quinta-feira, junho 30, 2005

Título: O Tempo

Subtítulo: o tempo que passa

Chegada a esta altura, das proximidades do primeiro aniversário, torna-se necessário esclarecer que o SEDE é um Blogue feito por cinco pessoas, com opiniões independentes umas das outras, mas também com alguns desígnios comuns.
Assim, o usual é todos nós postarmos com os nossos respectivos nomes e assumirmos publicamente aquilo que dizemos.
Acontece porém que, por motivos diversos, por vezes postamos também com o nome do próprio Blogue, SEDE. Esses motivos são bem mais comezinhos do que possa eventualmente parecer. Ou porque o que estamos a dizer diz respeito a todos, ou porque foi preciso fazer algum ajuste ao template e a preguiça não permitiu trocar o user e vai assim mesmo, ou porque o que conta é o texto e quero lá saber do username, ou porque nem sequer me lembro da passaword individual que está ali ao fundo na carteira.
A verdade é que não existe nenhum problema nisso, nem de autoria nem de responsabilidade nem nenhum outro, visto que estamos todos aqui para nos identificarmos e assumir o que dizemos seja em que circunstancia for.
Posto isto, fiquei bastante perplexo com a confusão que se gerou num post aqui atrás e que suscitou um comentário do A. Moreira, no qual referia uma série de coisas que eu não disse. Só depois me apercebi que haveria um simples equivoco relativamente a um post assinado pelo Avelino Oliveira. Mas a questão é que o A. Moreira tece umas poucas considerações que nada tem que ver comigo.
Em primeiro lugar eu gosto do Partido socialista e sinto-me muito bem no Partido Socialista. Em segundo lugar não me sinto nem um pouco desconfortável com as companhias referidas, pela simples razão de que já fiz parte de muitas outras organizações e sei bem que em todo lado há sempre gente de quem gostamos, gente de quem não gostamos, gente de quem nos orgulhamos, ou não, etc. etc.. As companhias referidas nem sequer formam um corpo entre elas, são simplesmente pessoas, algumas com trabalho meritório, outras nem tanto. Em terceiro lugar, não partilho da opinião relativa à seriedade das pessoas, no sentido individual, isto é, acho que as coisas não se podem por nesses termos, como se o Zé fosse mais sério que o Manel ou o Silva. Realmente acho que existem diferenças abissais entre o PS e o PSD que na minha opinião empírica e formulada após observação longa das respectivas praticas de governação, se põe nestes termos: A cultura vigente dentro do Partido Socialista é mais voltada para a seriedade da acção, enquanto que a cultura dentro do PSD é mais voltada para a realização da acção. Ambas tem virtudes e defeitos, sendo que EU prefiro infinitamente a do PS. Quando o PS exerce a governação, e refiro-me a todos os níveis, mesmo os mais baixos da administração publica, “sente-se” um clima permanente de pensar bem nas coisas, de escolher, com um bom nível de fundamentação, o caminho pelo qual se opta. Isto tem um preço, que é precisamente na capacidade de realização. Pelo contrário o PSD, nas mesmas circunstâncias, tem outras preocupações, que se prendem mais com “mostrar serviço”, fazer, fazer a todo o custo. Isto também tem um preço, que é que normalmente só saem asneiradas. Esse preço só não é mais elevado porque vivemos numa sociedade relativamente pouco exigente.
Propositadamente não me referi aos “casos” desta ou daquela pessoa dentro de qualquer dos partidos, porque continuo a acreditar que nem uma nem dez andorinhas fazem a primavera, assim como um “barão” ou um “cacique” não fazem também uma força politica. E quando fazem ou tentam fazer compete-nos a nós que temos outros valores e somos feitos de outras fibras, por as coisas no seu devido lugar.
Mas também procuro não desvirtuar a questão, que seria achar que certo é o mundo que eu tenho na minha cabeça, onde não há lugar para esses populismos, pelo que o mundo é que está errado. Se calhar não está, se calhar o sistema está mesmo certo, meu caro. Mas é um sistema porque é feito de equilíbrios, e por isso são necessários os A. Moreiras para contrapor aos Ruis Rios e aos Isaltinos (quase que dizia Avelinos, IH, IH, IH!). E depois a população escolhe. E não tenha dúvidas que vai escolher conforme aquilo que melhor servir os seus interesses em cada momento. Aquilo que temos que garantir é que há sempre escolhas, que ninguém consegue impedir que haja sempre escolhas. Também por isso, meu caro, é que discordo da sua opção, de se ausentar de ser uma escolha, porque está, com isso, a desequilibrar um dos pratos da balança. Também por isso não me dou a mim próprio esse direito, a partir do momento em que verifico que a actividade politica me agrada. Se me agrada, se estou disposto a participar nela, então sou uma escolha, ou estaria a dar vantagem a um qualquer “outro lado”.
Sobre o tempo que passa, temática que me interessa em particular, porque realmente o tempo passa, a forma como colocamos as nossas questões tem contido em si um valor absoluto, e no entanto são, a maioria das vezes, relativas apenas a um curto período de tempo, que marca muito mais o que classificamos como negativo do que o que classificamos como positivo. Isto aplica-se às candidaturas, como a do Gomes, a do Assis, ou a do Rio, no sentido em que há um tempo para as coisas, que raramente os próprios conseguem identificar, mas que é evidente para o colectivo.
Foi evidente que o tempo do Gomes no Porto tinha passado e por isso o Rio ganhou.
Não sei se é já hoje o tempo de Francisco Assis ou se isso vai acontecer apenas depois do verão, o que sei é que são evidentes os sinais de que a forma de fazer politica de uma certa geração já passou. Continuar é apenas prolongar a agonia. Porque o tempo passa.
P.S. Evidentemente que não me referia a diferenças ideologicas nem quaisquer outras (e muitas existem) que não fossem diferenças na pratica da governação e num cenário de coerencia com os proprios programas, o que nem sempre acontece.

