quarta-feira, abril 06, 2005

O Homem de Branco

Vou ser muito sucinto e responder ao post do Jaime. Em primeiro devo assinalar que cresci num ambiente familiar educado na fé cristã. Recebi baptismo e os votos católicos da comunhão. Não me perguntaram, ou se o fizeram, quase considerariam inimputável a minha vontade. Mas nada me move ou causa repulsa na Fé, nos rituais e evangelização que proliferam numa sociedade portuguesa eminentemente católica.
Agora ouvir lições de socialismo só porque a cúpula desenhada por Miguel Angelo está 24 horas na televisão e existe uma constante multidão sobre a Praça que o magnifico Bernini traçou, não chega.
Preferia noticias onde a Igreja católica aceitasse o papel da mulher na sociedade, nomeadamente investidas da mesma capacidade de representar Cristo (ou elas não podem vestir de branco?). Gostava que a Igreja largasse a hipócrita critica ao uso de contraceptivos, nomeadamente em países onde a sua influência acaba por resultar num massacre epidémico generalizado. Gostaria que as Igrejas aceitassem como humano o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo. Gostaria que Padres como aqueles que se recusavam a dar baptismos e comunhão por razões que tem a ver com a visão mais retrógrada, fosse condenada. Gostaria de ver uma Igreja que finalmente deixe de veladamente condenar o comunismo ou os comunistas. Gostaria de ver a Igreja preocupar-se com o céu mas também com a terra e condenar a grande maioria dos crimes ambientais. Gostaria de ver discutida de forma aberta o celibato dos Padres (sem falsos pruridos e com consciência das tantas promiscuidades humanas que isso provocam nos seminários, colégios e paróquias espalhados pelo planeta. Gostaria de ver justificada a razão da divorciada Maria José Rita não ter visitado o Vaticano. Gostaria de saber porque não foi beijado o solo de Timor. Gostaria de saber as contas do Banco do Vaticano. Gostaria que a Igreja católica não tivesse uma história de atrocidades espalhada pelos séculos recentes. Gostaria de ver acabada a bula e a dizima. Gostaria que os Padres pagassem impostos. Gostaria de saber as razões das instituições católicas gozarem de tantos privilégios fiscais e afins sem o devido retorno social. Gostaria que respeitassem a minha opinião, assim como respeito as loas ao pontificado do falecido Papa.

2 comentários:

Anónimo disse...

Estou totalmente de acordo que existem dois pontos fulcrais a ter em conta no novo Papado:
1- O papel da mulher na Igreja, e não apenas na familia, assunto que o Santo Padre deu um enorme destaque durante o seu Tempo.
2- O papel da Igreja na implementação da Justiça Social nos continentes e países esquecidos.
É verdade que estes dois pontos foram retardados, mas no Seu Tempo o Papa João Paulo II abriu as portas para começar por aí.
RS

Anónimo disse...

ó meu amigo Avelino, isso não seria uma igreja e sim um partido politico. Da mesma forma que a doutrina da igreja tem os seus dogmas, a organização da mesma tem os seus mistérios.
O PC, que nem sequer é uma igreja, embora pareça, sente que tem direito a fazer as suas votações internas de braço no ar, e muito bem. E quem somos nós para dizer que não. Eles é que sabem. Desde que não me obriguem a ser militante.