VÓS


Meus caros

Por via do AKIAGATO, cheguei a este "post" no "Blogosocialportuguês"...

Assim não dá.
Antes de convidar alguém deve-se garantir que a casa está limpa.

Desabafar só, não chega...


Um abraço a todos

António Moreira

O combate à corrupção começa a apresentar resultados


António Moreira

O tamanho conta?

Conta-se que Samora Machel (personagem injustamente fustigado pelo anedotário nacional) deparando-se com sérios problemas de organização ao nível das estruturas de base do partido, fez sair uma circular na qual constava o seguinte:

Uuuuuuuuuuuuu (ús pequeno)
Tqobdc (tê quê ó bê dê cê)
OOOOOOOOOO (ós grande)

Para ele, de acordo com a piada, o tamanho contava. Pois para mim também conta, por defeito ou por excesso. Não interessa tanto o que se pode fazer com ele (tamanho), porque a acção está sempre demasiado dependente das circunstâncias, mas sim a dimensão, que deverá ajustar-se tanto quanto possível às necessidades. Eis o que não acontece neste naipe de candidaturas presidenciais
Todos sabemos que "um homem é ele próprio mais as suas circunstâncias", sendo que nestas eleições e neste tempo histórico as circunstancias se vão apresentar semelhantes para qualquer destes homens, caso venha a ser eleito; dificuldades, contenção, crise, etc..
Portanto, o eleito valerá essencialmente pela sua dimensão, e pela forma como a souber ajustar às necessidades do país. Por esta ordem de ideias, o candidato do qual me sinto ideologicamente mais próximo, Mário Soares, leva uma grande vantagem sobre qualquer um dos outros. A sua superior dimensão política, humana e humanista, cultural, social, económica (sim, disse económica), etc., não deixam margem, não deixam espaço, a nenhum dos restantes, sempre demasiado confinados aos pequenos mundinhos de que se foram rodeando.
Mas, e há sempre um mas, há uma outra dimensão que antecede todas as outras. Uma dimensão maior (mais maior, à espanhola), que é a dimensão da vida, do tempo da vida.
Um homem nasce, vive e morre, e nesse percurso ganha para si próprio um tempo para estar nas coisas da vida, um tempo certo. Essa é a dimensão de que Soares não dispõe e é por isso que revela tanta dificuldade em "passar" no eleitorado.
Não se trata de colocar o cutelo da idade sobre a cabeça de ninguém, numa apreciação que seria sempre de um imediatismo primário, pouco correcta e desejável.
Trata-se de aferir até onde é possível esticar a corda no que diz respeito à permanência na ribalta do que quer que seja, coisa que os nossos candidatos estão apostados em fazer. Eles são sempre e exactamente os mesmos!
Um aparte; No que à idade diz respeito, Madonna acaba de demonstrar com o seu recente “Hung up” que isso tem muito que se lhe diga. E ela disse, peremptoriamente, às novas starletes da Pop & Soul, quais Beyonce, Kelis, Missy Elliot e etc. para aprenderem com a velhota e verem bem como é que se põe o mundo inteiro a dançar. A parada ali joga-se alta, e as Shakiras não contam para o campeonato. Há que distinguir bem o que é a competição branco / negro na qual Madonna vai fora golear, e perceber que os hispânicos jogam à parte.


No entanto, ao contrário de Madonna, que por ser americana global, é global, pensa global, os nossos potenciais presidentes revelam amiúde a sua triste pequenez. À excepção de Soares sempre esforçado em fazer-se global. E muito fez ele, extravasando largamente o que à partida seria de esperar para um político de um pequeno e periférico pais europeu.
Porque o desafio é mesmo esse, nos nossos tempos. Ser capaz de pensar global e agir localmente, com recurso aos instrumentos mais básicos de que o ser humano dispõe, a começar pelos seus sentidos. Ser capaz de perceber simultaneamente as transformações que o mundo vai sofrendo e o valor das coisas simples que garantem a sustentabilidade, como a fauna natural do Sabor ou o chouriço de Montalegre (já que estamos a falar de tamanho…).
Ora, na avaliação das candidaturas presidenciais, e perante o panorama desolador que nos foi proporcionado, e que condiciona fortemente (quase exclui) a vertente meramente racional da escolha, é precisamente de outros sentidos que temos que nos socorrer para fugirmos aos facilitismos tipo “gosto ou não gosto", tipo “…é cá dos nossos”.
Estamos perante uma crise de protagonistas e um esgotamento de personagens que traduz um fim de ciclo inevitável e é bem patente nestas eleições presidenciais. Que não se confina, aliás, ao nosso pais, mas que extende por toda a Europa (não nos esqueçamos que o presidente da Comissão Europeia é aquele incapaz).

