quinta-feira, abril 28, 2005

O “Novas Fronteiras” autárquico

Temos que reconhecer que o Novas Fronteiras nacional resultou para José Sócrates. Não resultou tanto como os Estados Gerais de Guterres, mas resultou. Ás vezes é melhor assim, pois os Estados Gerias acabaram interrompidos após a chegada do PS ao governo e o “Novas Fronteiras” tem condições para continuar.
Agora chegou o tempo de aplicar a receita às autárquicas. Acho sinceramente difícil e questionável esta receita.
Primeiro porque parece que há Novas Fronteiras nacionais e depois na segunda divisão, as locais.
Segundo, porque os Novas Fronteiras nacionais deviam ter servido como base para as autárquicas.
Terceiro, porque julgo que será mais gente a pôr-se em bicos de pés.
Quarto porque já é tempo dos independentes darem a cara nas situações difíceis, ou seja, em vez de estarem disponíveis para uns colóquios avulsos demonstrarem disponibilidade para integrar órgãos autárquicos – tipo assembleias municipais e de Freguesia, e nalguns casos vereações, nem que sejam de oposição – senão correm o risco de serem classificados de sanguessugas maiores do que aquelas que já temos nos partidos.
Depois a mim incomoda-me ver nas celebrações das vitórias aqueles que nunca estão nos momentos das derrotas (e não creio que fossem menos independentes por isso, ou que as suas convicções ideológicas se alterassem profundamente), o que significa que na maioria dos casos, esta participação será mais uma atitude de índole profissional do que cívica.
Quero aqui dizer também que aprecio muito os independentes e acho-os necessários à integração do partido na sociedade, resistindo aos tiques de corporativismo monocolor que ás vezes surge (ou mais do que às vezes), mas isto tem que ser regrado. Por exemplo, já seria bom tempo de formalizar uma ideia antiga que consiste em promover a noção de simpatizante dos partidos – um meio caminho entre a militância e a independência dependente – com ou sem cartão, que seria um processo mais claro de colocar as coisas.
Quanto ao Novas Fronteiras autárquico, tenho a impressão que irá ser mais do mesmo, ou seja, as personagens que já vi em campanhas do Gomes, actualizadas com um ou outro novo personagem. Já é tempo de dar a volta a isto. Essencialmente porque o escalão da maioria dos convidados é geracionalmente elevado (ou seja são sempre os mesmo velhotes) e não representam a o pensamento do Porto. Merece reflexão, porque todos dizem o mesmo em voz baixa, mas na hora da verdade faz-se sempre a mesma tralha.
Curioso, e dando razão a isto, é que o maior problema actual dos partidos é que também a média de idades dos seus militantes é elevadíssima, no entanto, ninguém parece preocupado com isso. Nomeadamente nestas alturas. Por isso, ou mesmo que não seja por isso, faço aqui no blogue a sugestão de me enviarem os contactos a todos os que queiram participar no Novas Fronteiras que eu comprometo-me a entrega-los ao Assis, e, já agora, aproveitem para aceitar este convite (nem que seja só para ver como param as modas) e façam o favor de comparecer amanhã na Alfândega no inicio do Novas Fronteira aqui no Porto, às 21.00h, com O jorge Coelho, que como sabem é o coordenador das autárquicas.

4 comentários:

AM disse...

Se a minha vida familiar o permitir, lá estarei.
Como curioso, mas também como interessado.
Naturalmente que servirá apenas para confirmar o que verifiquei quando, em finais de 2003, fui à sede da federação distrital, assistir a uma iniciativa (os novos caminhos da esquerda (?)), aberta à população, na qual, para além de Carrilho estava anunciada a intervenção de Daniel Cohn-Bendit, (que, afinal não se concretizou).
Ouvi, com interesse as intervenções, bem estruturadas de Assis e de Carrilho, mas, seguidamente tive que ouvir diversas intervenções de outros militantes do PS.
Esses outros, que, claramente, se esqueceram que estavam num evento aberto à população e à comunicação social, passaram, em minha opinião, uma imagem degradante do partido.
Desde os “velhos” militantes que lamuriavam os “desvios” da direcção e, fundamentalmente, o não acesso aos privilégios daqueles que tanto de si tinham dado ao partido, aos “jovens” promissores que em longas dissertações ocas de lugares comuns tentavam ser vistos e, assim, justificar as suas aspirações a um qualquer lugarzito numa junta ou mesmo, quiçá um dia, uma secretaria de estado, (suprema ambição de qualquer J).
No final dirigi-me a F. Assis, esclareci que não era (nem fazia ideias de ser) sequer votante do PS, referi-lhe a dificuldade de ter conseguido acesso a informação quanto a este evento, dado o PS Porto não ter sequer um site na Internet e, a informação obtida, por telefone, da sede nacional ser “miserável”.
Referi-lhe o meu desagrado com o grau confrangedor das intervenções, ao nível de uma qualquer associação recreativa dos amigos do garrafão e, naturalmente, perguntei-lhe se era sempre assim ou tinha sido um “mau dia”.
Foi me afirmado que a comunicação da federação iria ser devidamente estruturada mas que, quanto ao nível das participações nada havia a fazer por ser essa a matéria disponível…..
Quanto a comunicação nada foi feito, quanto ao resto imagino.
Eu sei que, no geral, o nível dos tais “independentes” que aparecem a uns colóquios é muito semelhante ao das tais bases que acima referi, e que, por isso, não será de esperar grande coisa destas “novas fronteiras” autárquicas.
Se calhar é tempo de, em vez de tentar atrair “independentes” para a sua área de influência e, nalguns casos, tentar aproveitar o, eventual, prestígio local de um ou outro, o Partido Socialista, fazer algum esforço sério para ouvir e procurar soluções que permitam, realmente, debater os reais problemas da sociedade (local e não só) com todos aquelas que queiram e possam contribuir de uma forma séria.
Já, noutra sede, avancei com a sugestão de um “fórum” aberto e devidamente estruturado, com esse objectivo.
Com uma base na Internet onde fossem livremente discutidos todos os problemas por todos os interessados (independentes e/ou militantes dos partidos).
Com debates ou colóquios regulares onde as questões mais relevantes (depois de amplamente debatidas na net) seriam então debatidas pessoalmente pelos intervenientes.
As questões que se colocam à sociedade (e, fundamentalmente, neste particular, à cidade) cada vez menos são passíveis de análises ideológicas, e, muito menos, partidárias.
Cada situação concreta deverá ser analisada com base nas suas vertentes de mobilidade, trânsito, ambiental, patrimonial, financeira, arquitectónica, etc., e nunca avaliada quanto à forma pela qual as decisões quanto à sua implementação, custeio, "paternidade", "timings", etc. irá afectar, positiva ou negativamente, os interesses das diversas formações partidárias, estejam elas no poder ou na oposição.
Entendo que o debate e a procura de caminhos em conjunto com a sociedade deve ser uma maneira de estar na política SEMPRE e não apenas algo que aparece quando se aproximam eleições.

