quarta-feira, novembro 23, 2005

O aeroporto


Não acho que o futuro de Portugal se desenhe com um novo aeroporto, nem que ele seja mais forte que o de "Barajas".
Não creio que se crie mais emprego quando o sector produtivo está em crise (então haverá mais circulação porquê - turismo?) e a vocação de Portugal indefinida.
Ontem revi-me no Miguel Cadilhe (digo-o assim sem títulos nem nada porque me senti como um dos dele – inteirinho), assim como sei que a Elisa Ferreira já disse coisas bem parecidas. Para quem não saiba ele falava numa conferência organizada pelo Público e questionava se realmente achávamos que o Aeroporto era o futuro do País?
Disse que provavelmente este investimento matava Pedras Rubras, e falava com uma certeza de números que eu não sei ter.
Depois, para que ninguém ficasse com veleidades que isto era uma posição partidária desancou Cavaco Silva quando citou o seu livro II de auto-biografia POLÍTICA a sua frase em que afirmava ter EMPATADO A REGIONALIZAÇÃO!

Olhando para isto em termos políticos temos então o quê?
O Distrito do Porto em definhamento (desemprego, crise industrial, maior litoralização, perda de capacidade competitiva, fosso de desenvolvimento com a Europa e com Lisboa), mas não se riam todos, pois no distrito vê-se também toda a região do Norte e centro.
Por outro lado, confuso com este investimento previsto para a capital calculo que haja uma estratégia de descentralização, quanto mais não seja para equilibrar as coisas. Procuro mas não encontro!

E será isto culpa de Sócrates? Ou será antes culpa de não conseguirmos uma acção política credível?
Anteontem enervava-me com a forma brejeira e de parodia com que num programa da 2 (pasteis de nata) se tratava a regionalização – com pronuncia à Porto e bocas risonhas.
Será que as mesmas palavras ditas por Fernando Gomes e Cadilhe tem efeitos diferentes?

20 comentários:

Anónimo disse...

O ke me chateia é ke não há Governo socialista ke não chegue ao pelouro e não trate logo de criar megalomanias , rendimentos... ke paguem os compadrios.

Penso ke desta é de vez , nunca mais o povo confia nos PS, não adianta, os lideres são escolhidos conforme a sua preparação e posterior colaboração nos negocios partidarios

à unica coisa ke isto poderia ter de bom eram os postos de trabalho, mas ninguem compreende porke raio os funcionarios previstos são kase tantos como os clientes previstos.

A OTA - é a forma de pagar favores

Anónimo disse...

O que eu digo é que num pais pequeno, de recursos muito limitados, o investimento do estado é o motor da economia. O que eu digo é que as teorias economicas são em geral feitas para outros universos que não o nosso, que podem contar com uma maior participação do sector privado na economia. o que eu digo, é que toda a conversa que temos vindo a assistir dos nossos mais ilustres economistas é uma valente tanga. E provo.

Anónimo disse...

Como se pode ver à diz anunciado no JN, este ano Portugal bateu todos os recordes de valores de exportações. Nunca exportamos tantos euros como agora. E no entanto a nossa economia não descola. Então e o que feito dos profetas da desgraça que desde o tempo das vacas gordas andam a dizer que o pais pode progredir com base no consumo interno e que a solução está no incremento da competitividade e portanto no AUMENTO DAS EXPORTAÇÕES? Não está na hora de pegarem nas teses de doutoramento e deitarem aquilo tudo ao lixo? Não está na hora de virem tambem dizer que afinal estavam enganados?

Anónimo disse...

Magalomanias? O TGV é uma megalomania? Houve um tempo em que se ia de burro do Porto a Lisboa. Era costume até parar ali nos Carvalhos para pernoitar. Nessa altura muita gente achou que o caminho de ferro era uma megalomania.
É uma questão de mentalidade e tão só isso. Em 74 quando Portugal fez a sua descolonização deixou no então ultramar 2 tristes embriões de universidades. 200 anos antes os ingleses deixaram 18 universidades a funcionar nos estados unidos. Querem o que depois? Se um comboio de alta velocidade que ligue as duas principais cidades em hora, hora e meia, é uma megalomania...olha, pronto, que é que vai fazer...