Francisco Louça, e começo por ele por ser o mais fraco, o mais frágil, aparece nos cartazes dizendo “Olhos nos olhos”. O que é que lhe terá passado pela cabeça? Não saberá ele que os olhos são exactamente o seu ponto fraco? Poderá alguém confiar naqueles olhos, pequenos, que transmitem um ressentimento dominado, uma mágoa raivosa difícil de controlar? Os aspectos positivos, a inteligência, a criatividade, são relegados para segundo plano procurando tirar partido eleitoral dum sentimento de confiança de que não dispõe. Há qualquer coisa de Peter nesta candidatura.
Cavaco não aparece, estrategicamente, para não revelar o logro. E com isso propicia outro. Portugal não é Cavaco, embora ele gostasse que fosse. E o Portugal que é Cavaco, infelizmente, é o Portugal do pior de ser português. O Portugal do desenvolvimento desenfreado, descontrolado e catastrófico. O Portugal dos IP’s dos acidentes. Da ignorância ambiental. O Portugal dos fundos estruturais desviados. O Portugal do ensino superior sem qualidade. O Portugal sem pré-escolar. O Portugal do monstro e do betão.
Mas o logro de Cavaco é outro, é a impossibilidade de personalizar o papel que é atribuído ao presidente na nossa república. Cavaco, para o mal e para o bem será sempre outro tipo de personalidade e não lhe convêm lembrar isso às pessoas. Pelo menos até terem a sua decisão consolidada.
Alegre oscila, entre o idiota útil e o representante da alma, das almas. Dos portugueses de outrora consagrados em poesias inflamadas e louvores que engrandecem o peito. O rebelde a quem já não sobram muitas causas. Mas tem sido muito útil, principalmente a uma certa esquerda, muito mais velha do que Soares, que se eterniza e que se sente acima de todos, sempre bem defendida atrás de uma ética republicana, que amiúde se encarrega de apunhalar.
Jerónimo sim. Embora tenha sempre presente aquele arzinho de gato escondido com rabo de fora, há que admitir que conseguiu um outro elan para aquilo que é, e que no fundo sempre foi. Eu cá prefiro assim. Não gosto de comunismos reformáveis nem de cosméticas à medida. Marx teorizou e Lenine tentou operacionalizar. Não é válido no que nunca foi e continua válido no que sempre foi. Ponto. A simpatia não tem nada a ver com isto e já se sabe que dá votos. Ponto outra vez. Ou alguém dúvida da pertinência actual do discurso trabalho vs capital?
E Soares? Soares é fixe, mas aparece tão velhinho… Acho até que exageraram propositadamente nos cartazes, para dar uma de Papandreu, de avozinho fundador. Não o tenho visto assim tão velho, e até está bastante ágil.
E aqui voltamos ao início da questão, o tamanho, a dimensão. A dimensão do homem e a dimensão do mandato (factor a considerar, sem dúvida).
Temos como ponto adquirido, pelo menos eu tenho, o cenário desolador de uma conjuntura que dá os seus últimos passos, que se esgota. Algum destes candidatos poderá personificar uma transição? Seguramente que não!
Então, fechemos os olhos, libertemo-nos do manancial diário de ideias feitas e votemos em quem cada um de nós imaginar como o Presidente de todos os portugueses.
Ou então façamos simplesmente outra coisa qualquer.


quinta-feira, novembro 17, 2005

desabafo

O que tem o PS Porto que o inibe de produzir opinião política? Que se passa em Federações e concelhias em que nem um comentário se vê sobre decisões estruturais do governo?
A decisão sobre a gestão corrente do Metro do Porto foi comentada simplesmente por Narciso Miranda. As figuras tutelares dos órgãos internos parecem não ter já opinião sobre nada – nem que fosse para concordar.
Longe vão os tempos das reivindicações regionais, da discussão do desequilíbrio centralista, etc..

Que adianta Francisco Assis, Nuno Cardoso e outros que tais? Tenho a convicção que discutir a acção política do governo não é estar contra o dito governo. Se assim fosse as oposições não serviam para nada.
Se fosse Duro Barroso ou Santana a aplicar esta medida como estaria esta malta nossa camarada a vociferar.

No caso do Metro a comparação deveria ser feita com Lisboa, qual o despiste daquelas contas, da fissura do Terreiro do Paço e por aí fora..