Um abraço
AMNM

Anónimo disse...

Como investigadora, aprendi que a Ciência deixou há muito tempo de ser apenas um trabalho individual feito dentro das 4 paredes de um laboratório por um(a) cientista. Não há hoje em dia investigação e progresso científico sem uma colaboração constante com outros grupos, outras gentes a trabalhar na mesma área ou em outras áreas diferentes e mesmo distantes, mas todos com interesses afins, ainda que com métodos diferentes.
E é a ouvir os nossos pares, ainda que de especialidades diferentes, que se melhora sempre o nosso trabalho, permitindo-nos olhar para as coisas de forma diferente, considerar perspectivas que antes não nos tinham ocorrido, planear melhor o trabalho, definir a melhor estratégia para tentar encontrar soluções para o que estamos a investigar.
Com o movimento NOVAS FRONTEIRAS o PS agiu e age como se de um cientista se tratasse. Em vez de se fechar sobre ele próprio, o PS demonstrou a vontade e a capacidade de ouvir a sociedade civil, numa procura de soluções para os problemas do País, isto é, para determinar o rumo a seguir para um Portugal melhor, mais justo e moderno. E deste trabalho conjunto levado a cabo num curtíssimo período de tempo, resultaram não só ideias mas compromissos assumidos agora pelo PS no seu programa de governo. Este trabalho de equipa de políticos e não-políticos resultou num programa audacioso, arriscado e com visão de futuro.
Sem esta atitude de determinação, optimismo, e esforço partilhado não é (nem nunca será) possível melhorar. Ninguém é dispensável quando há verdadeira colaboração. É assim que entendo a minha participação como independente no projecto do PS. O PS acreditou na vontade que todos temos de contribuir.
Agora nas autárquicas é necessário impor de novo o entusiasmo contagiante que vivemos nas legislativas. Para isso temos que contribuir de uma forma mais organizada nos colóquios locais e fazer uma verdadeira discussão a volta do projecto PS agora Local, e melhorar também na forma como discutimos, quem sabe introduzir algum rigor científico nessa discussão: Fazer uma curtíssima introdução ao problema, fazer uma pergunta objectiva e simples, relatar os resultados ou ausência deles e acabar com conclusões. E para finalizar enumerar perspectivas futuras, que tal? Sinto muitas vezes que não se passa nas “discussões” do ponto introdução.
Como independente militante (termo “roubado” ao Ministro Mariano Gago) ou como simpatizante do projecto do PS, eu vou lá estar na sexta.

Anónimo disse...

Meus caros,
dois bons exemplos de simpatizantes ideológicos do PS, muito mais do que independentes - vocês são civicamente activos.
ao António importa dizer que comungo das suas criticas à comunicção inexistente no PS, mas faço-o com a legitimidade de quem sempre o fez nos órgãos internos - às vezes até sofrendo chacota. Este blog tenta ocupar um bocadinho desse vazio.

Anónimo disse...

Meus caros,
dois bons exemplos de simpatizantes ideológicos do PS, muito mais do que independentes - vocês são civicamente activos.
ao António importa dizer que comungo das suas criticas à comunicção inexistente no PS, mas faço-o com a legitimidade de quem sempre o fez nos órgãos internos - às vezes até sofrendo chacota. Este blog tenta ocupar um bocadinho desse vazio.