quarta-feira, outubro 26, 2005

Não é defesa da honra, mas ...

Não é curial responder a acusações de outros sem sequer saber das razões de cada um dos intervenientes, mas tem sido repetido na baixa do Porto, pelo Pedro Aroso, uma acusação sobre o actual Presidente da Junta de Aldoar, pelo simples facto de ele ser Projectista de Arquitectura.
O SEDE é um blogue de socialistas, com membros que são socialistas do Porto, que conhecem as pessoas e cai mal não dizer nada, sobretudo sendo o autor um participante assiduo aqui.
Ora bem, o problema reside no 73/73, famoso decreto-lei que Helena Roseta prometeu alterar, mas que ainda não conseguiu. O Projectista ou desenhador ou como agora lhes chamam "Técnicos de simulação virtual", sempre contribuiram para a história da nossa arquitectura. Aliás grandes arquitectos começaram por ser desenhadores. O que está mal ée que os recém formados estejam a trabalhar de desenhadores nos escritorios dos arquitectos consagrados, e explorados por todos à custa de um RIA (regulamento da OA) ridiculo e mal elaborado. OS jovens obrigam-se a suportar um estágio gratuito num escritório que os receba, quando o mercado está numa das suas piores crises.
Contra isto é facil acusar os desenhadores.
Na verdade, acusar o Vitor Arcos do que quer que seja, está bem, desde que fundamentado, agora pela profissão????? Acho mal acusar seja quem for pelo seu trabalho.
Isso condicionava, por exemplo outras atitudes de outros presidentes, ou candidatos a tal, que são de outros partidos que usam títulos que não tem?
Ou justificava um ridiculo ataque político ao Presidente do sitio onde eu moro porque é engenheiro agronomo e em Paranhos já não há (ou são residuais) os terrenos agricolas?
O Rui Rio usou o argumento contra o Francisco Assis lembrando que ele era filosofo e ficou-lhe mal.
Já agora lembro que o malogrado Fernando Távora costuma afirmar nas suas aulas que, "os maiores arquitectos de sempre não tinham o curso" e interrogava: "e vocês perguntam-me, então o que é que estão aqui a fazer?".
A resposta era sempre diferente, mas residia na sua teoria que reza mais ou menos assim: se uma coisa se justifica então é porque o seu contrário também pode ter sentido! As duas faces da moeda"

11 comentários:

TAF disse...

Caro Avelino, não quero entrar agora nesta discussão, mas aquilo de que o Pedro Aroso se queixa é que um "projectista de arquitectura" supostamente esteja a fazer o trabalho de arquitecto. O ponto não é propriamente qual a profissão da pessoa, mas sim se tem ou não qualificações para as tarefas que supostamente desempenha.

AM disse...

Caro Tiago

Também não gostaria de entrar nesta discussão específica, mas, mais uma vez, acho que o Pedro Aroso está a apontar ao alvo errado, e, se calhar por razões erradas, e acho que o Tiago não está a ver bem a questão.
Do que se queixa o PA é de que alguém, que não tem uma licenciatura igual à do PA, esteja autorizado, por lei (caso contrario o PA apresentaria queixa onde devia), a efectuar trabalhos que o PA entende que apenas deveriam ser efectuados por pessoas com uma licenciatura igual à dele.
Ora, se o referido senhor está autorizado por lei a fazê-lo, não há qualquer razão para o PA o atacar por esse facto.
Se o PA não concorda com o enquadramento jurídico que o permite, então terá que actuar de outra forma, nomeadamente por via da sua associação de classe (AO), mas nunca, atacando que exerce legalmente uma profissão.

Como o Tiago saberá com certeza, aquilo de que se queixa o PA, acontece em muito maior grau na nossa profissão.
Suponho que, como eu, o Tiago será licenciado em engenharia por uma universidade pública (FEUP no caso), ora conhece também a quantidade de “engenheiros” que concorrem no nosso mercado de trabalho habilitados apenas com um bacharelato quando não mesmo com um qualquer curso técnico tirado no exterior, ou menos ainda.
Haverá situações ilegais, sem dúvida, mas, talvez a maioria, estarão de acordo com a legislação e os regulamentos vigentes, por isso, caso não estejamos de acordo com a situação, teremos que tentar alterar a legislação e os regulamentos e não atacar aqueles que, legitimamente, exercem a sua profissão.

No caso dos engenheiros, a ordem (de que orgulhosamente me recuso a ser membro) teve apenas a preocupação de alterar os estatutos, em 1992, de forma a “obrigar” todos os licenciados que queiram exercer a profissão a inscreverem-se como membros da ordem, em flagrante violação da Constituição da República e, naturalmente, do direito de associação (mas isto agora daria lugar a um grande romance).

O mesmo se passa, decerto, em outras profissões (advogados/solicitadores, economistas/contabilistas, etc. etc.) nem sendo necessário, decerto, lembrar o romance dos dentistas.

São ainda as demonstrações evidentes de que, para além de toda a demagogia, continuamos a ser, talvez mais do que nunca, uma simples (e egoísta) democracia corporativa.

