sexta-feira, abril 01, 2005

Dar a volta a isto de Pedro Baptista

O PS apronta o combate das "autárquicas" indicando a nível nacional os candidatos à presidência das Câmaras com mais peso simbólico, a do Porto e a de Lisboa. Se José Sócrates foi o rosto da vitória de Fevereiro, o PS apresenta Francisco Assis e Manuel Maria Carrilho como os rostos da vitória que pretende em Outubro. Parte das razões para votar PS em Outubro no Porto e em Lisboa são semelhantes às que levaram o eleitorado a dar a vitória rosa em Fevereiro. Em Lisboa, até se dá o caso do mesmo primeiro-ministro, nº 1 do PSD, que liderou o governo do descalabro, ser o presidente da Câmara que deixou Lisboa num buraco maior do que o do túnel do Marquês e do Terreiro do Paço juntos! E no Porto, o líder camarário, nº 2 do PSD, esteve sempre unha com carne tanto com o governo de Barroso que levou a economia ao estado actual, como com o de Santana Lopes, que foi o que vimos. Mas há razões locais para mudar e já. O Porto que teve um ascenso de importância política até 2001, com a Câmara a dinamizar a economia conseguindo chamar o investimento público, contrabalançando a tendência centralizadora que desviou numerosas sedes de empresa para a capital, voltou com Rui Rio ao marasmo e se alguma coisa mexe em matéria de obras públicas foram os projectos obtidos durante a dúzia de anos socialistas e deixados no terreno, como o Metro, a Casa da Música e de todas as alterações viárias. Se exceptuarmos a destruição das tílias e o asfaltamento do troço entre o Castelo do Queijo e António Aroso destinado às corridas dos amigos do Sr. Presidente, não há uma obra lançada pelo actual executivo camarário! No que mexeram, fizeram-no mal e tarde, como é o caso do túnel de Ceuta que estaria pronto sem imbróglio se concretizassem o projecto inicial. No que era preciso mexer, como no absurdo do Metro à superfície no S.João, o Sr. Presidente do Metro, Rui Rio, não existe. Se não está lá a fazer nada, por que se mantém a receber os milhares de euros do bolso de todos nós? Sim, sabemos que em Lisboa muita gente considera o Dr. Rui Rio um bom presidente de Câmara do Porto. Mas essa não é uma boa razão Nem há só razões negativas para ser necessário o eleitorado dar a volta à situação do Porto. A principal é pela positiva. O Porto bateu no fundo, tem de dar a volta por cima. Tem que reganhar a confiança e começar a trabalhar. Francisco Assis é suficientemente jovem para ser dinâmico e idoso para ser sábio. Sabendo que a maior sabedoria está em ser capaz de mobilizar a massa cinzenta, viva e pensante, para governar com eles e entrar numa vida nova. Ademais optou pelo Porto. Deputado europeu, presidente do PS/Porto, ex-líder parlamentar, ex-presidente de Câmara de Amarante, ao contrário da maioria, preferiu lutar por ser presidente no Porto do que ser ministro em Lisboa. Eis uma virtude que o Porto apreciará. E se for presidente da Câmara do Porto, as únicas promoções possíveis são para Primeiro-ministro ou para Presidente da República. Ou para presidente de Câmara do Porto. A vida nova que se espera que o Porto inicie com Assis tem de estar ligada a projectos empresariais capazes de relançarem a economia portuense e apostar na inovação e na excelência que permitam à cidade vencer os desafios do presente. O Porto tem de estar na primeira linha dos planos nacionais de incrementação tecnológica e de estudar de imediato as apostas concretas na matéria. A Câmara tem de saber juntar e apoiar as pessoas neste desiderato. Pois ao contrário de Lisboa, em que a Câmara imerge na panóplia institucional do Estado, no Porto, a Câmara emerge como o verdadeiro governo da cidade, simbólica e politicamente, com efeitos evidentes em toda a região, não podendo deixar de ter em conta que vive com uma das mais poderosas universidades do país que tem também muito para dar à economia da cidade, da região e do país. Tem aliás de incrementar uma vida democrática que honre a cidade e as suas tradições liberais, em que os projectos sejam postos à vista dos cidadãos para serem discutidos, melhorados, não feitos nas suas costas como se os cidadãos fossem os inimigos a ludibriar. Como tem de retomar a vida cultural, agora no contexto da existência da Casa da Música, continuando a formação de públicos mas incidindo no apoio à produção artística dos seus agentes, secundarizados tradicionalmente pelo poder central, ajudando-os a produzir e a colocar os seus produtos no interior e sobretudo no exterior. Mas os socialistas no governo do Porto não podem deixar de dar uma atenção especial à questão social que em grande parte se prende com os bairros sociais, mas atravessa todos os sectores, desde o empresarial do emprego e da riqueza, até ao educativo e cultural, passando pela saúde e luta contra a toxicodependência. Assis e a sua equipa vão ter muito que fazer. Não teria sentido que apresentassem ideias concretas antes de serem eles apresentados ao país e à cidade. Mas o segredo da sabedoria política democrática está em saber juntar as pessoas, ouvi-las e perceber que um presidente de Câmara em vez de um autocrata deve ser um intérprete dos anseios e das melhores virtudes de uma cidade. Pegando e trabalhando com o melhor da criatividade e acção de todos, deixando para trás o derrotismo e a passividade. É assim que fazem os grandes intérpretes.

12 comentários:

Anónimo disse...

Já vi a malta do PS dizer de tudo do Assis, do melhor e do pior. O povo não está com certezas, mas pior do que o RIO não deve ser.

Anónimo disse...

