sexta-feira, novembro 04, 2005

Paris já está a arder?


Ou a alvorada de um novo mundo?

Quando as coisas acontecem, nunca sabemos se é apenas o rebentar de um bolha de revolta que cresceu, ganhou pressão e, fruto de um qualquer factor deflagrante, rebentou, ou se será, finalmente, o começo de algo mais sério.

Esperamos sempre que passe, que nos permita viver no suave engano mais uns anos, mais umas décadas….

Que não seja no nosso tempo, mas que não seja também no tempo dos nossos filhos…

Se for no tempo dos nossos netos é uma pena, mas, se calhar, nós já não vemos….

Mas quer queiramos quer não, vem aí, já se ouve…

À medida que vamos aprofundando as diferenças brutais na nossa sociedade, à medida que os ricos vão ficando cada vez mais ricos, que os pobres vão sendo cada vez mais e mais pobres, que a “classe média” (antes os “remediados”) vai assistindo com pavor à destruição, passo a passo, do “estado social”, à destruição das suas defesas, das suas certezas, vai-se também, inexoravelmente, aproximando a hora da revolta.

A globalização não funciona apenas para as trocas comerciais, a globalização não serve apenas para permitir aos ricos consumir mais por menos valor, para produzir onde seja mais barato e mais fácil explorar a miséria, deixando atrás outra miséria a germinar.
A globalização serve também para espalhar o conhecimento, para contagiar as almas, para difundir a revolta, para movimentar os exércitos de indigentes, para lhes dar a conhecer o seu número, a sua força, a SUA RAZÃO.

Continuamos embalados na esperança que não seja para já, mas o tempo não passa assim tão devagar.

O meu pai nasceu em 1921, apesar de tudo teve a sorte de nascer em Portugal, tivesse sido em Espanha, em França, na Alemanha, em………..

Talvez vá sendo altura de acordar, ou ….

E daí, talvez não seja nada.

Isto em França vai-se resolver em pouco tempo, não tem qualquer importância, não é um sinal de nada.

Estejam descansados.

António Moreira

5 comentários:

Anónimo disse...

Será que podemos estar descansados? Esperemos pelo "retour à la normale..."

AM disse...

Pelo menos vamos fazendo de conta que não é nada connosco...
Que é só em França...
Que há lá muitos "magrebinos", etc. etc.

Em suma vamos assobiando para o ar, como sempre fizemos...

AMNM

Anónimo disse...

- uma revolução no seio da comunidade - não me parece - pode originar outras situações identicas, mas falta o interesse de alguns dos poderes instalados para se chegar a reclamar algo palpavel.

França tem obrigação de manter emigrantes ilegais?

De lhes fornecer bairros e mais bairros?

o ke pode fazer a França para evitar isto?

E Portugal como fiscaliza os emigrantes com autorização de permanecia de 3 meses sem residencia fixa?
Kantos emigrantes ilegais há em Portugal?
Estes emigrantes juntos a Bairros como o Aleixo, podem ou não virar as forças ao contrario?

AM disse...

Ó Cristina

Não vamos começar uma discussão de quem tem a obrigação de quê, OK?

Existem situações de facto, que podem ser analisadas de muitas formas, mas, quer se entenda assim ou se entenda assado, o facto é que as situações existem.

Que essas situações terão, necessariamente, consequências é inegável.

Da mesma forma que finjimos esquecer o facto de que um dia vamos morrer (e, se calhar, antes disso vamos envelhecer, vamos adoecer, vamos sofrer), finjimos também esquecer que esta sociedade que criamos e que ajudamos a evoluir não pode ter futuro e, por isso, um dia vai rebentar.

Chama-se a isso acabar o jogo, baralhar as cartas e dar de novo.

Quantas vezes isso já aconteceu na história?

Quantas civilizações duraram séculos e, aos que as viveram, pareceram eternas?

AMNM

Anónimo disse...

Sinonimo de revolução de minorias? hum , desgaste social novos valores? pode ser...

Reclamação da destribuição igual da rikeza ate ke os valores fikem neutros? tbm pode ser

estes episodios revolucionarios pretendem impor uma nova democracia - um novo socialismo ?pode ser

na lei da socidade ha-de sempre haver auto-excluidos, existem sempre e em todos os sistemas é normal? pode ser

há sempre «poderes» dispostos a servirem-se destas causas para provocarem as suas proprias revoluções?
pode ser

Os sindicatos não olham a meios para antingir os seus fins e reivindicar os seus poderes de classe instituida ?! pode ser

isto é tão ciclico kt a cadeia alimentar? é pode ser ...

Pode ser isso tudo mas, não é nenhum sintoma latente de revolução Sr. Moreira -