Anónimo disse...

Quanto à ota, será porque é necessário, será negociata, será favor politico, será...
Mas o governo acaba de atirar para as clendas a ligação de TGV a Vigo e a Sevilha e não vejo ninguem a dizer nada. Porque? Porque o que interessa é ir atrás do assunto que cheire a escandaleira.
Eu por mim mantenho a minha opinião de sempre. Relativamente à OTA não fazia aeroporto nenhum, mas se se fizer não vejo que dai venha um grande mal ao pais. Quanto ao TGV, há dez anos já era tarde.

AM disse...

Bolas que assim não dá

Ainda a gente não teve tempo de ler a posta e o Fortuna já disse tudo o que havia a dizer, e certinho sem falhar uma.

Já nem escrevo mais nada e limito-me a assinar por baixo, pronto.

Péra, querem aumentar as exportações?
Exportem economistas que a gente tem disso com fartura e está visto que nãos ervem para nada (tá certo engenheiros também)

AMNM

AM disse...

Ó Avelino

Por acaso também lá fui
Mas eram 9.30 e bati com o nariz na porta, pois já nem de pé havia lugar.
Não fez mal pois afinal eu devia estar enganado que a malta estava toda de fatinho, gravata e barba feita, e as damas tinham vindo todas do cabeleireiro e tinham dado uns retoques na pintura que tavam prontinhas para a montra do stand.
Fez-me ter saudades das estreias das óperas no Rivoli, nos meus bons tempos do CPO.

AMNM

Anónimo disse...

Daniel,
" O que eu digo é que num pais pequeno, de recursos muito limitados, o investimento do estado é o motor da economia"
Porquê? De onde é que retiras esta verdade absoluta? Não vamos entrar pela teoria económica mas diz lá onde estão esses países que se desenvolvem com o Estado a puxar a carroça?
Já sabes que eu não padeço da liberalizice aguda de alguns dos nossos amigos do jantar das Antas mas numa coisa eles têm razão e tu esqueces: o Estado não cria riqueza por si mesmo pelo que a factura de ser o motor da economia é paga por todos (via impostos). E quanto a isso não há volta a dar.
Agora o que podes alegar é que o Estado é mais sábio na afectação desses escassos recursos pelo que devemos deixar que seja o Estado a definir para onde vai uma grande parte do nosso dinheiro. É uma visão bondosa mas, dadas as asneiradas a que temos assistido (e falo em geral, a nível do bloco central que tem mandado nisto desde há quase 30 anos) acho que já nem tu actreditas nisso.
Aquele abraço.
Joao

Anónimo disse...

" O TGV é uma megalomania?"

Provavelmente é, no contexto dos recursos escasso de que tu falas.

O TGV vai ganhar meia hora ao que podia ser feito com os pendulares por uma fracção do custo...

Mas certo certo era não se ter desbaratado milhões e milhões (quantos TGVs?) nos investimentos da linha de caminhos de ferro nos últimos anos (outra vez PS+PSD) sem melhorias significativas no tempo de viagem. Foi dinheiro muito mais mal gasto que o que vai ser metido no TGV ou na OTA.

Anónimo disse...

" Relativamente à OTA não fazia aeroporto nenhum, mas se se fizer não vejo que dai venha um grande mal ao pais. "

Pois, são só 3 mil milhões...

Anónimo disse...

E este é que é o problema de ter o Estado como motor da economia:
- Ota + Pedras Rubras + obras na Portela
- Tgv + pendulares que não andam
- Estadios do Euro 2004
- Expo 98
- Casa Musica
- auto estradas com saídas para todas as vilas
- metro com saída para oa Aliados
- etc etc etc

Deve haver bons exemplos de grandes investimentos motor da economia mas por acaso agora mesmo não me lembro de nenhum...