Sabem, eu sou do PS, mas também sou do Porto e vejo que a SRU é tutelada pelo governo central, a Metro é agora tutelada pelo governo central, a Casa da Música tutelada essencialmente pelo Governo central, Serralves, Ippar, por aí fora.
Por outro lado quem são os ilustres portuenses do Governo? Nenhum? Pires de Lima até diz ser de Braga. Belo PS este aqui!

Portanto, o melhor mesmo é dar isto ao controlo dos padrinhos, porque ser socialista por estas bandas serve de pouco, mais ainda por ser consequência do factor mais anti-portuense/nortenho que existe – a falta de coragem – coisa que toda a gente sabe que não é mal que a gente padeça.


segunda-feira, novembro 14, 2005

o inicio

Estamos em eleições presidenciais, mas já começaram as movimentações internas partidárias. Pelo menos no seio do PS.
Hoje Narciso dá uma entrevista ao Público, onde, basicamente deixa antever a hipótese de ser candidato ao distrito do Porto. Narciso diz isso e infelizmente pouco mais!
A critica mais forte vai para o seu mais provável adversário – Renato Sampaio – quando afirma que o PS Porto não se deve sujeitar a ser uma secção da sede nacional. Como sabem, Renato Sampaio tem dito (publicamente) que não sabe se é candidato porque ainda não falou com José Sócrates. Narciso insinua também os acordos políticos que existiram com Francisco Assis para este apoiar o candidato preferido de Lisboa e deixa cair uma farpa quando fala da questão do TGV.
Confesso que a entrevista é bem dada e bem conduzida, mas relata o PS de hoje, constantemente ligado a acontecimentos passados, numa lógica de grande conflitualidade interna e sem novas ideias que mobilizem o partido nas causas regionais e nacionais.

Pessoalmente não tenho pruridos em discutir o PS enquanto decorrem as presidenciais, aliás o próprio Soares lançou-se enquanto decorria a campanha autárquica. Considero também que estas próximas eleições internas são fundamentais para o futuro de médio e longo prazo do PS no Porto. Todos aqueles que se consideram ligados à política por causas não podem deixar de ficar assustados com os cenários previsíveis de lideranças e não podem alijar responsabilidades, pois a representatividade de um partido tem que ser em função do seu eleitorado.

sexta-feira, novembro 11, 2005

Sobre a secção Regional da Ordem dos Arquitectos

Soou agora nos blogues a posição iníqua da ordem dos arquitectos sobre o que se passa nas câmaras, nomeadamente na do Porto.
Sou muito faccioso, e longe de ser independente. Como devem saber, ou se não sabem ficam a saber, fui candidato nas duas ultimas eleições à secção regional e perdi. Aliás na última aceitei ir na lista para a direcção da dita, convidado pelo meu amigo e colega, João Carlos Ferreira, que liderava a respectiva tropa.
Ganhou o Serôdio, ou melhor a lista A, apoiada pela Helena Roseta, que, 3 anos antes havia sido eleita pela nossa lista, mas que se esqueceu dos seus apoiantes do norte que perderam por meia dúzia de votos a regional, pois 3 anos volvidos juntou-se aos que a combateram antes.
Desta vez, faz um ano,perdemos 60 – 40, ganhando o Serôdio e os seus.
Por isso meus amigos julgo poder falar do assunto OA, pois estão avisados da minha falta de isenção.

Antes demais não nos podem acusar (aos perdedores) do que quer que seja, mas também não podem deixar de ouvir que aqui no Porto isto continua a ser um problema dos esquemas montados: A FAUP gosta de controlar e a Lusíada aceita tudo desde que não os chateiem. Os arquitectos famosos, como o Álvaro Joaquim e o Eduardo estavam ao lado de quem ganhou a Secção Regional.
Por isso concordo com o que tem escrito o Pedro Aroso e mais ainda com a resposta do Alexandre Burmester. No entanto, nos momentos de debate da Ordem, nós arquitectos, temos estado genericamente ausentes.
A direcção da Ordem que ganhou fê-lo supostamente na continuidade de uma linha (de esquerda) habitual, com pouca interacção com as autarquias, sem interferir nas palhaçadas dos concursos, aceitando a exploração dos recém-licenciados e defendendo a linha cultural – nova sede e o Passos Manuel chique fashion para discutir assuntos.
E o que realmente interessa: nada! Licenciamentos – nada! Profissão – nada! Honorários – nada! Escolas e universidades – nada! Autarquias (arquitectos de fora e de dentro, ou será que os de dentro não pertencem à ordem?) – nada!

