quarta-feira, março 02, 2005

Mobilidade

Porque é que a mobilidade é importante em ciência?
O nascermos, crescermos e morrermos no mesmo sítio já não é mais possível, nem desejável.
O sermos capazes de nos movermos, vivermos inseridos noutras culturas é por si só uma forma simples de nos tornarmos mais cultos. A adaptação e a interiorizarão de novos registos torna-nos mais humildes, capazes e tolerantes.
Acima de tudo, ao nos movermos quebramos com “laços” e isso não é sempre mau. Quebramos com uma hierarquia muitas vezes rígida e complicada de quebrar. Aprendemos a lutar pelo nosso espaço pela nossa liberdade de decidir, pela nossa independência de gerir. Ao mesmo tempo, um aumento de mobilidade das pessoas leva as instituições a colaborarem com “gentes” sempre diferentes, o que obriga a adquirir um espírito mais flexível, mais aberto e democrático, onde a exigência é feita pela qualidade e não pela idade.
É muito bom ter a oportunidade de sair. Mas também é bom voltar, e fazer parte de alguns que voltam porque sentem que cá existem também oportunidades igualmente atraentes, instituições igualmente credíveis, onde fazer boa ciência é a única exigência.
Mas já agora, quando forem ou voltarem, levem ou tragam, também a capacidade de aprender e ensinar, mantenham a capacidade de aceitar os outros que pensam de uma forma diferente e que têm objectivos diferentes, continuem uns inadaptados a adaptarem-se ao que é fácil.
Se alguns ou muitos levarem ou trouxerem este espirito de mudança, tenho a certeza que vale a pena apostar na mobilidade como uma das prioridades na política de ciência.

Raquel Seruca

1 comentário:

Anónimo disse...

Concordo em absoluto. Nas nossas universidades e instituições de ensino e investigação, às vezes parece que não há diversidade. Ainda bem que vem ai Bolohha