por Pedro Baptista
Antes do mais, pelo 151º aniversário, parabéns ao “Comércio”, ao Rogério e a toda a sua equipa. Um jornal do Norte para um homem e uma equipa do Norte! Como o 151º é capicua, tenham a sorte que protege os que a procuram com audácia e trabalho! Pelo que se vê de fora (e consta que, de dentro, ainda mais) nem tem faltado uma coisa nem outra. É natural que, passo a passo, os resultados também se estejam a ver. Para o Porto é crucial o papel do “Comércio”, a sua subida e afirmação. Porque seria péssimo que houvesse um só diário de grande tiragem, ou que a actual “lisbonização” (dita nacionalização) de diários oriundos (e com sede oficial) no Porto, não fosse acompanhada por alternativas para o Norte, tanto nas funções noticiosas, informativas e analíticas como nas opinativas. De resto, um diário é sempre, quer se admita ou não, quer o seja num sentido activo ou passivo, pelas melhores razões ou pelas piores, um centro político. Também por isso é preciso para o Porto e para o Norte. É imprescindível que não haja centros únicos (melhor será dizer centro único) na comunicação social. Ainda menos que o Porto circule em torno de “centros” (pretensamente nacionais) que, para o Porto e Norte, não passam de periferias da capital.
Entendamo-nos: quando falamos do Porto e do Norte, se não quisermos ir mais abaixo do que Aveiro, e de lá partirmos para Braga e para Viana, falámos de 3,3 milhões de portugueses, onde se situam três Universidades Públicas de primeiríssima linha, tanto na formação como, sobretudo, na investigação, os equipamentos portuários e aeroportuários mais capazes de todo o Noroeste peninsular, e uma indústria onde, ao lado da decadência de algumas tradicionais com o trágico do desemprego, emergem outras que procuram competitividade internacional. Além do Vinho do Porto e do FC Porto, de momento as marcas mais fortes da região em todo o mundo, temos massa crítica e temos vontade, falta-nos uma liderança que concatene esforços em torno de uma estratégia afirmativa no país e no mundo, falta-nos peso e expressão políticas. É também por isto, que a afirmação dos media nortenhos como centros e não como periferias é crucial e decisivo. Tal como as lideranças políticas.
Quando há dias o Conselho de Ministros revogou a legislação barrosista que cozinhou a “municipalização” da CCRN com os resultados que se conhecem, levantou-se do lado prejudicado um coro de protestos contra o “centralismo”. Protestos hipócritas, porque a indigitação do presidente da CCR pelos presidentes de Câmara, não representou nenhuma descentralização, mas apenas uma partidarização, no caso um ajuste da “panelinha laranja”, aliás especialista neste tipo de ajustes não só nas “panelas” mas em tudo o que é “tachos”, da região onde, de resto, como é consabido, funciona o generoso bloco central dos interesses de cada um. Mais ainda, sendo os protestantes exactamente os que se opuseram ao projecto de regionalização em que aí sim, havia uma efectiva descentralização política, pois passava a haver uma eleição directa do presidente e demais protagonistas. A mistificação barrosista da CCR “municipalizada” para dar a Valentim Loureiro as funções de “croupier” da administração regional, é igual às famosas e falecidas CU, também destinadas a limpar a consciência dos que mentindo ao país enganaram os portugueses fazendo-os votar contra a regionalização. Donde se espera que, enquanto se mantiver a impossibilidade de eleição directa por parte dos cidadãos dos dirigentes regionais, a figura que venha a ser indicada pelo Conselho de Ministros tenha peso e tradição políticas na defesa das causas do Norte e não esteja longe do alto desempenho que a presidência da CCRN teve durante muitos anos com a pessoa do Eng. Braga da Cruz.
É por tudo o que vai dito, sublinhando-se a inexistência a Norte de órgãos regionais com legitimidade política democrática, que a eleição do próximo presidente da Câmara do Porto tem uma importância política decisiva não só para o destino do Porto como de toda a Região. Não só acabar com a crispação e polémica permanentes em que se vive no Porto desde que o dr. Rio veio para a Câmara, como para surgir um discursivo positivo e mobilizador, que leve o Porto e o Norte, afirmando-se no Governo e em consonância com o Governo, a enfrentar os seus verdadeiros desafios que são os do futuro, os da competitividade internacional. Rio veio com a onda de Barroso e Santana Lopes. Onda que veio, fez o que fez como se fosse um tsunami, e foi deixando Rio. Assis recebeu de José Sócrates no Palácio da Bolsa um dos elogios mais empenhados que alguma vez um agente político pode almejar, ainda por cima dum secretário-geral primeiro-ministro. Elogio que foi um compromisso claro do chefe do Governo para com o Porto. A opção vai estar em torno desta alternativa. Longe estamos ainda da campanha eleitoral, mas boa parte das características de um e de outro são conhecidas. E as que não forem bem conhecidas, sê-lo-ão em breve. Será mesmo para isso que, em momento de grande austeridade nacional, o actual presidente, que gostava de se armar em puritano e unhas de fome, delapida o erário público em milhões de euros, para, encapotado em pretextos múltiplos, preparar com os amigos as suas brincadeiras nostálgicas, na famosa corrida na Boapista do “Oh tempo volta para trás!”
in "o Comércio do Porto" 3 de Junho de 2005
sexta-feira, junho 03, 2005
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2 comentários:
Caro Pedro
Os seus argumentos podiam ser desmantelados desta forma:
Da mesma maneira que Rui Rio, cegamente, traçou projectos contando com o deferimento e a consonacia do Governco central.
Assis promete-nos exactamente o mesmo.
O que signifca que se o Governo cair antes do tempo, ou caso venha a ser deposto, os projectos que Assis traça baseados na confiança, caem por terra tambem.
O erro maior de Rui Rio foi exactamente a estreita colaboração com o Governo deposto.
Caro Pedro , até hoje ainda não vi nenhuma solução para os problemas criados por Rui Rio.´
Gostaria de saber se estudaram as finanças e a Cidade que porpoem para revitalizar a Avenida da Boavista.
Gostaria de Saber se vão lutar por um metro enterrado, como vão expandir a rede de transportes;
Que projectos há para os Bairros socias, manutenção, diminuição e responsabilização..
Para sedentarizar os jovens já percebemos ke tem uma boa opção,para o associativismo tambem.
Mas falem disso, esclareçam - este vicio da comparação, das armas, das luta não é o caminho para uma governação estavel e transparente.
Ate sempre
A grande mais valia do metro do porto é conjugar tramos à superficie com tramos enterrados. É conjugar a fruição da paisagem urbana que permite por circular à superficie e que sai mais barato, com a celeridade que tambem se obtem quando circula enterrado. Por isso é que junto ao S. João aquilo está mal, porque até existem outros tramos onde poderia andar à superficie, mas ali deveria estar enterrado.
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