terça-feira, abril 12, 2005

Túnel de Ceuta



Começa a parecer relativamente consensual, na blogosfera e nos restantes meios de comunicação, que a saída do túnel de Ceuta nunca deveria ter saído do Jardim do Carregal. Mais, começa a parecer igualmente consensual que todo este transtorno causado à cidade mais não foi do que um capricho do ainda Presidente da Câmara Municipal do Porto, Dr. Rui Rio. Com ou sem cedências a Solari Alegro, do HGSA, não restam dúvidas de que se tratou de um capricho.
E não restam dúvidas porque? Porque os argumentos apresentados, que tem tido o condão de desarmar grande parte dos intervenientes, porventura pouco preparados para o embate técnico e até politico, não são argumentos válidos nem aqui nem em nenhum lugar do mundo. Vejamos alguns dos principais.

Inicialmente o problema pôs-se porque o túnel não deveria sair junto à urgência do hospital. Acontece que a saída do túnel nunca esteve prevista junto à urgência do hospital e sim próximo de uma saída da consulta externa. Essa saída é relativamente pouco movimentada, no sentido em que não existem atropelos dos utentes e, para além disso dispõe de espaço suficiente entre o trajecto do túnel e a saída propriamente dita para que fossem tomadas medidas capazes de minimizar o impacto. Aliás, o HGSA é um hospital urbano, como muitos outros por esse mundo fora, e manteve e mantêm, situações muito mais criticas de proximidade entre a via publica e o próprio edifício. Relativamente ao posicionamento da urgência, uma saída do túnel anterior à urgência seria até vantajosa, na medida em que o conceito de hospital urbano que esta implícito no HGSA só beneficiaria de um acesso de ambulâncias mais franco através da cidade. Recorde-se que dos dois grandes hospitais universitários da cidade do Porto, o HGSA serve prioritariamente a cidade e o HSJ serve prioritariamente a região. Dai que o acesso à urgência a partir do lado oriental da cidade devesse ser o mais simples possível.

É credível o argumento das dificuldades inerentes aos desníveis a vencer pelo túnel, tanto em consequência do estacionamento subterrâneo de Carlos Alberto como do cruzamento com o rio subterrâneo, o que já não é credível é que seja o prolongamento do túnel a solução para estes problemas de natureza estritamente técnica. A mesma coisa em relação às pendentes. Porque está bom de ver que o diferencial de pendentes desde o ultimo ponto “completamente enterrado” e o ponto em que já está completamente à superfície não pode ser feito de forma gradual quando se pretende que o espaço “à superfície” seja útil, como é o caso do cruzamento onde circulam veículos. O que quer dizer que o túnel só pode começar verdadeiramente “a subir” na Rua D. Manuel II, sendo todo o espaço que medeia desde o antigo HGSA e o MNSR praticamente inútil, isto é, pouco vencendo das pendentes a vencer. Trata-se apenas de transferir o problema para “um pouco mais à frente”. Gasto desnecessário, túnel desnecessário, portanto. Para além disso, e se a memória visual não me engana, a Rua D. Manuel II, junto ao museu, está a uma cota superior à do Jardim do Carregal.

O argumento dos semáforos é o mais disparatado de todos. Nem é de imaginar que o Dr. Rui Rio não tenha conhecimento dos inúmeros túneis que saem junto a semaforos por essa Europa e por esse mundo fora, mas dando de barato que a memória não o ajudou e que realmente estava preocupado, convêm lembrar que não viria grande mal ao mundo e ao Porto se o túnel saísse próximo de uns semáforos, mas principalmente que existem muitas soluços técnicas para resolver o problema e que, no limite nem precisariam de existir ali semáforos.

Para além do mais, nenhum local nas imediações é mais propicio a receber o impacto ambiental causado por um túnel rodoviário do que o Jardim do Carregal.

Sem querer ser demagogo, até custa a crer que um politico experiente como Rui Rio se deixou cair nesta buraqueira. Porque Rio não tem propriamente o estilo PSL que também se deixou emburacar no túnel do Marques, e depois foi o que se viu.
Não vá por esse caminho Dr. Rui Rio, feche o buraco.

5 comentários:

Anónimo disse...

esta trapalhada do tunel de ceuta só existe pq o nosso edil nessa semana não tinha mais ninguem em quem desancar ou com quem iniciar uma guerrinha ... está zangado com a vida, vive de episodios, só reage pela negativa e a estimulos negativos... ele devia ir á bruxa pq parecer ter bruxedo ... arre burro

AM disse...

Meus comentários n"A Baixa do Porto"

Cumprimentos

A. Moreira

Anónimo disse...

Sim senhor! Vale a pena ler o seu texto retrata bem a demagogia com que o assunto tem sido tratado.
Ultimamente RIo desconsiderou ainda a rquitectura, dizendo que fazia como o IPPAR quisesse! Valha-nos Deus! Significa que eu posso nos meus projectos dizer que faço como as Câmaras quiserem desde que construa naquele sitio o que eu quero?

AM disse...

Será que, enquanto nos entretem, com o romance do túnel, nos vamos esquecendo da Av. da Boavista, da dos Aliados,....., etc. ?

A.Moreira

Anónimo disse...

Ora aí está! Esse vai ser o próximo episódio da série: "factos consumados"