quinta-feira, abril 28, 2005

Cada cavadela, uma minhoca

Cada cavadela, uma minhoca

Pedro Baptista

O Ministro da Saúde acaba de denunciar mais uma da completa incompetência do Dr. Rui Rio, garantindo que não dará nem mais um tostão para a negociata operada entre o presidente da Câmara do Porto e o ex-Governo PSD, que se cifrou em boicotar a construção do Centro Materno-Infantil junto à Maternidade Júlio Dinis, passá-la para uma ampliação do Hospital de S. João em condições técnicas desfavoráveis, e utilizar o terreno anteriormente previsto, que o Governo de Guterres tinha pago por 3 milhões, para fazer mais um bairro social, conseguindo ainda por cima, que o governo que dizia querer gastar menos dinheiro com a opção S. João, lhe financiasse cerca de metade do projecto, para que o Dr. Rui Rio pudesse granjear umas dezenas de votos.

É uma negociata que configura a pior promiscuidade entre a Câmara e o Governo da mesma cor, à custa da assistência materno-infantil do Norte que, por acção do lóbi comandado por Rio, foi adiada mais uma vez. Ao contrário, sinal positivo para a acção do Ministro da Saúde. O caminho não pode ser fechar os olhos à realidade, nem cometer novos erros para encobrir velhos. O Porto e o Norte merecem um Centro Materno-Infantil com todas as condições que se espera vir a concretizar-se no mais curto espaço de tempo.

No entanto a trapalhada arranjada por Rio quanto ao Centro Materno Infantil (e que vai custar uns milhões à Câmara) é a mesma que arranja em tudo o que se mete, mesmo tendo no Executivo uma confortável maioria, vinda da muleta CDU. No Túnel de Ceuta a questão foi (e é) a mesma. Em lugar de fazer a obra conforme o projecto que já tinha corrido todos os trâmites, o Dr. Rio, para se armar em melhor que os anteriores, e como não tem dimensão para o lugar que ocupa, decidiu tudo alterar, como se fosse dono do mundo e da cidade, sem ter em conta a realidade dum estado de direito e dum país que, embora pareça com o Dr. Rio, não é o faroeste da pá e picareta no lugar dos revólveres, nem das arruaças no lugar das leis. Resultado à vista, por causa de quem não sabe pedir autorizações antes de construir, coisa que qualquer cidadão de bom-senso sabe. Prejuízos para os comerciantes da zona, para todos os transeuntes e utentes, para o Museu Nacional Soares dos Reis encoberto por montões de terra e para a Câmara que perderá mais uns milhões que todos nós pagarão, percebendo-se, no entanto, que o buraco que o Dr. Rio tem vindo a aumentar nas finanças municipais, é uma herança que pretende deixar, não para si, mas para o próximo presidente da Câmara. É altura de todos perceberem, mormente os comerciantes da zona, que a culpa de tudo o que está acontecer, e do que advirá, na saída do túnel de Ceuta, é unicamente da desastrosa gestão do Dr. Rio e da sua personalidade autista, despótica e incompetente

Ao lançar guerras contra o Ministério da Cultura e contra o Ministério da Saúde de um governo legítima e legalmente constituído, o Dr. Rui Rio vai por mau caminho e arrasta o Porto para prejuízos incalculáveis. Ele que, venerador e genuflexo, nunca bateu um pé ao poder central quando era preciso, e nunca foi mais, aliás, do que um ponta de lança de alguns pretensos bem-pensantes da corte lisboeta , para fazer guerra a tudo o que no Porto afirmasse a personalidade da cidade e do Norte.

O total disparate que é o Metro à superfície, na frente do Hospital de S. João, tem também o apoio do Dr. Rio que, em lugar de defender os interesses da população, dos utentes do hospital e dos responsáveis, procurando uma solução enterrada, pôs-se a defender, contra tudo e contra todos, os interesses (?) do Conselho de Administração da Metro em defesa de mais uma das suas decisões irresponsáveis tomadas com base em pseudo-“estudos” ridículos e sem qualquer fundamento sério. Mais uns milhões de prejuízo e uns meses de atraso.