Portanto se querem discutir, meus caros leitores do blogue, arquitectos como o Aroso, o Burmester ou o Gino – que apoiaram esta direcção, venham agora, desafiados para o próximo triénio falar da secção regional e da ordem nacional a sério. Eu e o Daniel estivemos lá, fomos chamados de gajos do PP, nós com cartão socialista e tudo, simplesmente porque achamos que a Ordem existe para a profissão dos arquitectos, não para o jornal, nem para as conferências, nem para o bestiais coisas que o Gadanho organiza e muito menos para as festas de fim-de-ano/reveillón!
Simplesmente porque só existe uma reunião por ano, se tanto. Simplesmente porque em todas as discussões difíceisa OA está ausente. Mas costuma aparecer para levantar processos disciplinares, que não dão em nada. E depois?
A mim revolta-me que nos arquitectos haja uma lista que junta na mesma comissão de honra todos os arquitectos com obra pública do norte, encabeçada pelo Siza e tudo – são os gajos fixes, a malta porreira como diria alguns que foram professores de quase todos nós. E depois queixam-se, logo no dia a seguir, ou quase! Que não tem trabalho, que a câmara é uma merda! Que são tratados assim e assado por outros colegas e funcionários e que os vereadores isto e aquilo – sem preparação e sem saberem um boi ou um burro! Pois não precisam! Basta encomendar obra pública ao Souto de Moura, ele depois dá aos outro como fez no Metro, a todos os gabinetes amigos.
Basta pedir ao Siza o desenho da “Boapista” que ninguém pode chatear. E não fosse o governo ter mudado e o Presidente do IPPAR desejar manter o posto, nem sequer tinha havido aquilo no Soares dos Reis sobre Ceuta, organizado pela Ordem! A OA no norte não serve hoje para nada.
Queixam-se de quê afinal? Do que escolheram!
Ou será que estou enganado?

Pensar melhor

O MAnuel Pina, figura que bem considero, nomeadamente pela escrita, disse ontem assim no JN:
"Siza Vieira e Souto Moura estão a fazer nos Aliados um monumento à autocracia. A autocracia já merecia um monumento no Porto! Ora, um monumento à autocracia tem que ser cinzento (e, se possível, "sizento"), que é a cor do posso, quero e mando. E tem que obedecer à regra da autocracia, a uniformidade. Por isso, Siza e Souto Moura conceberam os novos passeios, a nova placa central e as novas faixas de rodagem da Avenida, onde até aqui reinava uma perigosíssima diversidade (até flores havia na placa central!), do modo mais uniforme que puderam granito cinzento, granito cinzento e granito cinzento. Coexistiam por ali, diversamente, uma Praça do General Humberto Delgado, uma Avenida dos Aliados e uma Praça da Liberdade; Siza e Souto Moura tornaram tudo numa coisa só: assim a modos que um Rolex "made in Taiwan".
Dessa maneira, os portuenses sempre poderão ir a Paris sem sair de casa. E como a calçada à portuguesa é também excessivamente diversa e excessivamente portuguesa, decidiram fazer-lhe o mesmo que às árvores e às flores, arrancá-la e uniformizá-la. O Porto terá uma Avenida de uniforme "signé Siza". Para tudo ficar uniformemente perfeito, só falta obrigar os portuenses a pôr fato cinzento quando vierem os fotógrafos das revistas de arquitectura".
De facto, sempre disse que aceito uma forte intervenção nos Aliados, como se fez com comandados pelo Marques da Silva nos anos 30. Mas confesso que são muitas as pessoas que admiro e tenho estima pessoal, que se insurgem contra esta obra. Acho, sinceramente que o Siza e o Souto de Moura estão cada vez mais distanciados das suas origens e parece-me que esquecem que nunca serão cidadãos do mundo sem conhecerem a sua aldeia (num plagio pessoano). Por isso as palavras do Manuel Pina "doeram-me" - às vezes nós arquitectos distanciamo-nos demasiado e afundamo-nos em conceitos ou linguagens supostamente universais, que até o pós-modernismo já matou - diga-se. E dizer que o Porto é conservador é ser burro, coisa que não acho do Eduardo Souto Moura, assim para continuar a dizer o que tem dito, devia vêr como os portuenses absorveram a "Casa da Musica"- já é nossa - como o Guggeinhein é de Bilbao.
E se, Siza e Souto de Moura, julgam que o exemplo de Barcelona na contestação das comissões de vizinhos, às praças duras dos anos 80 é a mesma história do que o que está a acontecer agora no Porto, estão bem enganados.

