quinta-feira, junho 09, 2005

GANGSTERISMO POLÍTICO


Pedro Baptista

Se é inacreditável que, em pleno 2005, o Porto ainda tenha de levar com um Presidente de Câmara que entende que a única lei respeitável é a da sua realíssima gana, considerando não precisar de autorizações para fazer o que bem entende, mais ainda que persista no desvario, apele para o apoiarem nas atitudes insurrectas para com a lei e chegue a pretender “legalizar” a obra exortando a população a “visitá-la”. Quando ainda há uns poucos dias, arranjava um relatório para arguir sobre a necessidade de continuar a obra por motivos de segurança, para, à Xico Esperto, avançar com a escavação ilegal.

Referimo-nos claro, ao buraco que o Dr. Rio arranjou ao modificar o projecto legal da saída do Túnel de Ceuta e ao implementar um seu, sem se procurar munir das autorizações necessárias, levando ao chumbo do IPPAR, tanto enquanto tutelado pela actual Ministra, como enquanto tutelado pela Ministra do Governo anterior.

Qualquer cidadão sabe que para fazer obras no exterior de sua casa tem de pedir autorizações à Câmara, mas o Dr. Rio faz que não sabe que também ele se tem de submeter às autorizações prévias das instâncias superiores. Talvez gostasse de ser ditadorzinho, executar o “quero, posso e mando”, mas os tempos já não dão para isso. A lei é para todos e ninguém se assusta com ameaças.

Não sabemos o que acontecerá no domingo, com o Dr. Rio a pedir à população para visitar um túnel que ainda há poucos dias não tinha condições de segurança, mas se for como a carta que dirigiu às instituições a pedir para o apoiarem, sabemos o resultado: toda agente a encorrillhar a testa com pena da evolução desviante da mente do Dr. Rio e nem uma resposta favorável.

Mas a evolução delirante do Dr. Rio, acossado pelos indicadores que o põem numa posição tremida a 4 meses das eleições, e quando o seu opositor chegou ao terreno há pouco mais de um mês, não se fica pelo foro mental. Entra no desaforo ético e, mais grave, na delapidação dos fundos públicos para os seus interesses eleitorais.

Foi o caso da colocação de mais uma faixa, à porta do Palácio, no sábado passado, insultando a Ministra da Cultura (que participaria num colóquio na Feira do Livro) e escondendo a verdade de que a única teimosia responsável pela situação é a de Rui Rio não fazer a saída do túnel no lugar autorizado, ou seja no Carregal.. Como a Associação dos Editores e Livreiros exigisse a retirada da faixa, o funcionário responsável pelo Palácio recusou dizendo que a faixa colocada no património municipal, estava autorizada pela Câmara, por intermédio dum seu alto funcionário. Como se não bastasse esta cumplicidade vergonhosa, descobriu-se que tinham sido os Bombeiros Voluntários do Porto, num carro da instituição a colocar a faixa. Assim se percebeu para que servem os BVP, assim como se percebe ao ponto a que o Dr. Rio chega na manipulação das instituições e na sua cobardia de não assumir os actos.

Mais descarado é o “out-door” gigante, afixado frente ao Hotel Infante Sagres, entrada do túnel. É um cartaz clandestino porque anónimo, ocupando espaço público, com meros ataques à oposição socialista e insultos à Ministra da Cultura. No entanto, quando confrontada, a Câmara foi obrigada a assumir a paternidade do cartaz no “site” oficial da propaganda da CMP. Donde temos o erário público, mais uma vez, a pagar (e não será pouco) propaganda partidária a 4 meses das eleições. O que, para lá de mostrar a verdade do carácter ético do Sr. Rio, constituiu um crime de usurpação dos bens públicos para fins partidário eleitorais. Mais um passo de quem tem utilizado todos os meios de propaganda (pagos pelos munícipes) para promoção político-partidária com fins meramente eleitorais, tentando, com mentiras baratas, encobrir o desastre da gestão da CMP.

Tal como a “remake” do Circuito da Boavista de ”há cinquentas” não passa disso mesmo. O ponto que o Dr. Rio pensou como o mais alto da campanha eleitoral. Mas nós, portuenses, poderemos de ter muitos defeito,s mas não somos otários, para não percebermos porque razão foram feitas as obras. Toda a gente vê que as obras na Boavista, Av. do Parque, Rua da Vilarinha, Circunvalação e Viaduto, (estas já transformadas em curros automóveis), não são mais do que obras para a tal corrida da propaganda eleitoral, que o Dr. Rio quer juntar com um encontro dos Amigos de Alex, encontrando-se com outros que, quando eram meninos ricos, tinham carros de corrida para arejarem o cotovelo. Toda a gente percebe que as obras de fundo não passam de pretextos para justificar as obras de fachada para um evento de três dias.

Tenha o Dr. Rio os “hobbies” que quiser dos automóveis de corrida antigos, não consegue escapar a ter de responder pelos muitos milhões de euros que custam estas obras, quando durante 4 anos não fez nada na cidade e se pedem mais sacrifícios aos portugueses. Francisco Assis perguntou-lhe, Rio respondeu “repugnado” com insultos e trabalhando com os seus homens na TV (com sucesso) para a pergunta não passar nos ecrãs. Agora que já insultou, se “repugnou” e manipulou, faça favor de dizer o que anda a fazer ao nosso dinheiro. Porque ninguém engole a dos 6 milhões que a Metro (quando ele era presidente da Metro) iria pagar a à Câmara por uma linha que ele dizia que se iria fazer mas nunca foi aprovada pelo Governo, nem por este nem pelo outro. A não ser que o Metro na Boavista na cabecinha do pobre Dr. Rio se faça à moda do Túnel de Ceuta. Mais um buraco. Numa cidade parada. Que quando mexe, só piora. Abençoado Dr. Rui Rio no dia em que sair da frente.


(Comércio do Porto, 10 de Junho de 2005)

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