terça-feira, março 15, 2005

Cacos



Jorge Figueira, um ilustre colega, dizia há tempos, num outro contexto, as seguintes palavras: “A visão racionalista do mundo permitia toda a espécie de engenharias sociais que se destinavam a resolver os problemas do homem….Quando esta visão racionalista e determinista cai, realmente não sobra muito. Vemos o Eduardo Prado Coelho todos os dias a tentar apanhar os cacos.”
De lá para cá esta ideia ficou-me na cabeça, e não consigo deixar de voltar a ela cada vez que leio “O Fio do Horizonte”, no Público. O homem laboriosamente a recolher cacos, ...de uma certa ideia, como diria uma amiga minha, …barbuda.

Na edição de hoje a coisa é levada à evidência mais cristalina. As alusões de Eduardo Prado Coelho aos processos partidários e as referências aos candidatos do PS às principais câmaras do país, Porto e Lisboa, não o poderiam explicitar melhor.
O problema é que não vale tudo para sustentar uma ideia. Embora se compreenda que numa coluna diária os argumentos escasseiem, de EPC não se esperam tão sintomáticas inconsistências.
Em primeiro lugar não pode meter tudo no mesmo saco, isto é, Porto e Lisboa, Francisco Assis, Ferro e Carrilho.
Em segundo lugar porque não tem razão em quase nada do que diz. Francisco Assis não tem má imagem televisiva nem é destituido de carisma. Quanto aos amores, que fale por si.
Por ultimo porque os argumentos que apresenta para a razão que não tem, são de tal forma frágeis que indiciam mais um processo de intenção do que um análise credivel.
Mas o mais arrepiante é ver (ler) EPC a usar o processo autárquico do Porto gratuitamente, para chegar ao que quer dizer sobre Lisboa.
Não vale tudo. Continue a apanhar cacos, mas olhe que este não é da mesma jarra.

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