quinta-feira, novembro 10, 2005

SRU

Aos trinta e sete anos, maravilhosa idade com que por agora me encontro, tenho revelado a mim próprio a entediante monotonia de quase nunca me surpreender com nada. Surpreendente presunção esta que leva alguém a considerar que já nada o surpreende, mas de facto, tem sido assim. Hoje porém não foi.
Por motivos familiares, relacionados também com a minha actividade profissional, vi-me enredado nos meandros da SRU, Sociedade de Reabilitação Urbana Porto Vivo, dos seus procedimentos e da evolução do seu primeiro programa, a reabilitação do quarteirão de Carlos Alberto.
Tudo, mas tudo, o que aqui escrevi e antes, quando o SEDE era ainda um fórum privado, se confirmou. A verdadeira surpresa é que as coisas são ainda muito piores do que eu, nas piores previsões, poderia imaginar.
Reabilitação é uma palavra vaga. Reabilitar não é recuperar, não é reformar, não é reparar. É simplesmente tornar habilitado, no caso para o que quer que lhes apeteça.
Acreditem, é possível ignorar a história, a tradição, o espaço e interesses públicos, o espaço e interesses privados, as tipologias de habitação, a caracterização volumétrica e do espaço, a arquitectura, a vivência urbana, em nome de uma nova habilitação para uso que faz da cidade uma espécie de cenário de papelão. Acreditem, para fazer o que lá vão fazer era preferível não fazer nada, porque nada vai melhorar por aqueles lados.
Só para o registo, a ideia é juntar todos os edifícios desocupados e / ou problemáticos no quarteirão demolir integralmente o miolo e fazer um edifício novo. Ficam as fachadas.
Este tipo de intervenção já não é grande coisa quando estamos a falar de um único edifício, que sendo remodelado dá origem a um novo em que apenas se mantêm a plasticidade exterior. É fácil de perceber porque. Mas aqui o caso é outro. Os novos espaços criados (apartamentos, estabelecimentos comerciais, garagens, etc.) vão ser caracterizados por uma miscelânea arquitectónica resultante do aproveitamento das antigas fachadas, com as suas distintas formas e materiais e cores, com alinhamentos horizontais totalmente diversos. Na mesma casa coexistirão janelas de vários edifícios, a diversas alturas, com outras de desenho actual e novas características. Um mesmo vão tanto poderá servir uma cozinha, um quarto, um w.c. ou mesmo uma garagem ou um estabelecimento comercial. Independentemente da sua guarnição ser de granito de Alijó, de argamassa saibrosa ou outra qualquer.
Sem querer prolongar muito a conversa, refiro apenas que não há projecto ou arquitecto, por melhor que seja, que faça ali qualquer coisa de jeito que não esteja condenada, porque o conceito que presidiu aquele modelo de reabilitação está errado desde o principio, para além de que propõe, sem mais, usos do espaço que já provaram não resultar.
Mas há mais. Toda a parte dos procedimentos é completamente caricata, sendo já evidente que, se aquele programa for para a frente, vai mesmo ser filho único. Eu disse SE, porque me restam muitas dúvidas que realmente vá.
Em tempos pronunciei-me, aqui neste Blogue, sobre a SRU. Aliás sobre as SRU’s. Na altura julgo ter deixado claro que entendia ser um péssimo modelo de reabilitação urbana, serem mais uma das secreções perniciosas do estado, das que oferecem argumentos aos detractores do estado social, e que para além disso não iriam fazer nada que um qualquer departamento municipal não pudesse fazer. Um ano depois tive a absoluta confirmação disso mesmo, só que de uma forma tão penosamente surpreendente que preferia ter continuado na entediante e presunçosa monotonia dos que, aos trinta e tais anos, acham que já viram tudo. Mesmo um porco a andar de bicicleta e uma pulga a dançar rock&roll.

Para o Pedro Aroso


António Moreira

Mais Copy+Paste


Do:
The great portuguese disaster 1985-1995

"Que saudades daquele dia em que o dentinho Cavaco foi ao dentista, para ser desvitalizado no garrafão da Ponte

O Mário Soares,rata velha,em vez de o pôr na rua, deixou-o cair de podre.
Um Governo Osteoporótico.
Na altura,o Peidas Lourido ainda só era Ministro (pai, já sou ministro!...) mandava dar porrada em toda a gente,uma espécie de miguelista da Lusitânia retardada.
Portugal fazia maratonas de cadeiras de rodas com a Grécia, para ver qual ficava com a cauda da Europa, o Grande Timoneiro ia sempre pendurado no estribo, ao lado do ex-maoísta e neo-oportunista Durão Barroso, aquela merda, um dia, descarrilou nas contra-curvas do IP-5, a ESTRADA ASSASSINA,