9 comentários:

Anónimo disse...

Sem querer ser indelicado (ou talvez não) tenho para mim a ideia que o A. Moreira costuma atirar por estes lados (Baixa, Sede, ...) umas bolas bem fora.

Alguém já lhe chamou palhaçadas e eu estou de acordo.

AM disse...

“Fortuna Imperatrix Mundi”
Caro Fortuna
Naturalmente que tenho que pedir desculpa pelas minhas “trapalhadas”
O comentário que coloquei no outro “post” deveria começar então por “Caro Avelino” em vez de “Caro Fortuna”
De qualquer modo, independentemente de o comentário ser dirigido ao Fortuna ou ao Avelino (ou a outro Sedento que fosse) o essencial, a começar pela consideração :-), mantém-se.
Assim como se mantêm a estranheza pela necessidade (?) de classificar de “cobardia” a recusa de participação nos partidos, bem como a preocupação manifestada (pelo Avelino) na demarcação de nomes como d“o palerma do Lello ou o Gomes, mais o Narciso, mais o Gaspar, mais o Gomes Fernandes, mais sei lá quem…..” em contraponto com esta “nova vaga” que acompanha o F. Assis.
Posto isto, acho interessante a forma (delicada) como descreve a sua interpretação das “culturas” predominantes no PS e no PSD da “seriedade da acção” vs “realização da acção”.
Naturalmente que, utilizando ainda assim o seu eufemismo, temos que reconhecer existirem também no PS muitos (demais) que privilegiam a “realização da acção” enquanto que, no PSD, ainda vão sobrevivendo alguns (poucos) adeptos da “seriedade da acção”.
Quanto à minha opção, que diz ser de me ausentar de ser uma escolha, aceito que discorde, mas entendo que as escolhas devem ser entre os Assis (e os Fortunas e Avelinos) em contraponto aos Rios, Jardins, Valentins, Isaltinos e (sim senhor) Avelinos (Hihi).
Os A. Moreiras devem ficar de fora, mas atentos.
Não é necessário estar dentro dum partido para tentar influenciar um equilíbrio (acho que, até dentro do Sede, tal se comprova).
Estou de acordo consigo quando afirma que “são evidentes os sinais de que a forma de fazer politica de uma certa geração já passou”, mas, infelizmente, temo que sejam ainda muito poucos os capazes de ver as evidências e receio que este tempo seja ainda dos que, conforme diz o Avelino, “conseguem mentir enquanto se riem”.
Obrigado por me “dedicar” um “post” :-)
AMNM

AM disse...

Caro anónimo

Obrigado por ter reparado e parabéns pelo seu apurado sentido de observação.
(só não me agrada o seu penteado)

AMNM

Anónimo disse...

Valha-nos o humor...

AM disse...

É Fortuna ...

Mas é giro ver como eles começam a ficar nervosos e a rabiar :-)

AMNM

Anónimo disse...

Caro A.Moreira,

Por vezes gosto de adjectivar as coisas, é como usar os temperos que os nossos antepassados trouxeram das indias, O LEllo depois do que disse sobre a CMP e o intendente, sabendo todos que queria ele ser o candidato, só piode ser tratado assim, porque se tivesse retratado ficava-lhe bem. Na verdade percebo essa proximidade/afastamento dos partidos - é aquilo que costumo chamar a distancia de um braço- suficientemente perto para puxar para um abraço, mas suficientemente longe para dar um empurrão e afastar.
O problema é que os partido continuam cheios de gente que tem pouco a vÊr com a causas e as ideias, e faltam cá muitos dos que se põe de fora. Mas é assim, oxalá os caminhos se recortem e isto melhore.

AM disse...

OK Avelino

Um abraço para si também :-)

AMNM

Anónimo disse...

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