"Boçais e boçalinhos
É com razão que muitos comentadores, entre eles todos os actores políticos que analisam resultados, acentuam o carácter especial de que se revestem as eleições para o poder local.
Não o farão, eventualmente, pelas razões que me levariam a concordar.
Os comentadores profissionais porque os empregos dependem de alguma contenção, os dirigentes partidários porque lhes importa mais dourar algumas pílulas que têm de engolir.
Há quem possa dizer que as autárquicas valem por elas mesmas, por serem o paradigma da democracia em exercício.
Eu valorizo-as pelo que revelam.
Porque mostram Portugal sem grandes máscaras, o país tal como ele é.
Hoje, Portugal revelou-se um país tacanho, parolo.
Um país onde a indigência mental é aceitável, onde todos sabem quem é o José Castelo Branco ou o Zezé Camarinha, onde poucos saberão responder à pergunta imbecil de quem era o presidente da República antes do 25 de Abril.
Somos, como hoje conversava com o meu irmão, uma sociedade que valoriza a incoerência e menospreza a inteligência.
É a sociedade dos 15 minutos de fama, dos machos latinos que se sujeitam a ser alindados por um "esquadrão gay" (acho que se chama assim), quando na vida comum talvez sejam os reis da homofobia, até porque tal lhes fica bem enquanto emborcam cerveja e comem caracóis com os amigalhaços."
Continuar a ler na "Fonte das Virtudes"
António Moreira
1 comentário:
Sobre isso, continuei a escrer isto.
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