terça-feira, abril 05, 2005

João Paulo II



Confesso que não ia escrever nada em relação à morte de sua Santidade, o Papa. Mas o Avelino, com o seu desastrado e mal pensado artigo, suscitou em mim uma vontade de o comentar, e até mesmo convida-lo a pensar que só escreveu aquilo que escreveu, por ser uma provocação, e quem é que não gosta de uma? O Avelino não deixa passar nenhuma.

O Papa João Paulo II, para mim e com certeza para mais de metade do mundo, mesmo o não católico, foi com certeza a figura deste século. Não por ter viajado muito por muitos países, mas porque teve coragem para se deslocar a paragens que muitos só em sonhos é que achavam possível. Não vai ser só lembrado pelo seu espírito ecuménico, mas sim pela vontade de uma humildade desarmante para com aquele que pensa diferente, que adora um deus diferente, que reconheceu que a pecaminosa igreja de outrora cometeu erros, mas que agora tinha chegado a hora do perdão.

Foi este Ser maravilhoso que disse ao mundo que a santidade podia estar num gesto simples e sincero, que podia estar na deficiência, e nesta uma oportunidade de não desistir perante a adversidade. Foi ele que disse ao mundo, perdoar não é fraqueza mas sim a força necessária para que o mundo seja cada vez melhor.

Foi este Homem vestido de branco, que a historia dirá que os muros que caíram a leste, não foi obra da diplomacia socialista, nem da social-democracia ou outra doutrina politica, foi sem duvida a força e a determinação de alguém que humildemente falou ao coração dos homens.

Foi este sacerdote que disse ao mundo que a contracepção num mundo de idosos esquecidos, era um insulto à responsabilidade, que a eutanásia era um insulto àqueles que pugnam a todo custo por tempos curtos de sobrevivência, que o celibato perante tanto divorcio fácil era a prova maior de amor para quem quis escolher Cristo para sua fidelidade. Nestes temas, quando parecia que os jovens iriam contestar a igreja, o contrario aconteceu, este foi o Papa da juventude.

Tudo isto e muito mais nos leva a pensar que o Homem vestido de branco, que fez com que o luto fosse todo ele universal em sua memoria, até nos seus últimos dias quis passar a derradeira mensagem, o sofrimento. Mesmo o mais doloroso não tem que ser escondido, talvez tenha que ser o símbolo maior da entrega aquilo que defendemos com convicção e empenho para não dizer fé, porque fé, convenhamos, para muitos só surge na aflição e nunca em momentos de alegria e bem-estar.

Com isto termino, a dizer aos avelinos, que ser socialista hoje no século XXI, é estar mais próximo daquilo que o Homem de branco foi, do que o mais socialista diz ter sido ser.

Jaime Resende

15 comentários:

Anónimo disse...

Foi este sacerdote que disse ao mundo que a contracepção num mundo de idosos esquecidos, era um insulto à responsabilidade?!? então e o HIV?

Anónimo disse...

Espera lá, então o sacerdote da igreja com dois mil anos tinha que adaptar os seus postulados doutrinais milenares para se adaptar a um virus que apareceu à vinte anos. então vamos exigir ao proximo papa que recomende um balão de silicone para a cara por causa do ébola? e um spray viscoso por causa da malária? E aspirinas injectáveis para a coagulação do sangue? O melhor é votar já num papa formado em saude publica.
Cada coisa no seu lugar, se faz favor. As orientações de uma confissão religiosa realtivas à contrecepção são uma coisa, os beneficios de um método de contracepção para a saúde publica são outra, e estão em planos muito distintos.

Anónimo disse...

Responderei de forma elucidativa em novo post.

Anónimo disse...

caro Fortuna, os postulados doutrinais milenares não teêm de se adaptar a um virus que apareceu á vinte anos, mas a sociedade também não tem de levar com "principios de sociedade moralmente correta" que não se adaptam aos nossos tempos, um dia destes os jovem além de pedirem um emprestimo para a aquisição de habitação tambem vão ter de pedir um emprestimo para comprar um lugar no ceu.

Anónimo disse...

Caro jmorais, isto até me vai soar estranho, por ser eu, logo eu, a ter aqui que defender o senhor de branco e a sua igreja, mas vá lá, vamos a isso.
A igreja catolica é uma instituição milenar e universal, com uma escala e dimensão quase sem paralelo. Talvez tenha algum paralelo no Partido Comunista Chin^es e pouco mais. Essa igreja funda-se na fé em Deus e em Jesus Cristo com tudo o que sabemos que isso implica, o Espirito Santo, a vida eterna, tal tal e tal tal. Com base na fé, a partir das antigas escrituras e principalmente da vida de cristo a igreja criou a sua doutrina, que, concorde-se ou não, foi objecto de estudo, aperfeiçoamento, depuração, falsificação, o que se quiser, mas fez o seu percurso de avaliação ao longo de dois mil anos. (continua)

Anónimo disse...

Essa doutrina preconiza um modelo de vida para os seres humanos, para o homem, que, apesar de tudo, é razoavelmente consistente e duradouro. Questionavel, direi mesmo que muito questionavel, mas é o deles. Quando digo coerente, digo que é sustentado em muita reflexão e provação, mas digo principalmente que "resolve", à sua maneira, muitas das questões que se põe ao homem (com letra grande). Hoje, que eu saiba, ninguem é obrigado a ser católico. Essa não é uma responsabilidade que se possa atribuir ao senhor de branco recentemente falecido. (continua)

Anónimo disse...

