sexta-feira, abril 22, 2005

Fora da Baixa

Sem desprimor para a importância da baixa do Porto, julgo que se tem passado a um segundo plano as urbanizações periféricas do Porto. Nomeadamente os bairros socias!
E as questões que ali se colocam são sempre as mesmas e muito, muito dificeis: Demolir ou renovar? A população não quer mudar, mas quer tudo novo. O dinheiro vale o mesmo e gasta-se mais a recuperar do que a fazer de novo.
Na maior parte dos casos dá a ideia de que todas as intervenções recentemente feitas são um sorvedouro de dinheiro porque os problemas são estruturais. As áreas são exiguas, as infraestruturas estão deterioradas, os edifícios tem estruturas em mau estado e as patologias são impossiveis de corrigir. Não existem isolamentos térmicos e os acabamentos são como finas folhas de papel sobre paredes de tijolo que humedece no inverno e aquece brutalmente no verão. As caixilharias não funcionam ou quando o fazem é porque os inquilinos as actiualizaram com os seus aluminios feios mas seguros. As infiltrações vem de todo o lado - não há impermeabilizações e para as haver há que escavacar tudo.
Bom é infindavel a enumeração de questões técnicas, mas não só, a densidade e organização espacial, onde os espaços publicos não tem controlo dos utentes, acaba por reflectir-se nos parcos equipamentos que se deterioram rapidamente.
Considerando que o municipio do Porto é o maior senhorio do país, poder-se-ia dizer que o melhor seria alienar algum deste património. Ora bem, tirando o bairro de francos todas as tentativas não tem sucesso e não é preciso visita-los a todos para saber que mais de 2/3 dos seus habitantes nem de borla querem ficar com a propriedade! Nem de borla, nem dado. Porquê? Perdiam a oportunidade de reclamar? Não, porque sabem que são estruturas desajustadas e de difícil redirecionamento.
Então sabemos que as visitas políticas que promentem soluções e acentam as queixas, anotam os berros e dizem que é preciso dinheiro do estado, estão simplesmente no cume da demagogia.
O que é preciso é ser sério e corajoso, cuidadoso nos métodos e perpicaz na busca de soluções, pois nos bairros sociais, no futuro próximo poder-se-ia desenhar uma cidade dentro da nossa cidade.
Por isso defendo uma SRB - sociedade de reabilitação dos Bairros e um Plano director Social (não preciso de lhe chamar "masterbairros") que desenvolve-se um estudo muito importante envolvendo obviamente o investimento público e , mais importante, o investimento privado.


8 comentários:

Pedro disse...

Duas perguntas:
1. há uma ideia de custo por habitação para a Câmara? Tendo em conta a construção de edifícios, manutenção, etc?
2. E esse custo será superior ou inferior ao custo do arrendamento de um apartamento no mercado (assumindo que existe mercado de arrendamento... ou seja, talvez depois de haver uma nova lei do arrendamento, já que o PS bloqueou a que o Governo anterior tinha preparado)?

Anónimo disse...

Ò Avelino,

Aceita este reparo como uma crítica de alguém que é de direita mas que tem (alguma) gente de esquerda em consideração.

As ideias - boas ou más - tu até as vais tendo. Agora, não era pior que tivesses um bocadinho de cuidado com o Português.

Anónimo disse...

Obrigado pelo reparo, embora eu possa fazer o mesmo reparo sobre o comentário do indignado.
Mas admito que esta dinâmica bloguista tende ao descuido - farei questão de cuidar da lingua, pelo menos escrita, isto porque acho que nas coisas menores até devemos fazer a vontade à direita. Desde que ela aprenda com a esquerda, ou seja desde que continue a lêr-nos.
ab

Anónimo disse...

Caro Avelino,

Ainda que a prioridade seja de quem vem da direita, temos sempre de estar atentos a quem se aproxima pela esquerda...sobretudo se é um Portista dos quatro costados.

Anónimo disse...

Bem a sua ideia é optima e exequivel, não percebo é porque só agora começou a ler a baixa do Porto...
Pois, trata-se de responsabilizar as pessoas pelo uso dos espaços, associações de moradores com apoios, venda de habitação de blocos melhorados, etc... existem muitos bairros para alem dos concentradores (controladores de marginais), esses estão em ruinas ... os outros simplesmente estão fora de control.
O que é que os socialistas prevem fazer, se ganharem as eleições?
Espero ke pelo menos tenham coragem de acabar o que Rui Rio começou, e dispersem mais alguns residentes aí pela Sé, Cordoaria...

Anónimo disse...

Quem disse que comecei agora a lêr a baixa do Porto?
E mais este post não é uma critica a nenhum blogue. É taão simplesmente a constatação que se discute pouco aprofundadamente a situação dos bairros

Anónimo disse...

Relativamenteao Pedro percebo nas suas perguntas a tendência liberal que geralmente ataca as discussões com as imutáveis leis de mercado. A minha resposta é NÂO SEI! Primeiro porque é verdade, segundo porque até achoqueninguém fez essas contas, o que para o caso é irrelevante pois não me parece que levem a nenhum caminho.
Quanto ao indignado portista dos sete costados - venha mais! Ao menos corrige aí uns 20% dos defeitos provocados pelo facto de ser de direita.

Pedro disse...

Avelino,
podem levar à conclusão que a Câmara está a gastar mais sendo dono de bairros sociais (que são a principal causa de exclusão social) quando poderia estar a financiar (como se faz para o arrendamento jovem) o arrendamento de familias carenciadas.
Até permitiria revitalizar a. Baixa Portuense com uma medida destas..