Anónimo disse...

"Não está na hora de pegarem nas teses de doutoramento e deitarem aquilo tudo ao lixo?"

Já pensaste que o nosso problema pode ser exactamente o facto de o Estado achar sempre que vai ser o motor da economia? É que tem sido sempre assim.

E já agora, não obstante as exportações estarem a níveis recorde (em termos absolutos - mau era se assim não fosse) as importações continuam a crescer ainda mais (1,5% contra 5,4%) logo não há sustentação.

Anónimo disse...

Última nota: ontem à noite passei por um qualquer canal ond se discutia a Ota e falava o Cravinho (obviamente a defender o projecto).

Lembrei-me de um amigo nosso, sportinguista de sempre, que há 10-15 anos atrás (quando os lagartos estavam a atravessar o deserto) me dizia às 2as feiras qq coisa como "eh pá, quanmdo leio na Bola que o melhor jogador do Sporting foi o Oceano, já não preciso ler mais nada".

Eu quando ouço o Cravinho a defender a "inevitabilidade" da Ota, também já não preciso de ouvir mais nada...

Um abraço amigo.

Joao

Anónimo disse...

Kando ouço o Socrates dizer - os portugueses ...
já não preciso ouvir mais nada

Anónimo disse...

Ó Daniel!
Sabes quanto tempo se demora de Madrid a Barcelona? E achas que Barcelona chora pelo TGV?
O que eles querem é boas ligações ao centro da europa.
Sabes PAris e Londres são um bom exemplo da concentração excessiva de uma capital, no entanto, no caso de Londres tens 3 aeroportos, 2 grandes e um pequeno (stansteed feito pelo teu amigo Sir Foster) que asseguram um trafego bem superior aos 17 milhões da OTA.
Sendo os Ingleses uns centralistas do caraças (inclusive tendo o meu Porto empatado ontem com a sua filial na Escócia), fico com a ideia que se o assunto fosse em Portugal em vez de Heathrow, GAtwic e stansteed, fazia um enorme na merdaleja.
Depois da cagada feita, ou seja, levar a Ota para a frente e o TGV de Lisboa ao Porto - borrifando-se na Galiza (pois, pois, podia tornar-se num foco de problemas parecido com a Catalunha para Espanha e atrapalhava a lisboetada portuguesa), agora o governo diz que acerta todas as direccções regionais (ah!Ah!Ah!)

Anónimo disse...

Pois, cada um tem a sua ideia sobre as coisas e sobre as pessoas.
Eu, sobre o Cravinho tenho a melhor das opiniões. Desde logo por ter promovido a criação do 59/99 responsavel pela que ainda vai sendo feito no sentido de controlar a despesa publica. Com a passagem do 445 para o 59, na administração publica tudo ficou diferente. pena é que se note pouco.

Anónimo disse...

Acho que não percebeste, Daniel.

Qd referi o Cravinho não foi por ter boa ou má impressão dele, mas por serem sempre os mesmos (de sempre).

Tal como no SCP era sempre o Oceano e portanto aquilo numca ia a lado nenhum...

A propósito da OTA, sugiro o post do jcd hoje no Balsfémias "O Que Mostram os Estudos da OTA". Eu acompnahi o project finance (só o nome já impressiona...) da ponte VGama e sei mais ou menos bem como aquilo se faz - e o jcd apanhou bem a coisa.

Anónimo disse...

445 ?

59/99 ?

:(

Anónimo disse...

SIm ó daniel o que é que mudou do 445 e do 448 para o 555/99?
Mudou uma apreciação liminar muito maior, burocrata que justificou todos os emperramentos por ex no porto. Tenho 1 projecto de reabilitação há 1 ano e 1/2 e só agora ultrapassou a liminar.
Tudo mudou - pôrra!

Anónimo disse...

