sábado, maio 07, 2005

Obviamente!

Vasco Pulido Valente aparece esta semana, na Visão, em entrevista, a dizer uma série de baboseiras indignas de registo. O que aliás é natural. Um homem inteligente, assaltado pelo desencanto e que se refugia num certo cepticismo em relação ao mundo e principalmente ao que o rodeia. Como a todos nós, falta-lhe tempo no tempo que falta e o espelho do próprio passado insentiva a mágoa, senão até a tortura.
Mas apesar de tudo solta duas pérolas que não podem passar despercebidas, porque insistentemente defendidas por nós aqui no SEDE e noutros fóruns.
Em primeiro, a necessidade de dar lugar a uma nova geração no poder, que introduza novas formas de estar na politica, mais adequadas aos tempos que correm e, sobretudo, livres de uma série de tendências viciantes, características do pré e pós 25 de Abril. De uma direita que ainda anseia pelos costumes e privilégios de outrora e de uma esquerda cujo maior fito é a vigilância em relação às garras da ditadura e dos seus continuadores, os populistas. Pelo menos é o que se entende da frase "...só talvez depois de a minha geração morrer se consiga melhorar alguma coisa."
Mas lembrou-se também de que é necessário por as pessoas a circular e de que Portugal é um pais pequeno. Coisa que a nossa Raquel Seruca tem defendido até à exaustão e desde há muito tempo. Pois, como é que se pode ser competitivo num mundo global sem se conhecer o mundo. Bolas, até parece que o senhor tem vindo ler o SEDE.
Mas o que se torna verdadeiramente interessante é a tipicidade destes processos. A procura insistente na História de respostas para as questões da actualidade, as penosas tentativas de descredibilizar os menos cultos e processualmente informados. O simples voltar a cara às “pedras no sapato” de raciocínios apresentados limpidamente. Coisas tão próprias de um conservadorismo menos ideológico e mais formatado pelos anos que passam. Como que negando aquela que é talvez a maior virtude da actividade politica, que é o valor da consciência de cada um, independentemente do valor de cada um, e apenas porque é um.
Mas mais, revela a arrogância triste do oráculo das coisas obvias. Só falta explora-lo em tenda astrológica à boa maneira das mayas tão em voga nos nossos meios televisivos. Que aliás lhe entram pela casa dentro, em ecrã gigante mesmo no meio da sala, qual janela para o mundo. Como se o mundo e a vida coubessem num ecrã de televisão.
A vida é maior do que todos nós, só que alguns ainda não sabem.

5 comentários:

Anónimo disse...

Grande Texto!!!
Sem quebramos os laços não se constroi, se não perdermos as amarras não se inova, se não formos capazes de dizer que NÂO COLABORAMOS com projectos fantasmas não nos tornamos acção de projectos válidos. É absolutamente preciso dar voz a quem é LIVRE porque só assim conseguiremos realmente progredir. Livre de ideias, de amarras de vergonhas, e complexos, e de aparentes funções, ou de poses contruidas!!!
Mexam-se! mudem-se!, porque ao fazê-lo percebemos como tudo É TÂO RELATIVO, só resta o que é REALMENTE IMPORTANTE e aí sim vale a pena abraçar com toda a energia!
Acreditar que a estabilidade nos protege é um erro, inquista-nos na mediocridade.

Anónimo disse...

Eu acho que não é preciso criticar osvelhos. Velhos que já deram provas do seu valor.

Anónimo disse...

Quem falou de velhos?
Partilhar e Passar o testemunho é a forma suprema de sabedoria
Alegoria:
Um homem perdeu a sua vaca.
Fez da sua descoberta a sua missão.
Andou andou andou até passar todas as mantanhas, todos os rios e todas as florestas.
Paasou fome, assaltos, servidões, perigos e pestes.
Perdeu roupa, dinheiro, filhos e posição.
Envelheceu, desdentou, cabelos brancos, vista fraca, corpo esvaído.
Muitos anos depois encontrou-a.
Sentou e festejou.
Depois mandou a vaca em liberdade.
A TRAQUILIDADE DE DEIXAR UMA ESCOLA!

Anónimo disse...

Uma escola ou uma vaca? Ou o homem partiu tranquilamente da escola para procurar a vaca. Que confusão

Anónimo disse...

Deixe lá!!!!