A mesma cena que ocorrerá com as obras no Castelo do Queijo e Boavista: não só a Câmara nunca receberá os tais 6 milhões que Rio combinou com a Metro vir a receber, para estes lhes pagarem o piso das corridas do reumático, (caso contrário estes ficariam em maus lençóis, pois nunca o governo aprovará a disparatada Linha da Boavista), como terão de pagar aos STCP os carris levantados e destruídos pela Câmara no viaduto do Edifício Transparente. Edifício que, aliás, por incúria e incompetência da Câmara, mantém-se como um mamarracho inútil, quando podia estar rendabilizado há muito, sabendo-se que Rio o quer assim, vazio, só para lhe servir de apoio nas corridas da ferrugem que considera a grande obra do mandato e o grande trunfo eleitoral.

Tal como os transtornos em Faria Guimarães, em S. Bento, no Carregal, um pouco por toda a parte, Rio e a Metro abrem buracos, a população que aguente acordada, empoeirada e obrigada a contorná-los. Não há a mínima preocupação em minimizar os transtornos, em escolher as melhores horas, em colocar pontões de travessia. É o despotismo da incompetência numa cidade cada vez mais decadente onde os últimos quatro anos de Rio foi o pior que lhe poderia ter acontecido e numa gestão de vistas curtas, igual a do PSD/PP no Governo, que não fez do que agravar em muito o buraco da dívida municipal.

E com isto tudo, como se não bastassem as “coisas” inacreditáveis que o Vereador Paulo Morais debita, aparece-nos agora uma vereadora Matilde Alves a dizer que a Câmara do Porto é o maior senhorio da Europa, com 50 000 inquilinos… Sendo verdade que tem, percentualmente, inquilinos a mais, a senhora faz alguma ideia do que está a dizer? Do que é ser “maior” ou do que são “50 mil”? Não é pois de estranhar que a política da equipa de Rio para os bairros sociais não passe de cosmética. Hão-de aliás dizer o que farão da tinta dos 35 000 inquilinos que não existem. E das 14 000 em que não fazem nada, nem sequer cosméticas inúteis com fins eleitorais...

6 comentários:

Anónimo disse...

Simplesmente apoiado! Só é pena não ser o Assis a dizer isso bem alto.

Anónimo disse...

Incompetência de quem?

1. Quantos Governos Socialistas estiveram em exercício de funções sem que o Centro Materno-Infantil tivesse visto a luz do dia? Nenhum não foi de certeza.
2. Quantos Presidentes de Câmara Socialistas estiveram em exercício de funções sem que o Tunel de Ceuta tivesse visto a luz do dia? Mais do que um, de certeza.
3. A que propósito a legitimidade democrática do Governo Socialista é maior do que a legitimidade democrática do Presidente da Câmara do Porto? A propósito nenhum, de certeza.
4. Quem eram o Presidente da Câmara do Porto, a presidente da Porto 2001, S.A. e o Ministro do Ambiente que estiveram na origem da construção do «mamarracho inútil» que é o Edifício Transparente? Não seriam todos socialistas e um deles até chegou a primeiro-ministro? Parece que sim.
5. Quem é a Ministra da Cultura que está mais interessada em ser um elemento activo da campanha eleitoral do Dr. Francisco Assis do que em resolver, rapidamente, os problemas da área sob a sua tutela? Parece que já foi comunista, mas agora é socialista.
6. Quem foi o Presidente da Câmara que assinou o negócio mais ruinoso alguma vez efectuado pela CMP? Parece que é alto, agarrado aos lugares, nunca ganhou umas eleições e é socialista.

SEDE disse...

