É maniqueísta ver o confronto como algo bom ou mau. O confronto não tem em si nada de negativo, muito pelo contrário. É uma das alavancas do processo dinâmico e pode ser responsável por quebrar a estagnação e o imobilismo. Mas se é errado vermos o confronto como algo negativo também me parece que ele de pouco vale, desligado de uma visão estratégica de futuro, de uma capacidade de ouvir os outros e de aprender algo com aqueles que nem sempre no dizem que “sim”. A liderança – não a chefia que é outra coisa, mas a liderança – torna-se autista se for incapaz de mobilizar, de discutir sem preconceitos, e de ser coerente com um projecto que tenha sido delineado inicialmente.
A minha esperança é que o futuro presidente da Câmara do Porto, seja ele quem venha a ser, seja alguém com essa capacidade, com a força de liderar as forças vivas da cidade, de as mobilizar para um projecto, para discutir com elas o futuro da cidade e da região. Espero que não se perca em querelas estéreis que tenham como resultado final ganhar 2000m2 de área de construção. Que veja a cultura como um elemento civilizacional e não como um desperdício de dinheiro que convém evitar. Que encontre soluções aglutinadoras e não fracturantes para os diversos intervenientes das mesmas. Que seja suficientemente culto para entender que a importância de liderar a segunda maior câmara do país não se escora em provincianismos e vitimizações permanentes, mas sim em defender um projecto moderno e vanguardista com conhecimento dos melhores exemplos europeus.
Até ás próximas eleições esperar é a única coisa que podemos fazer…
quarta-feira, março 30, 2005
Câmara do Porto 2005
de Eduardo Gradim
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