sexta-feira, abril 08, 2005

Vamos lá vêr como isto foi

Por ser elucidativo para a discussão à volta do processo da Casa da Musica vamos aproveitar para postar o texto que o nosso amigo, arquitecto António LAundes, nos ofereceu nos comentários:

“vamos lá ver como isto foi”
1. Concurso para construção da casa da música. Plano definido. Terreno para casa da música, arruamentos, terrenos restantes para leiloar e ceder a uma outra estrutura (conservatório). Até aqui tudo bem.
2. Concurso por convite só a arquitectos estrangeiros, ao género de (clube dos portugueses não entram). OK, vamos pensar pela positiva, foi para na eventualidade de um português ganhar lhe poupar a tristeza de ter que encarar toda esta questão.
3. Ganhou o Rem Koolhaas. Por mim altamente, eu gosto! Ao que parece a solução inicial tinha mais vidro que esta, cuidado que andam por aí umas pombas “cagonas” comandadas por um fazedor de opiniões que borram os edifícios de vidro!
4. Mal começou e já estava atrasada. A nossa casa da música passou ao lado da capital europeia da cultura porto 2001. Foi muita pena pois a nossa amiga Raquel Seruca perdeu 5 anos de Jazz. 5. Ainda não ia a meio e o já experiente nestas andanças Pulido Valente, põe um processo em tribunal contra a Casa da Música. Ainda nada foi resolvido. Alerta: "um dia a casa vem abaixo", não me parece, mas seria uma pena, ao contrário do “mau”, "Bom Sucesso". "Ah ganda Valente".
6. Leilão para aquisição do terreno localizado "nas traseiras, ou ao lado, ou na outra frente" da casa da música. Arrebatado pela Adicais. Tudo normal, ou pelo menos parece!
7. Entrada na CMP do projecto, plano de Jose Manuel Soares (arquitecto e assessor de Nuno Cardoso), para sede do BPN elaborado por Ginestal Machado. Tudo normal.
8. Começa o bailarico. Muda a bandeira, sai Nuno entra Rui, muda plano, muda solução, 1, 2, 3 vezes, com janela, sem janela, tira ao conservatório, dá ao conservatório, a proposta do koolhaas, com multa, sem multa. E a Adicais que não anda cá para ver andar os outros, pensava: "deixa-os pousar".
9. Resultado. Foi deferida uma proposta, no meu ponto de vista, a proposta que a CMP quis. Este filme já vimos.
10. Estourou a bomba. O koolhaas, viu e não gostou, ou não lhe apetecia, ou queria para ele. Então alguém lhe disse: "só há estas são para mim".
11. Então há que aproveitar para dar umas cacetadas (e ele bem merece) no "Tal"! Vieram para a praça "cães e porcos" a dar a sua opinião. E foi então que alguém se lembrou de um programa que estava na moda e quis fazer a versão tripeira da coisa. "já sei vou fazer o big brother aqui na camara." Com Rui Rio a desempenhar o papel, a meu ver até melhor, de Teresa Guilherme. As outras personagens deixo para a vossa imaginação...
12. Nada feito. A coisa arrastou-se. O processo da Adicais andou para a frente. A casa da música, devagar, mas lá ia. Entretanto Rio cada vez mais seco daquela força com que começou, inicia a fase dos disparates. Para mim ela começa quando ele chega a Câmara, mas...!
13. Agora: a Adicais vai construir mesmo, a casa da música vai inaugurar(finalmente), mas ilegal! A CMP tá à rasca porque o desfecho é evidente.Estas são algumas das coisa que se passaram nos últimos anos. Nós passávamos lá. Nós vimos. Alguns não gostam, outros gostam.Meus amigos quem é que teria interesse neste levantar de poeira, agora que a câmara tem que fazer aprovar o novo alvará? Imaginem-se numa Rave-party, (cheia de ilegalidades), agora imaginem durante a inauguração termos a casa da música cheia de representantes dos portugueses todos lindinhos a serem empurrados para fora porque o "espectáculo não pode continuar". Era humilhante!Não deixem que volte a acontecer.

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