-- até a Maria ia para lá andar de trenó, nos dias de grande humidade

"nunca senti nenhum perigo, havia só aquela emoção da montanha russa da Feira Popular, também só lá andei uma vez, ficava muito longe da Vivenda Mariani"

--,já estamos na linha da frente,
direita
esquerda
volver
o PELOTÃO DA FRENTE,
a patinar no Pulo do Lobo,
o Soares raposão dava gargalhadas na Praia dos Tomates, o rei vai nu,

"filho, os ossos do teu governo já só parecem uma filigrana...",

as câmaras não largavam aquelas mandíbulas de retro-escavadora, ao cair dos noticiários,
já só enfardava fatias de bolo-rei,
era Natal o ano inteiro,
-- mas só para alguns --

NATAL, MAS SÓ PARA ALGUNS,
... "

Ler o resto


António Moreira

Simpatia e cordialidade


A importãncia da imagem é sempre actual ...

"Foto especial

Na sua edição de segunda-feira, em que o JN desfere também o seu principal ataque através da primeira página do Grande Porto, é utilizada uma péssima
fotografia de arquivo do Presidente da Câmara do Porto, que dá claramente uma imagem agressiva e antipática de Rui Rio."

Para evitar eventuais acusações futuras de estarmos a tentar denegrir a imagem de cordialidade e simpatia que o nosso estimável presidente da câmara pretende divulgar, daqui solicitamos o envio de um "kit" de fotografias "aprovadas".

O nosso muito obrigado

António Moreira

quarta-feira, novembro 09, 2005

a demolição

Pois é, concordo com o Alberto! Só não concordo quando diz que deve ser um processo identico ao do S.João de Deus.
Mas como a localização priveligiada potencia uma boa recuperação e retorno financeiro e o modelo tipológico existente não tem remédio, menos ainda se aplicado a habitação social, a solução é demolir. Demolir não só este, como também o Carriçal, o Lagarteiro e mais uns quantos!



Espero que o PS saiba fugir da demagogia de Rui Sá e não dizer uma coisa na oposição e outra no poder!

Apanha-se mais depressa um mentiroso ...


No Primeiro de Janeiro:

António Moreira

terça-feira, novembro 08, 2005

Nem lá para 2010 podemos contar com 500 euritos????


"Proposta da CGTP é demagógica e fantasista

O primeiro-ministro, José Sócrates, qualificou este sábado de “absolutamente demagógica e fantasista” a proposta da CGTP de aumentar o salário mínimo para 500 euros até 2010.

“É muito importante que se perceba que temos que ter contenção ao nível dos custos salariais, porque isso é muito importante para a competitividade da nossa economia”, referiu o líder do Executivo.

Para José Sócrates, “uma tão súbita variação nos salários só traria mais desemprego e aumento da inflação”.

“Não vivemos tempos em que possamos adoptar agora propostas absolutamente demagógicas.

Os tempos são de realismo e realismo significa encararmos com determinação os tempos difíceis que vivemos para os ultrapassar”, acrescentou.

O primeiro-ministro, que falava em Viana do Castelo no âmbito do “Governo Presente”, sublinhou ainda que não é com propostas “fantasistas” que se ultrapassam os tempos difíceis que o país atravessa e se melhoram os seus níveis de competitividade"


Com este primeiro ministro e Cavaco na presidência, bem podem os "boys" do PSD e do PP procurar empregos "cá fora" que a direita no poder está bem e recomenda-se...

António Moreira

Copy+Paste é preciso

Quando o tema merece e alguém já escreveu BEM sobre ele:

"Desempregados profissionais

Há quem diga que neste país levamos as coisas pouco a sério, mas parece que agora já não é bem assim.
Pelo menos no que concerne ao desemprego.
É que tem sido amplamente divulgada a estratégia que o governo se prepara para implementar e que visa acabar com as situações de pessoas que, beneficiando do subsídio de desemprego, mantêm outras fontes de rendimento não declaradas.
Ora essa estratégia ( espero que esteja apenas em estudo) consiste em forçar os cidadãos que recebem o subsídio de desemprego a permenecer nas suas casas durante toda a manhã ou toda a tarde (alternadamente), na medida em que serão feitas visitas de fiscalização para atestar a veracidade da sua situação. ..."

