sábado, novembro 05, 2005

Sexo (directiva)

A mim, o que me incomoda, é a facilidade com que se julga poder condicionar a natureza humana através de expedientes, legais ou outros.
Como se cada um não fosse cada um. Como se todos fossemos iguais.
Como se, pelo facto de existir uma directiva comunitária, as meninas passassem a adolescentes e de adolescentes a mulheres noutra altura da vida, e o mesmo para os rapazes. Passassem a poder praticar actos sexuais na altura que a moral própria dos que afincadamente elaboram a directiva define como certa. Ignorando que a sexualidade não resulta da conjuntura socio-legal. Ignorando simplesmente o corpo, que é o que é costume. Passamos todos a adultos no mesmo tempo e no tempo que alguns decidem e os costumes toleram.
Ao ponto de se caracterizar a pratica de “sexo inocente”, ah! Como se o outro fosse culpado.
É aqui que reside o ponto, na atribuição de culpa às manifestações sexuais físicas, em detrimento das outras, das intelectualmente razoáveis. Daqui ao pecado são dois passos.
Não fosse este sentido, condicionador, castrador, moralizante, sempre implícito, e todas as medidas de protecção a menores são bem vindas. Muito bem vindas mesmo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bem escrito Daniel. Muito bem mesmo. Muito preocupante este problema pois levanta o problema da liberdade de se ser o que se é e quando se é. Para legislar é preciso ser "cego" a esta individualide para permitir a preocupaçao das maiorias e no fundo a sua liberdade. Mas não conheço sistema melhor porque a possibilidade da liberdade individual sem condicionamentos exige TOTAL RESPEITO por si próprio e assim total pelos outros.
Será que temos condições para pretender viver neste mundo ideal?