CARTA ABERTA AOS DEPUTADOS PS PELO DISTRITO DO PORTO

Exmos. Senhores Deputados,

A Região de Lisboa ostenta já um PIB per capita superior à média europeia. A Região Norte caiu para a posição de região mais pobre da Europa.

Um governo justo, preocupado e interessado em implementar políticas com vista a um desenvolvimento harmonioso do país deve ter como objectivo primordial atenuar as enormes assimetrias regionais que hoje se verificam.

Um governo, verdadeiramente patriótico, deve ter como objectivo fundamental a coesão nacional. Implementar medidas para promover o desenvolvimento das regiões mais pobres, e pugnar por um desenvolvimento homogéneo e multipolar de Portugal, deve ser a sua principal preocupação.

Nada disso se verifica, antes pelo contrário, os últimos acontecimentos demonstram que este governo persiste em privilegiar o desenvolvimento unipolar e desequilibrado do país, condenando outras regiões a um empobrecimento progressivo.

A Região Norte sofre este ano um corte superior a 30% nas verbas do PIDDAC; o distrito do Porto sofre mesmo uma brutal redução de 55%.

Sublinhe-se que os cortes médios nacionais são apenas de 25%.

Simultaneamente ficamos sem certezas quanto à implementação da 2ª fase do Metro do Porto, cuja procura ultrapassa todas as expectativas e já gera receitas que, coisa inédita em Portugal, pagam 30% da sua exploração. Além disso, tem sido capaz de construir cada quilómetro de linha em túnel a um preço 50% inferior ao usual em Portugal.


De seguida ficamos também a saber que o desiderato de possuir uma ligação ferroviária moderna à Galiza, cuja construção se mostra essencial para a potenciação do novo aeroporto Francisco Sá Carneiro, assim como para que as empresas nortenhas possam aproveitar um mercado potencial de 7 milhões de pessoas, foi adiado para data indeterminada, nada nos garantindo que venha um dia a ser mesmo levado a cabo em tempo útil (antes que a megalomania da Ota, para artificialmente se justificar, absorva quase todo o tráfego aéreo nacional).

Isto é, o governo discrimina negativamente a região mais necessitada de investimento estruturante.

Por outro lado prepara-se para despejar milhões de euros sobre aquela que já é a região ibérica com o maior PIB per capita através um conjunto de obras que, sem o justo contraponto noutras regiões do país, só poderão agravar as já inaceitáveis assimetrias existentes e inviabilizando definitivamente um desenvolvimento equitativo e multipolar de Portugal.

Nos últimos 20 anos, o tempo de uma geração, todos os grandes investimentos nacionais -Expo98, Ponte Vasco da Gama, Euro 2004 e agora a Ota e TGV Lisboa-Madrid-, com a excepção do Euro 2004, que se espalhou por outras partes do país, situam-se na região de Lisboa.

No mesmo período de tempo tenho assistido ao empobrecimento da minha cidade e da região envolvente.

As consequências desta política são já trágicas.

Um estudo realizado em Janeiro deste ano, pelo Instituto Português da Juventude (IPJ), envolvendo 1011 jovens entre os 15 e os 29 anos, residentes nos distritos de Braga, Bragança, Porto, Viana do Castelo e Vila Real, apresentado em Vigo durante o I Congresso Europeu da Juventude Atlântica, concluía que 31 por cento dos jovens do Norte identificam-se sobretudo com a própria região onde vivem e só 22,8 por cento reconhece o país como imagem da sua personalidade.

Esta percentagem só pode vir a descer no futuro.

Eu próprio, apesar de já não ser jovem, cada vez me identifico menos com este país.

Como cidadão eleitor do distrito do Porto venho por este meio apelar para que honrem o mandato que lhes foi concedido pelos eleitores e que utilizem todos os meios ao vosso alcance para reverter esta situação.

O interesse nacional impõe que assim seja.

Na próxima ida às urnas os eleitores desta região cá estarão para julgar as atitudes tomadas por vossas excelências em defesa da coesão nacional.

Os meus melhores cumprimentos,

António Alves