Ler mais nos "Bichos Carpinteiros"


António Moreira

CONCENTRAÇÃO EM DEFESA da AVENIDA DOS ALIADOS e da PRAÇA DA LIBERDADE

Por estar de acordo com as razões que motivam esta concentração:
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Sábado, 12 de Novembro, às 11 H na Praça da Liberdade
A Câmara e a Metro do Porto preparam-se para transformara Avenida dos Aliados e a Praça da Liberdade,de alto a baixo, num deserto cinzento, sem cor e sem alma.
Como já sucedeu no alto da avenida, serão abatidas árvores,e desaparecerão os canteiros e os desenhos da calçadapara darem lugar ao granito inóspito.
À revelia da lei e do respeito que é devido aos cidadãos,os portuenses não foram tidos nem achados nesta transformação.
A cidade é de todos, não da Câmara e muito menos da Metro.
Ninguém tem o direito de destruir a memória da cidadecontra a vontade dos cidadãos.Neste momento decisivo da história da cidade, o Porto precisa de si.
Manifeste-se connosco no sábado, 12 de novembro, às 11h00.
Juntos na Praça da Liberdade, pela Praça da Liberdade
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António Moreira

segunda-feira, novembro 07, 2005

quem manda!

Segundo noticias:
"(...)
A futura fundação da Casa da Música terá, assim, um conselho de administração constituído por sete elementos, sendo quatro em representação dos privados a nomear pelo conselho de fundadores e três de nomeação pública (dois pelo Ministério da Cultura e um em conjunto pela Junta Metropolitana do Porto e pela Câmara Municipal.
O conselho de administração irá depois escolher o director artístico.
Será também nomeado um administrador-delegado que será responsável pela gestão da Fundação Casa da Música.
A reunião desta segunda-feira confirmou, também, o nome de José Manuel Dias da Fonseca, actual presidente da Assembleia Municipal de Matosinhos, como sendo o próximo presidente da Fundação Casa da Música.
(...)"

Talvez poucos tenham reparado, mas foi neste fim-de-semana, sábado, que Narciso Miranda deixou de ser Presidente de Câmara. Fê-lo numa passagemde testemunho em que não pude estar, mas que acho merece ser assinalada.
Como ele tão bem gosta de me recordar, já divergimos em muito, e continuamos a divergir, nomeadamente na sua visão orgânica e enredada da vida política. Narciso sustenta as suas opções nas relações pessoais calorosas, quando na verdade sabemos que teve na sua vida política grandes momentos de solidão.
Não sei se voltaremos a concordar ou discordar, ou sequer se Narciso tentará um retorno à ribalta em que foi estando, no entanto, merece hoje uma palavra.

domingo, novembro 06, 2005

surprendentemente super-esgotado!

Todos o conhecem... Todos o adoram... Agora todos o podem ver AO VIVO no musical NODDY LIVE, que visita Portugal pela primeira vez. NODDY e os seus amigos da Cidade dos Brinquedos visitam o Porto, Casa da Música de 23 a 26 de Novembro.



O PS por dentro

Pelos vistos o PS irá discutir a sua vida interna invertendo o habitual calendário: primeiro eleições Concelhias, depois eleições Distritais.
No distrito do Porto confirma-se a candidatura de Renato Sampaio, actualmente coordenador dos Deputados socialistas no distrito, e avizinha-se a oposição de Ricardo Bexiga, por sua vez a exercer lugar na administração do INH.

Narciso Miranda, decidiu, ou foi compelido a decidir, que não seria alternativa. Assim também fez Assis, que por sinal apoia Sampaio. Não só ele, também aparentemente a larga maioria do distrito, como Cardoso, Orlando, Seabra, Narciso, Barbosa Ribeiro, e provavelmente Mário de Almeida.



No entanto, muitos dizem que pode haver alteração de cenários.

sábado, novembro 05, 2005

Sexo (directiva)

A mim, o que me incomoda, é a facilidade com que se julga poder condicionar a natureza humana através de expedientes, legais ou outros.
Como se cada um não fosse cada um. Como se todos fossemos iguais.
Como se, pelo facto de existir uma directiva comunitária, as meninas passassem a adolescentes e de adolescentes a mulheres noutra altura da vida, e o mesmo para os rapazes. Passassem a poder praticar actos sexuais na altura que a moral própria dos que afincadamente elaboram a directiva define como certa. Ignorando que a sexualidade não resulta da conjuntura socio-legal. Ignorando simplesmente o corpo, que é o que é costume. Passamos todos a adultos no mesmo tempo e no tempo que alguns decidem e os costumes toleram.
Ao ponto de se caracterizar a pratica de “sexo inocente”, ah! Como se o outro fosse culpado.
É aqui que reside o ponto, na atribuição de culpa às manifestações sexuais físicas, em detrimento das outras, das intelectualmente razoáveis. Daqui ao pecado são dois passos.
Não fosse este sentido, condicionador, castrador, moralizante, sempre implícito, e todas as medidas de protecção a menores são bem vindas. Muito bem vindas mesmo.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Paris

E se de repente, um desconhecido, lhe oferecer flores?
E se de repente, um jovem desconhecido, se calhar de outra raça, com outra origem, lhe atirar com um cocktail molotof?
E se de repente eclodisse um mundo novo, desconhecido, com outros equilíbrios, com outras linguagens, outras flores?