Obrigado ao Pedro Aroso por, tão insistentemente, nos lembrar esta verdade.

AMNM

Anónimo disse...

Caro Tiago,

O problema chama-se 73/73 e não é só de desenhadores, é tambem de engenheiros e contrutores diplomados.
O uso indevido da razão a contestar a Lei não pode servir para atacar o trabalho de uma pessoa.
EU SOU CONTRA O 73/73, assinei a petição. Acreditei no pareceer do FReitas. Por mim o Vitor não assinava projectos! Mas tem direito a trabalhar? Ou não?
Agora isso como argumento político ou de discussão sobre a actuação nas Juntas não está correcto.
E se querem que seja sincero, admira-me que na baixa se faça isso e admira-me que o Aroso inssita nesse assunto. Até porque, se calhar o Vitor não merece, pelo menos meerece menos do que muitos outros autarcas do Porto.

TAF disse...

Caro Avelino, quanto ao post em causa aparecer n'A BAixa não vejo em que é que ele viola a política que tenho aplicado sempre. Está escrito em linguagem civilizada, diz respeito ao Porto, está devidamente assinado. É uma opinião, concorde-se ou não com ela. A pessoa em causa (que ocupa um cargo público, não nos esqueçamos) pode defender-se se quiser lá no blog, e sabe perfeitamente quem é o autor da frase.

Abraço!

Pedro Aroso disse...

Avelino

Eu não sei quem é o Vítor, nem me interessa. Aliás, nunca referi o nome dele. Aquilo que me deixou escandalizado, foi o facto da anterior junta ter recorrido aos seus serviços, conforme ele mencionou nos panfletos distribuídos durante a campanha eleitoral e, pior do que isso, intitular-se "Projectista de Arquitectura". Já pensaste qual seria a reacção dos engenheiros se ele se auto proclamasse "Projectista de Engenharia Civil"?

Um abraço
Pedro Aroso

Anónimo disse...

Meu caro,

Confesso que nunca falei com ele sobre a profissão. Fui activo nas eleições da OA. Já discuti estes assuntos n vezes. Creio poder falar com conhecimento, no entanto, no texto ressalta o tom acido, que sem termos todos os dados não devemos usar. De certeza que alguém assinou as obras que referes. se calhar colegas teus.

Pedro Aroso disse...

Duvido... E se fossem colegas meus, então também eram colegas teus. Mas tanto o António Moreira, como tu, sabem muito bem quem é que assina os projectos dos desenhadores: são os antigos agentes técnicos de engenharia, mais tarde promovidos a engenheiros técnicos, como o Daniel, que agora se intitulam engenheiros.

Abraço
Pedro Aroso

Anónimo disse...

coitado do Daniel....
Se o que dizem for mesmo verdade, pena tenho eu de não ter provas, senão contava a história toda.
Mas caro Pedro, vivemos numa cidade onde o JB foi um dos maiores propjectistas, assim como o Gil e podia arranjar-se mais exemplos.
A questão não é essa. Nós arquitectos tb não podemos querer que os desenhadores, agentes, ou contrutores diplomnados, seja lá a pôra que forem, tenham vergonha da profissão.
Para saberes uma vez consultei as actas da AAP referentes ao "verão quente". É giro porque se nota que num mês gajos que assinam como alunos do 3º ano dias depois assinam como membros de pleno direito da associação.
E tb sei de casos de conhecidos arquitectos que vieram com cursos de 2 anos e são membros como tu e eu.
Nós não podemos atirar a primeira pedra...
Agora discutir o fim do direito aos projectistas e outros de desenharem, aí emu amigo - plenamente de acordo.
aliás, da ultima vez perdemos a secção regional por 10%, à custa de amigos teus, como os que tiveram escritório aí em Cristo-Rei e agora fizeram um Kremlin que desiquilibra qq eleição.
Talveez com uma boa mobilização na p+róxima o Séródio se dedique só ao que é muito bom - desenhar edificios.
Aí é que dava para fazer um bom debate - geracional tb.
Porque ao Siza e ao Eduardo falta-lhes, de longe, a dimensão humana do Keil e do Ramos, sobre os outros arquitectos.
Ninguém os houve comentar o crime dos estágios obrigattórios não remunerados - com a Roseta a bastonária empenhada mas é na Alegrisse.

AM disse...

Bora pró blog dos Arquitectos (ou é das corporações?)

AMNM

Pedro Aroso disse...

O JB (João Baptista) não era arquitecto, porque nunca defendeu tese, mas frequentou a escola durante 6 anos.
Já o Eduardo Gil, que trabalhava para ele, recorre com frequência a arquitectos. Dou-te um exemplo: o edifício Oceanus, no cruzamento da Fonte da Moura, foi projectado por um arquitecto da CMP, chamado Henrique Coelho.
Em relação à Ordem, gostava que um dia consultasses as actas das reuniões do Conselho Nacional de Delegados em que eu participei. Mas, como diz o Moreira, e com razão, esse não é assunto para ser tratado aqui. Vamos almoçar um dia destes.

Abraço
Pedro Aroso

AVELINO OLIVEIRA disse...

è uma boa ideia!