Que teve aliás a louvável atitude de pedir perdão por erros passados.
Mas voltando ao assunto, ninguem está impedido de fundar a sua propria confissão religiosa, eventualmente até cristã, que se reja e preconize outras formas de estar na vida. A igreja catolica e o senhor de branco propõe um modelo e não obrigam ninguem a cumpri-lo. Relativamente à sexualidade, quem efectivamente orientar a sua vida pela doutrina da igreja não creio que tenha muito que se preocupar com o hiv nem com outros tipos de situações. Ora se a igreja orienta os fieis com um modelo que lhes resolve esses problemas e tantos outros, ainda por cima de forma sustentada e coerente, e não obriga ninguem a ser dos fieis, por que diabo é que deve ser a igreja a mudar. Bolas, a igreja não é o estado, é só uma confissão religiosa. Até apetece dizer "quem não gosta come menos".
(continua)

Anónimo disse...

Relativamente aos "principios de sociedade moralmente correcta" que refere, é evidente que aquilo de que temos estado a falar é de uma moral que nos é proposta, como aliás muitas outras de diferentes origens. Moral no sentido de código de conduta. Pois se cada um de nós se sente livre e á vontade para propor a sua propria moral, e isso é coisa de todos os dias e de todas as horas, e de toda a gente, não havia a igreja de o fazer. A igreja que existe há dois mil anos precisamente com esse proposito. Para quem acredita em Jesus Cristo, o que é que ele veio fazer à terra senão propor-nos uma moral para ganharmos o reino dos ceus?
(continua)

Anónimo disse...

E então eu pergunto, meu caro jmorais, como é que é, quer ganhar o reino dos ceus e fazer tudo à sua moda? Pois! Mas é claro que não é isso. O que suponho que se passa é que o meu amigo, se é crente, dúvida é que a igreja esteja a transmitir correctamente a mensagem do senhor que na verdade, e no fundo, no fundo, é apenas a mensagem do amor. Porque se não é crente, estas questões não o afligem, não é?
Ou será que andamos todos a confundir amor com sexo? Ou então (continua)

Anónimo disse...

...ou então é pior ainda, e na verdade o que se passa é que queremos ao mesmo tempo acreditar na vida eterna mas, em vez de cumprirmos a moral de cristo, fazemos umas cedencias à nossa moral privativa.
Mas agora repare, meu amigo, até isso a igreja resove. Ela deixa-nos fazer as cedencias todas, só temos é que nos arrepender e ir lá no fim pedir perdão, e lá ganhamos a vida eterna.
Agora querer que a igreja proponha, ou sequer aceite, os métodos de contracpção anti hiv é querer que a igreja deite fora a mensagem de cristo como ela a entende após dois mil anos de reflexão. Não se esqueça, meu amigo, do "crescei e multiplicai-vos". Não acha que é pedir um pouco demais? (continua)

Anónimo disse...

Não consta que a igreja tenha recomendado o isolamento das pessoas nas epidemias de lepra na idade média para resolver um problema de saude publica. E ainda agora JP II quis mostrar ao mundo o seu sofrimento. Como vê, eles tem sido coerentes. E acredite, que a lepra na altura era muito mais grave do que o hiv é agora.
Poderiamos continuar, mas ambos sabemos que a coisa não se esgota por aqui, não é? Mas por agora já chega.
Um abraço

Anónimo disse...

Fortuna, que fique bem claro que eu respeito a igreja Catolica bem como todas as religiões. Admiro mais o Dalai Lama do que a figura do Papa seja ele quem for, mas a principal questão é que um individuo independentemente de ser católico, não pode ser cego aos problemas que nos rodeiam, a igreja Católica ao longo da sua historia cometeu vários erros, não nos podemos esquecer dos judeus que foram queimados, nem de Galileu, a postura durante a II guerra,… posteriormente a igreja foi obrigada a pedir desculpa. Será que no futuro a igreja não vai pedir desculpa de algumas tomadas de posição que tem neste momento.
Resumindo, devemos sempre por em causa os princípios sejam eles religiosos, políticos ou sociais e reflectir sobre eles, caso contrario corremos o risco de ser apenas um rebanho que segue sempre o líder mesmo quando o líder vai em direcção a um precipício.
Abç

Anónimo disse...

Caro Jmorais,
Não será que,nessas qustões que refere,a igreja, se afastou da sua propria doutrina. talvez ao contrario do que em geral vai acontecendo na actualidade e nas queestões de que se fala na actualidade.
De qualquer forma não quero que fique a ideia que não concordo consigo, nem que assumo habitualmente o papel de defensor da igreja. Não é verdade.
Tambemnão queria deixar esta discussão por aqui, poe isso proponho-me desenvolver o assunto em artigo proximo.
Um abraço

Anónimo disse...

Tambem não quis inibi-lo. já temos aqui nesta conversa assunto para maiores desenvolvimentos. se entender contribuir, mande.
Outro abraço

Anónimo disse...

Fortuna,
vamos a outros assuntos...mas polémicos

Abç