Afinal quem é que tem medo, quem tem temores?
Perante o desconhecido assustador, quem dá o passo em frente e quem, pelo contrário, hesita e dá um passo atrás? Onde está a esquerda? E a direita?
Quem é que não sabe que as coisas tem e estão para acontecer? Quem é que não sabe que o Sec. XXI e o terceiro milénio tardam em começar? Ou será que já começaram?

E o que temer afinal. A história longa não nos tem ensinado que o mundo muda sempre para melhor? Quem tem a perder? E quem tem a vida para ganhar, que se cansa de a ver sempre do lado dos subúrbios?

E perante as certezas de um outro mundo, motivado pelas mudanças geo-climatéricas evidentes, essas sim, assustadoras, poderá o Homem resistir a ensaiar uma nova ordem social?

Sabemos que no “fim da história” há-de ficar tudo na mesma. Mas tenhamos esperança que esse “na mesma” possa ser outra vez um pouquinho melhor.


europa no limbo?

A perseguição da polícia a dois jovens, que pela fuga acabam electrocutados, está a provocar os maiores distúrbios em Paris. Aliás já se alastrou a outras cidades.
Estará a Europa no limbo?
Muitos tem reflectido avisando o perigo do espoletar de qualquer coisa que surdamente estoire e atinja todos. De repente estas complexas redes urbanas e suburbanas desenham o desequilíbrio social que afinal está disfarçado.
Em Portugal foi um arrastão de verão que gerou sem mais nada uma consciência da volatilidade dos comportamentos sociais que podem marginalmente organizar-se.
Em Paris, a esta distância é incompreensível o que gerou estas revoltas! Agora parecem que estão também envolvidos portugueses, ou pelo menos luso-descendentes. Pois é normal, isto não é um fenómeno Francês, é algo mais abrangente que pertence a todos.

Paris já está a arder?


Ou a alvorada de um novo mundo?

Quando as coisas acontecem, nunca sabemos se é apenas o rebentar de um bolha de revolta que cresceu, ganhou pressão e, fruto de um qualquer factor deflagrante, rebentou, ou se será, finalmente, o começo de algo mais sério.

Esperamos sempre que passe, que nos permita viver no suave engano mais uns anos, mais umas décadas….

Que não seja no nosso tempo, mas que não seja também no tempo dos nossos filhos…

Se for no tempo dos nossos netos é uma pena, mas, se calhar, nós já não vemos….

Mas quer queiramos quer não, vem aí, já se ouve…

À medida que vamos aprofundando as diferenças brutais na nossa sociedade, à medida que os ricos vão ficando cada vez mais ricos, que os pobres vão sendo cada vez mais e mais pobres, que a “classe média” (antes os “remediados”) vai assistindo com pavor à destruição, passo a passo, do “estado social”, à destruição das suas defesas, das suas certezas, vai-se também, inexoravelmente, aproximando a hora da revolta.

A globalização não funciona apenas para as trocas comerciais, a globalização não serve apenas para permitir aos ricos consumir mais por menos valor, para produzir onde seja mais barato e mais fácil explorar a miséria, deixando atrás outra miséria a germinar.
A globalização serve também para espalhar o conhecimento, para contagiar as almas, para difundir a revolta, para movimentar os exércitos de indigentes, para lhes dar a conhecer o seu número, a sua força, a SUA RAZÃO.

Continuamos embalados na esperança que não seja para já, mas o tempo não passa assim tão devagar.

O meu pai nasceu em 1921, apesar de tudo teve a sorte de nascer em Portugal, tivesse sido em Espanha, em França, na Alemanha, em………..

Talvez vá sendo altura de acordar, ou ….

E daí, talvez não seja nada.

Isto em França vai-se resolver em pouco tempo, não tem qualquer importância, não é um sinal de nada.

Estejam descansados.

António Moreira

JacquesTati e Playtime



Este é um dos meus site favoritos - tativille. Visitem-no!
Em primeiro lugar porque gosto dos filmes, em segund,o porque como sabem os arquitectos possuem assim umas referências de culto cinematográficas, que às vezes valem a pena.
Vêm isto a proposito do Playtime e da oportunidade de rever Tati agora em DVD.