1º O processo da instalação do CMI do Norte começou com o Governo de Guterres e com a Cãmara de Fernando Gomes

2º quem transformou o "transparente" num mamarracho inútil foi Rui Rio, embora eu admita que pudesse, a até não devesse, ter sido feito pela 2001, atendendo á relação obra-preço. Mas depois de deixada pela 2001, não haver capacidade para o rendabilizar por parte de Rio, mostra a sua incapacidade e incompetência totais em matéria de gestão pública e de modernidade.

3º O problema do Túnel de Ceuta não é quem começou. Claro que foi a Câmara socialista que começou, haverá porventura alguma obra no Porto que tenha sido começada pela direita? Seja a do Rio ou a do pobre Fernando Cabral? O problema é que quem aparece para o acabar é rio e como sempre tinha que mostrar a sua irresponsabilidade e incompetência, ao desconhecer existir umas coisas chamadas "lei", "cultura", etc., invenções da esquerda, pois claro.

4.Quanto à Ministra da Cultura, alguém ter sido comunista, como o dr. Barroso, a D. Zita ou o Arq. Ricardo, só é anátema para mentes inquisitoriais que investigadas para lá dos anonimatos são capazes de terem passados bem negros... Senão não se encobriam no anonimato.
Faziam como nós: dizemos que somos o
Pedro Baptista

Anónimo disse...

A ansia de PB em atacar o Rio lá me obriga a ter que o defender (mas recordo que já escrevi aqui que ele não é o homem certo para o lugar).

Repare-se na incongruência:

- no caso do Centro Materno Infantil ataca-se o Rio porque defende uma determinada opção só para "granjear umas dezenas de votos" (esse malandro desse grande eleitoralista!!!)

- no metro em frente ao Hosp. S. Joao o mesmo Rio defende a empresa do Metro contra "os interesses da população" (esse malandro afinal não liga nada aos eleitores!!!).

Como ficamos PB? O homem pensa em votos ou não liga nada às pessoas?

Em relação ao túnel de Ceuta e ao Transparente, aí sim, é de facto tudo culpa do Rio! E também foi ele que fez o parque do Castelo do Queijo que mete água e também foi ele que vendeu o terreno ao lado da CdM. O tipo é mesmo um grande malandro...

AM disse...

No caso do "Túnel de Ceuta" continuo a entender que os comerciantes e moradores tem o direito de, via tribunais, exigir a indemnização pelos imensos danos que tem sofrido (e que continuam a sofrer).
Não compreendo por que razão os “privados” não exercem esse direito.

Já no que respeita ao Museu, entendo que não se trata de um direito mas sim de uma obrigação, por se tratar de bens públicos.
A Ministra da Cultura tem que agir:
Tem que exigir que a CMP reponha as condições mínimas com a máxima urgência (1 semana(?))
Caso a CMP não cumpra, deverá tomar “posse administrativa” da obra, repor essas condições mínimas e exigir o pagamento à CMP.
Deverá ainda exigir da CMP a indemnização pelos danos causados ao Museu, quer no que respeita aos danos já causados ao edifício e ás colecções, quer no que respeita à actividade do Museu enquanto serviço público.
Não compreendo por que razão a Ministra da Cultura não cumpre a sua obrigação.

Quanto ao “Edifício Transparente” penso que a leitura de um pequeno texto, retirado do seu site (http://www.edificiotransparente.com/news.html) será suficientemente elucidativa quanto ao papel do sr. Rio:

“…….Agradecemos também ao Exmo. Senhor Presidente da Câmara do Porto, Dr. Rui Rio, e à Câmara Municipal do Porto, que tanto nos tem ajudado, ……..

………….Agradecemos, assim, ao Dr. Rui Rio o ter acreditado em nós.
Agradecemos aos Srs. vereadores com competência para análise deste projecto, toda a ajuda e estímulo que nos deram para que esta realidade seja hoje possível. ………
…………. Confiamos que o licenciamento ocorra com a celeridade que este projecto reclama em vista de poder constituir mais uma "sala de visitas" da cidade por ocasião do Euro 2004.”

Palavras para quê?
Rir ou Chorar?

AMNM

Anónimo disse...

rir para não chorar!