quarta-feira, maio 25, 2005

Matosinhos, que mudança?

Matosinhos atravessa actualmente momentos de grande tensão político – partidária.
A longa novela que se vem vivendo no Partido Socialista, desde as ultimas disputas concelhias internas, passando pelo lamentável episódio da lota e até à designação do futuro candidato à câmara municipal, tem deixado e mantido a população num clima de incerteza que vai além do mero desconhecimento relativamente às figuras de proa da autarquia. Na verdade, um projecto autárquico não se resume aos seus protagonistas principais. Um projecto autárquico, como aliás qualquer outro de natureza politica, deverá contar, para além das pessoas que o protagonizam e que sintetizam e representam um conjunto de vontades colectivas, com um programa ao qual se vinculam. Sendo no entanto certo que a existência de uma liderança que saiba interpretar esse conjunto de vontades e as materialize num programa, transmite a consistência necessária ao projecto para que ele se possa tornar ganhador.
Esta incerteza relativa aos protagonistas socialistas em Matosinhos não se limita portanto à dúvida sobre quem poderá vir a ser o futuro presidente da autarquia. Esta incerteza não permite a formatação natural da continuidade de um projecto que se foi revelando ganhador ao longo dos anos e que colocou Matosinhos na primeira linha em tantas áreas da acção politica. Aliás, a qualidade do projecto socialista que foi posto em prática ao longo destes anos nunca esteve em causa, de tal forma que mesmo a nível interno as alternativas não se geraram com base em verdadeiramente novas orientações e sim em torno dos seus protagonistas.
É natural portanto o clima de desorientação que se vai sentindo entre as pessoas, porque se o projecto socialista vai, com certeza, evoluir na continuidade, não é ainda perceptível que equipas e que conjunto de pessoas o poderão protagonizar, sendo verdade que um conjunto de pessoas sem projecto dificilmente serão uma mais valia para qualquer autarquia, mas igualmente, um projecto sem pessoas qualificadas e capazes de o protagonizar de pouco servirá.
No entanto, o grande drama em Matosinhos não está do lado do Partido Socialista. O drama está do lado da oposição que ao longo destes anos tem sido incapaz de gerar uma alternativa politica consistente ao projecto do PS.
À parte o inegável empenho do deputado Honório Novo, do PCP, tudo mais é um deserto desolador, tanto no que diz respeito a projectos alternativos quanto no que diz respeito à intervenção pública propriamente dita.
Se atentarmos no PSD, o maior partido da oposição concelhia, percebemos o óbvio: a total falta de estratégia politica consequente da falta de projecto político e dos respectivos protagonistas.
Esta deriva de hesitações a que vimos assistindo, com a escolha do seu candidato e da restante equipa, não se prende com qualquer esquema táctico de conquista de poder baseado na oportunidade e no momento. Prende-se com a incapacidade de gerar um projecto por parte de todo um conjunto de pessoas que, perante a ambição do poder, se resignam a uma “navegação à vista”, que é como quem diz, a ver se isto nos cai nas mãos.
Mas que confiança pode o eleitorado depositar em mãos que sempre provaram serem capazes de coisa nenhuma? Que alternativa consistente tem o eleitorado ao projecto politico de Partido Socialista? Antecipo a resposta que se adivinha… nenhuma.
Não admira por isso que a comissão politica concelhia do PSD tenha querido impor primárias para escolha do seu candidato, numa tentativa desesperada de conquistar algum espaço político. É que a questão das primárias tem sido debatida no interior do PSD com alguma seriedade, como tentativa de ir ainda mais longe do que aquilo que foi conseguido pelo Partido Socialista com a eleição universal, directa e secreta do seu líder por mais de 70% dos votos dos militantes. Essa sim, uma enorme vitória do Partido Socialista e do sistema partidário pela credibilidade que conferiu a José Sócrates para se apresentar a eleições como o líder dos socialistas, sem as trapalhadas dos votos delegados e das inerências.
Pelo contrário, aqui em Matosinhos, a iniciativa da concelhia laranja é apenas a tentativa de “cavalgar a onda”, através de um expediente que se julga na moda. Esquecendo-se de que se a questão das primárias ainda não deu maiores passos é porque restam muitas incertezas acerca da sua real valia para o nosso sistema partidário, nomeadamente no que diz respeito às perversões eleitorais que permitiriam.
Agora, como antes, ao longo destes anos, não restam aos matosinhenses outras opções credíveis que não seja a do projecto político do Partido Socialista, assim os futuros candidatos o saibam protagonizar.

Daniel Fortuna do Couto
para "O Primeiro de Janeiro"

7 comentários:

Anónimo disse...

Mas será que a conselhia, ou quem manda nas escolhas não veja o que é obvio. Se o problema é arranjar a pessoa certa para dar NOME ao projecto socialista:
Tal como eu uma vez disse: EU VOTAVA EM TI FORTUNA (e juro que não era por uma questão de amizade).
O Fortuna meus senhores, tem garra, saber, juventude, seriedade e uma coisa fundamental
FIBRA!
Quem ainda não percebeu, ou anda cego ou não quer ver. Incomodará?

Anónimo disse...

Vamos lá fazer uma manifestação nas docas pelo amigo Fortuna , mas antes uma pergunta, de politica ele tambem percebe?

Anónimo disse...

Cara Cristina
Que tal participar na reunião com o Assis? quem sabe vai ter a oportunidade de conhece-lo.
Depois ajuizará por si própria.

Anónimo disse...

Lá estarei Raquel ,com prazer e um bloco de notas.
Para assegurar que de facto nos encontramos - eu levo gravata laranja , OK?

AM disse...

Gravata laranja !!!!! :-O

Ainda bem que vou para longe :D

AMNM

Anónimo disse...

ta a ver Moreira , tanto se queixou, olhe agora foi-se a oportunidade, onde vou usar a minha gravata nova agora???.

Voce Moreira ... só faz asne...

Ei Sede será ke o V. candidato perdeu a coragem ou acha que não vale o investimento? se for devido à gravata, eu posso levar outra qualquer...

Anónimo disse...

Leve o que quiser Cristina. Vou propor que nos apresentemos se não formos muitos.
Até lá um abraço Raquel