Espero que o Assi não seja como o outro do Cardoso que se metia debaixo dos esquemas de Orlandos Gaspar e outros que tais.
Desejo melhor sorte ao Porto

Anónimo disse...

Já disse e repito, Assis distingue-se claramente dos restantes lideres partidários distritais pela positiva. E tenho ouvido muito boa gente, de outras forças partidárias dizer o mesmo. Se isso quer dizer que vai ser ou não um bom presidente de câmara, só o tempo o vai mostrar. No entanto,merece o beneficio da duvida e, comparando com Rui Rio, só pode melhorar. Veja-se hoje a palhaçada da rua da vilarinha. São umas atrás das outras.

Anónimo disse...

Permito-me discordar do optimismo do Pedro Baptista. Na minha modesta opinião de militante socialista o Partido Socialista do Porto está disposto a perder a disputa da Câmara.
Por ocasião da sua candidatura para Presidente da Federação Distrital do PS do Porto, tive a oportunidade de lhe colocar a questão acerca da forma como iria abrir o PS à comunidade, rompendo com o caciquismo que o aprisionava na figura de Narciso Miranda, Orlando Gaspar e outros. Deu-me uma resposta "filosófica", recheada de boas intenções. Face ao panorama de então - o adversário era Narciso Miranda - teve o meu voto.
Os acontecimentos que se seguiram não consolidaram a frágil opinião que tinha sobre este líder do PS.
A sua ambição legítima, mas desmesurada, irá proporcionar ao PS uma imerecida derrota, apesar da péssima gestão de Rui Rio. O Porto exige uma personalidade que ame esta cidade e os seus habitantes. Que ambicione voltar a dar ao Porto a referência cosmopolita, de cidade liberal e progressista. Que combata a visão retrógrada, caritativa e pobrezinha que está personificada em Rui Rio.
Os portuenses não aceitam ser tratados como trampolim.
O Porto tem alma, personalidade, carácter!

Anónimo disse...

Quem seria então a sua opção meu caro Vieira Alves? Partir com a convicção que é preciso cescer eleitoralmente é melho do que simplesmente partir com uma base de discurso populista ou demagógico.

Anónimo disse...

A minha proposta está aqui, apesar de ser tardia a escolha.
É pena o PS Porto manter o "círculo" do costume a, "emafroditamente", gerar as soluções. De pouco vale tentar, agora, dar uma imagem de abertura com pseudo "novas Fronteiras" quando o que falta aos líderes do PS Porto são NOVOS HORIZONTES !!!
A prometida "renovação" do Francisco Assis aconteceu: ele tornou-se igual aos que criticava.
Mas, enfim, como dizia alguém: É a vida!

Anónimo disse...

Na verdade acho que o Assis como candidato representa a unica chance de um PS com esperança de renovação e que percebe bem o que a sociedade diz dos partidos.
Acho graça a essa ideia de os independentes serem aqueles que devem ser recebidos de Portas abertas.
Os 3 exemplos dados sempre foram personalidades que os queria vêr a fazer política dentro dos partidos e não a exercer a sua influência na zona cinzenta do Partido. Deles talvez exclua o Prof Braga de Cruz por ser quem mais de próximo sabe delas.

Anónimo disse...

Meu caro camarada Avelino, a ser assim, onde esteve o Assis durante estes três anos? Qual foi a abertura que promoveu do PS à sociedade? É ou não verdade que, por receio ou incapacidade, não foi capaz de romper com a teia de caciquismo que abunda, antes dela se serviu quando foi necessário promover os seus candidatos. Onde está a renovaçãorenovação para além do inner circle que o acompanha desde que foi eleito presidente da FDP?
Sabe, eu confiei em Assis apesar do conselho daqueles que o conheciam em Amarante e não o recomendaram. Infelizmente começo a dar-lhes razão.

Anónimo disse...

Ninguem me pediu a opinião neste dialogo a dois, mas não me vou abster de a dar. O Francisco Assis pode ter muitos defeitos, mas o de não promover a renovação e a abertura não é um deles. Se considerarmos, por exemplo,a lista de deputados do PS porto; numa primeira leitura temos a impressão de que não ouve renovação, mas olhe-se agora para os deputados em exercico e compare-se com a legislatura anterior. Acho que fica tudo dito. (continua)

Anónimo disse...

Por outro lado, eu posso compreender aqueles que estando no partido se sintam de certa forma injustiçados, agora não posso compreender que se acuse o Assis de não promover a integração de independentes nos projectos politicos. Pelo contrário, sem querer ser malinterpretado eu diria at´ que há excesso de independentes.

Anónimo disse...

Para culminar este debate, deixo então uma opinião em jeito de expectativa: Espero que o Assis seja melhor presidente de Câmara do que foi Presidente de Federação.

Anónimo disse...

O ASSIS não é uma má opção.
Quem trabalha para dentro, enquanto presidente tem que começar a pôr ordem na casa. E só depois de estar a casa "arrumada" é que se pode convidar novas caras a integrar um projecto ou mesmo a desenhar em conjunto um projecto. Só assim se consegue atrair gente nova. Esta é uma visão de quem está de fora. Mas que o Assis gera opiniões positivas (têm coragem, foi a Felgueiras e enfrentou a "corja dos coleguinhas") e negativas (não se lhe conhecem ideias). Mas a coragem ninguem lha tira- é dele, as ideias tem tempo de estudar, discutir e ser bem influenciado (se for capaz de atrair gente BOA) e partilhar um projecto com pessoas que GOSTAM do Porto. Cuidado Assis gente BOA não é necessáriamente gente conhecida. Sei que esses dão votos mas às vezes dão mais chatices que não justifica atura-los. Cuidado com as vaidades!!!